Keith and The Two Myers

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Abri os olhos com os barulhos de mensagem no meu celular, me xingando profundamente por ter esquecido de desativar as notificações na noite anterior, mas antes que pudesse começar a xingar meu pai mentalmente por me mandar mensagens àquela hora, procurei o aparelho por entre as cobertas rapidamente, o achando embaixo de meu travesseiro. Já estava começando a me acostumar a receber mensagens de Mike durante aquela hora da manhã, já que ele gostava de mandar mensagens antes de sair para caminhar, para não ser interrompido durante seu treino, e não exatamente me surpreendeu quando vi que realmente era ele quem falava comigo, e não meu pai.

Em sua mensagem ele disse bom dia e se desculpou por mandar mensagens tão cedo, visto que já havia reclamado um dia para ele quando estava tendo um sonho bom e suas notificações me acordaram. Ri levemente em meio a um bocejo, na verdade nem estava tão bravo assim de ter sido acordado daquele jeito. Em sua próxima mensagem ele me convidou para ir à sua casa no dia seguinte, pois era um dos únicos dias na semana que ele não faria nada no final da tarde, e que queria me ver. Me sentei bruscamente na cama, de repente nervoso demais, sem entender o porquê, e me apressando para responder que gostaria de ir sim, logo recebendo uma mensagem surpresa dele, já que eu quase nunca respondia suas mensagens assim tão de imediato. Me senti então subitamente muito constrangido, largando meu celular de qualquer jeito no meio das cobertas e indo em direção ao banheiro, entrando embaixo do chuveiro com a água um pouco mais fria do que estava acostumado. Repetia em minha cabeça que era apenas para poder me acordar logo, e não para afastar qualquer pensamento estranho que se passava em minha cabeça.

Quando saí do banheiro, ainda de toalha por ter esquecido minhas roupas antes de ir, voltei para meu quarto, olhando meu celular de soslaio, na esperança que sua tela fosse se acender novamente, mas logo balançando minha cabeça para afastar aquele desejo e me focando em minhas roupas. Toda manhã eu escolhia praticamente as mesmas roupas mas em tons diferentes de preto desbotado, combinando quase sempre o mesmo modelo de calça jeans com um moletom preto, que agora que o clima já não estava mais tão frio, era o suficiente para me aquecer mesmo tão cedo assim na manhã.

Depois de me trocar fui para a cozinha, disposto a preparar algo mais do que apenas uma tigela de cereal, decidindo por preparar um queijo quente e um café instantâneo. Me sentei no sofá, suspirando alto, como se alguém pudesse ouvir e me perguntar o que se passava em minha cabeça. Parecia que meu dia já havia começado caótico demais, enquanto eu apenas queria tranquilidade, aproveitando as primeiras horas da manhã para poder dormir bastante até a hora de meu despertador, e não acordar às seis para ir direto para o chuveiro e me arrumar na velocidade da luz. Suspirei mais uma vez, me deixando deslizar um pouco no sofá, o prato em meu colo e a xícara em mãos, tentando relaxar o máximo.

Quando levei a xícara à boca, ouvi as notificações abafadas de meu celular em meu quarto, e sem pensar, deixei o prato na pia e fui até o quarto apressadamente com a xícara na mão, procurando o celular por entre a bagunça que eu havia feito ao me levantar. Após procurar por ele freneticamente, o achei, apenas para levar uma lufada de decepção ao ver que as mensagens eram na verdade de meu pai. Enfiei o celular no bolso completamente frustrado e voltei para a cozinha batendo os pés, terminando o resto de meu café com um gole rápido e botando a xícara dentro da pia também.

— Inferno! — exclamei alto, mas levando um susto com a campainha da porta. — Já vou.

Odiava atender a porta, mas por morar em um lugar onde muitos de meus vizinhos eram pessoas idosas, sempre fazia questão de atender para se caso fosse uma emergência. Abri a porta apenas para ver minha vizinha da frente, senhora Henderson, com os braços cruzados sobre seu peito, e uma expressão extremamente aflita.

Mike, Keith and the...Onde histórias criam vida. Descubra agora