Keith and The Ich Liebe Dich

35 10 94
                                    


Me deitei em minha cama suspirando alto. Não sabia como, mas mesmo deitando ali naquele momento e estando absurdamente cansado, eu não conseguia dormir de jeito nenhum. Sabia o porquê, mas não entendia como era possível. Sentia que estava acordado a semanas já, minha mente a milhões sem parar por nem um segundo. Era impossível tirar as palavras de Mike de minha cabeça, ecoando infinitamente como se minha mente estivesse completamente vazia. Talvez era como eu me sentia.

Eu te amo.

Sentei rapidamente, sentindo meu peito pressionar como se estivesse prestes a ter um ataque de asma, ou até desmaiar. Tinha tantos pensamentos em minha cabeça que era até difícil raciocinar. Havia percebido isso quando Mike acordou, me dando bom dia como se nada tivesse acontecido, enquanto eu o olhava inexpressivo após minha noite mais mal dormida dos últimos anos. Não sabia se ele havia notado meu estado, visto que ainda estava abalado com os acontecimentos de seu jantar de ação de graças na noite anterior, mas tinha certeza que eu era péssimo em tentar esconder. Em minha mente eu meio que sabia que Mike nunca exigiria algo assim de mim de volta, mas ao mesmo tempo eu não conseguia parar de me sentir culpado por não ter falado nada, mesmo que ele tivesse adormecido logo depois.

Sentei com as pernas para fora da cama, apoiando os cotovelos nos joelhos e escondendo meu rosto com as mãos. Havia pensado tanto que uma dor de cabeça horrenda martelava meu cérebro sem parar desde o meio da madrugada, não importando os remédios que tomei para controlar os sintomas. Suspirei alto novamente. Era tão difícil definir como estava me sentindo no momento, com um milhão de opiniões se formando na minha mente e me deixando completamente desnorteado, pensando que Mike estava indo rápido demais, que suas palavras podiam ser precipitadas, que eu deveria já estar confortável para falar aquilo para ele, que ele falou no calor do momento. Mas também era um sentimento bom. Só havia ouvido aquelas palavras vindas de meu pai, pelo menos que eu me lembrasse, mas a felicidade de ouvir aquilo vindo de Mike era totalmente diferente. Não sabia dizer exatamente se me sentia daquele jeito, achava que sim, mas ao mesmo tempo me conhecia e sabia que eu não teria coragem de falar aquilo para ele. Sentia meu cérebro derretendo e saindo pelos meus ouvidos.

Eu te amo.

Levantei em um pulo, sentindo meu peito e minha cabeça esquentarem enquanto meus braços e pernas pareciam pedras maciças de gelo, dificultando minha movimentação. Fui em passos vacilantes até a sala, me jogando no sofá e enterrando meu rosto em uma almofada. Botei a mão no bolso da calça, lembrando que havia jogado meu celular atrás de minha cama na tentativa de ignorar qualquer mensagem de Mike naquele momento. Sabia que não era o certo e que devia ter falado com ele sobre isso, mas não sabia nem onde arranjaria coragem para trazer o assunto à tona. Puxei forte o ar para os meus pulmões, sentindo o cheiro dele ainda no ambiente, e me xingando levemente por não conseguir tirá-lo de meus pensamentos por nada.

Depois que nós dois nos levantamos, eu ofereci para ele um cereal, já que não tinha forças para preparar nada. Ele comeu sozinho, comigo apenas tentando não o olhar muito, quase que com medo de seu rosto. Também não queria que ele notasse que eu não havia dormido praticamente nada durante a noite inteira ou que estava morrendo de dor de cabeça, mesmo que periodicamente eu esfregasse minhas têmporas na tentativa de amenizar aquele inferno que se formava em meu cérebro. Depois que ele terminou de comer eu até lhe ofereci uma carona — mesmo que torcesse para ele não aceitar — mas ele decidiu que voltaria de bicicleta, mesmo que fosse demorar uma eternidade. Disse que ajudaria a clarear mais sua mente. Antes de sair ele me deu um beijo rápido, sem se demorar com as palavras.

Suspirei pela terceira vez, me levantando para sentar reto no sofá, por mais que sentar daquele jeito fosse mais desconfortável do que ficar todo largado como eu estava anteriormente. Cogitava comer algo pois sentia meu estômago começar a se digerir, mas sentia que não importava o que eu botasse para dentro, qualquer coisa me faria vomitar. Cogitei também tomar um café para me acordar, mas tinha medo de piorar as tremedeiras que eu sentia após não ter dormido direito. Botei minha mão por cima de meus olhos, os sentindo arder, como se fosse chorar a qualquer momento, mas segurava aquilo com toda a força que possuía em mim, que não era muita, mas suficiente.

Mike, Keith and the...Onde histórias criam vida. Descubra agora