Mike and The Birthday Party

31 9 37
                                    

Balançava minha cabeça no ritmo da música que ecoava nos meus fones, sendo uma melodia muito organizada, mas com muitos instrumentos ao mesmo tempo. Imitava as palavras com a minha boca silenciosamente, observando as construções passarem, completamente distraído. Desde que tinha começado a namorar com Keith, muitas das músicas que eu ouvia acabavam por me lembrar dele, e essa definitivamente era uma delas, Hands Down do The Greeting Committee. Minhas mãos batucavam nas minhas coxas, e se eu não soubesse que minha mãe estava acostumada com aquele meu comportamento, de certo que ela acharia que tenho alguns parafusos em falta.

Nem senti quando o carro parou, foi apenas com um cutucão um pouco forte da minha mãe que eu consegui notar que já estávamos em frente da cafeteria. Tirei os fones rapidamente e me virei para ela, que me encarava séria, como ela sempre fazia quando sabia que eu estava com os fones altos demais no meu ouvido.

— Desculpa, mas ouvir música baixo não tem graça! — Falei, vendo ela bufar alto.

— Então fica sem graça, Michael. O problema é você ficar aí estragando seu ouvido por conta de bobeira, menino. Só não reclamo mais porque seu pai quer te ver logo. Vai, desce desse carro antes que eu te dê uns sarrafos. — Ela reclamou, mas eu me aproximei rapidamente e a abracei, vendo que ela não fazia o mesmo.

— Ah vai, você não vai querer perder um dos meus estimados abraços. — Exagerei em minha fala, erguendo meu rosto para ver o seu. — Olha lá, tá até querendo rir!

— Ai, Mike. — Ela não conseguiu conter o riso e devolveu meu abraço, me apertando forte. — Tá, agora vai que eu não quero ouvir reclamações do seu pai.

— Tá querendo se livrar tão rápido de mim, é?

— Acertou! — Ela falou e eu ri, negando com a cabeça.

— Maldosa. — Mas, saí do carro, fechando a porta e me apoiando na janela. — Vem me buscar que horas?

— Lá pelas dezoito. Se divirta! — Ela sorriu, e eu tentei sorrir o mais convincente que podia, mas senti pelo olhar dela que não tinha muito bem acreditado na minha feição. Mesmo assim, se despediu de mim e saiu com o carro, fazendo com que eu virasse para o café, suspirando alto.

Entrei no local com um sorriso em meu rosto, vendo que meu pai praticamente me esperava, mesmo que ainda estivesse atrás do balcão, ajeitando milimetricamente como os exemplares dos tamanhos dos copos ficavam ao lado do caixa, e ainda passando um pano sobre a vitrine de vidro, que mostrava uma réplica de alguns dos doces que eles tinham para poderem ser comprados. Ele ergueu o olhar e me viu, logo voltando para seu trabalho.

— Boa tarde, Michael. — Falou calmamente. Eu me aproximei de uma das mesas do início e me sentei. Normalmente quando eu chegava, não havia ninguém no lugar, mas naquele dia eu pude ver alguns clientes espalhados pelo local, tomando seus cafés e comendo algumas coisas.

— Bom dia, pai. — Bocejei durante minha fala.

— Está com sono? Quer um pouco de café para acordar?

— Pode ser, eu vou querer... — Antes que eu pudesse falar, ele rapidamente se enfiou nos fundos da loja, fazendo com que eu voltasse com a minha expressão um pouco desinteressada. Odiava aquele aspecto dele, sempre tão decidido e direto com o que achava das pessoas em sua volta, mas o que mais me irritava era que eu tinha certeza que ele saberia exatamente o que eu queria. Café com leite e chocolate, espuma por cima, com um...

— ...Desenho de raposa feito com canela. — Ele terminou de explicar a bebida, colocando a xícara branca que estava em sua mão na mesa, tendo apenas errado o desenho, mas que encaixava mais ou menos com o que eu queria. Sorri para demonstrar gratidão.

Mike, Keith and the...Onde histórias criam vida. Descubra agora