Reparação e Desejo (Kiaz/Robbyguel)

21/?

Robby chegou à casa de Miguel cedo na sexta, queria ter tempo de conversar antes da aula. Carmen disse a ele para entrar, pois Miguel ainda estava tomando café. Robby se sentou com ele e disse que precisava conversar, sobre Cobra Kai. Miguel disse para falarem sobre isso fora de casa para não preocupar a mãe, mesmo que tivessem que perder a primeira aula. Miguel era o nerd dos nerds, para ele sugerir matar aula, Carmen devia ficar realmente muito ansiosa com esse assunto.

Entraram no carro e Robby seguiu em direção à escola, estacionando na rua de trás. Preferia ter que empurrar a cadeira a dar mole na frente da escola de novo.
"Miguel, o que tinha no bilhete da Tory?" Robby perguntou, sem saber como abordar o assunto de forma menos direta.
"Era só uma pergunta. Se eu queria ir ao dojo ontem a tarde conversar. Eu disse que não, obviamente."
Miguel parecia ter dado o assunto como encerrado, e Robby estava ainda mais nervoso, então o moreno apenas questionou o que estava havendo e Robby contou sobre o episódio do carro arranhado, mostrando a foto.
"Robby… isso é muito sério!" Miguel disse, preocupado.
"Eu sei, por isso eu quis te falar. Você tem que ficar longe deles, Miggy." Robby pediu.

Miguel queria poder resolver isso, mas não sabia como. Sentia que a culpa era sua de estarem perturbando Robby, mas não podia ceder à chantagem e nem podia enfrentá-los diretamente estando nessa maldita cadeira de rodas. Estava frustrado e impotente. Achou que voltar à escola tornaria tudo mais fácil, mas só se sentia mais confuso, culpado e inútil. Havia tentado três vezes no primeiro dia, mas ainda não havia conseguido se aproximar do local do acidente, começava a suar frio e se sentir levemente tonto. Não tinha falado sobre isso com Robby ainda porque sabia que ele se sentiria culpado, e nem com a mãe para não preocupá-la. Mas sabia que quanto mais tempo tentasse carregar isso sozinho, mais difícil seria.

O segundo dia foi quase sem incidentes, a não ser por outro bilhete, dessa vez sem assinatura, pedindo a Miguel que voltasse para casa e sugerindo que se ele o fizesse, talvez Johnny pudesse recuperar o dojo. Miguel admitiu para si mesmo que eles sabiam exatamente os botões que deviam apertar, o que provavelmente significava que Kreese estava por trás de tudo. O homem era um mestre da manipulação. Miguel não iria cair nessa, não era tão fácil assim. Apenas fechou o armário e jogou o bilhete fora, onde qualquer um que o observasse poderia ver.

Encontrou Robby e Demetri para a aula de Literatura, a preferida de Robby, o que era bom pois ele não notaria o quanto Miguel estava distraído. Levou um susto quando sentiu uma mão tocar a sua em cima da mesa, e Robby a puxou de volta rapidamente, como se tivesse se queimado. "Desculpa." Disse, se afastando um pouco da cadeira de Miguel. "Eu só queria saber se você tá bem." Robby disse, disfarçando a sensação de rejeição.

Miguel pôs a mão virada para cima na carteira de Robby e apenas aguardou que o outro a cobrisse com a sua antes de responder. Robby sorriu timidamente, mas o fez sem hesitar.
"Tô bem. Só me distraí e acabei me assustando, foi mal. Muita coisa na cabeça."

"Por que você não fala comigo?" Robby sugeriu.
"Não leva mal, mas… não sei se é o momento." Miguel respondeu, sincero.
Robby tentou puxar a mão de volta, mas Miguel não deixou.
"Ei, não é isso. Só não quero que você se sinta culpado. Eu prometo que vai passar." Miguel disse, sorrindo confiante. Não tinha a menor certeza disso, mas faria o que pudesse.

-

O primeiro dia de Kenny treinando no dojo foi muito melhor do que Daniel imaginava. O garoto era um pouco medroso, mas Robby o ajudou a criar confiança facilmente. E tinha muito mais coordenação motora e melhores reflexos que Demetri e até Chris. Se deu muito bem com Sam e Robby, pareciam se conhecer há anos. Ele havia aceitado dar uma segunda chance a Anthony, mas Daniel não queria o filho no dojo por enquanto, não enquanto Kenny não estivesse se sentindo totalmente acolhido e confortável. Ele sentia um pouco como se Kenny e Anthony fossem uma nova versão dele e de Johnny, uma onde os erros pudessem ser percebidos e reparados a tempo de evitar uma guerra de 30 anos que destruiria a vida de várias pessoas.