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Robby estava à beira de um ataque de nervos e ainda não tinha certeza se havia feito a coisa certa após o acidente. Quando viu Miguel inconsciente no andar inferior, o tenebroso estalo da coluna do garoto ainda ecoava em sua cabeça, se juntando aos gritos acusatórios de Sam. Ele não sabia, não sabia o que havia feito. Em um instante, estava imobilizado no chão e vulnerável como tantas vezes antes, prestes a ter o braço quebrado. O instinto foi mais forte, mal podia ouvir ou entender o que acontecia à sua volta. Se levantou e voltou a lutar até que não houvesse mais ameaça. Mas o chute que atingiu Miguel o fez cair por cima daquela maldita grade e ele despencou tão rápido quanto a vida de Robby.

Estava tudo indo bem, até que Daniel o expulsou e Sam o traiu. O pai o havia acolhido, mas então foi atacado por seu novo filho postiço e o matou. "Meu Deus! Eu matei alguém!" Foi tudo que Robby pensou. Queria vomitar, estava em pânico e não conseguia nem se mexer, agarrado à grade e olhando para baixo como se estivesse num pesadelo do qual não podia acordar. Quando sentiu as mãos sendo algemadas, nem conseguiu reagir. Estava em choque. Bem, não faria diferença. Não tinha para onde ir ou a quem recorrer, todos o haviam abandonado. Ainda não tinha ouvido sobre Johnny, mas tinha certeza que seria o pior de todos. Provavelmente não ia querer nem ouvir mais o nome dele, apenas esquecer que ele havia nascido.

Foi levado para a delegacia e fichado e podia ver sua vida indo pelo ralo. Não que tivesse muita esperança no futuro antes, mas agora que ia acabar num reformatório e, talvez até na prisão depois disso, não tinha mais chance alguma de se tornar alguém melhor. Lembrando de quando Daniel lhe ensinou a podar o bonsai e a metáfora que usou para falar de construir um futuro, sentiu um nó na garganta. Como podia ter ido do céu ao inferno tão rápido? 

"Você vai ficar aqui até a audiência, provavelmente uma semana. Você tem direito a uma ligação e um advogado. Sugiro usar sua ligação pra conseguir um." Disse o detetive responsável pelo caso.  

Não tinha muita certeza de como gastar essa ligação. A única pessoa que ainda se importaria com ele agora - se ele tivesse sorte - seria a mãe, mas ele não queria preocupá-la. Se bem que talvez ela se preocupasse mais ainda sabendo pela TV o que ele havia feito e sem receber nem uma satisfação, então ligar para ela parecia o melhor a fazer. Discou o número da clínica onde a mãe estava internada e seu estômago se revirou enquanto aguardava. Pensou em desligar, mas resistiu.

"Robby? É você? Meu bebê, o que está acontecendo? Eu vi as notícias." A voz chorosa e nervosa da mãe o fez querer se teletransportar para perto e abraçá-la, a dor de causar esse sofrimento era enorme. Podia ver o detetive o observando e se controlou para não agir como uma criança perdida.

"Mãe… Eu não queria fazer isso, eu juro. Foi um acidente. Diaz me atacou, eu tentei parar a briga mas ele não deixou e eu perdi o controle. Me perdoa, por favor, não me odeie!" Robby disse, rápido como uma metralhadora.

"Ah, Robby. Eu jamais odiaria você, filho. Eu sei que você não queria machucar ninguém desse jeito." Shannon tentava consolá-lo.

"Eu só te liguei pra pedir perdão. E dizer que eu entendo se você não me quiser mais… eu nunca quis matar ninguém, eu sou um lixo!" Robby estava tão ansioso que seu coração estava quase saindo pela boca.

"Não, bebê, não! Você não matou ninguém." Shannon disse horrorizada. "Bem, ele está em coma. Mas está vivo, Robby. Vamos torcer pra ele acordar, está bem?"

"Vivo? Você tem certeza?" Robby mal podia conter o alívio que se espalhava dentro dele.

"Sim, está em todas as notícias. Como você está? Estão te tratando bem?" Se preocupou.

Não ia ocupar a cabeça dela com reclamações mesquinhas. Estava sendo tratado como o delinquente que era, com o desprezo que merecia, mas tudo dentro da lei. "Sim, mãe. Estou bem… Me disseram pra chamar um advogado, mas eu só queria falar com você."

Reparação e Desejo (Kiaz/Robbyguel)Onde histórias criam vida. Descubra agora