33/?

576 51 226
                                    

Daniel estacionou e desligou o carro, se surpreendendo levemente ao ver Miguel já parado em frente à porta dos fundos da residência, que dava para o jardim e o dojo. O adolescente parecia nervoso, quase dançando no mesmo lugar de tanto que se mexia. Saiu do carro e deu a volta em torno dele para abrir a porta para Robby e ajudá-lo a sair sem forçar o braço. Pôs uma mão em seu ombro e sorriu para ele em uma demonstração de apoio. Por mais que estivesse reticente quanto a Miguel, sabia que era uma conversa importante para o mais novo e iria fazer o possível para que ele não se machucasse mais.

Os dois seguiram juntos em direção à casa, e o sorriso aliviado no rosto do jovem latino amenizou um pouco o temor de Daniel. Não havia como negar que os sentimentos dele pelo adolescente de cabelos castanhos eram verdadeiros. Os dois mais jovens se abraçaram, e o cuidado de Miguel ao envolver Robby em seus braços evitando qualquer lugar que causasse dor era mais um ponto a favor dele na lista mental que o futuro 'sogro' estava fazendo.

Daniel se sentiu um pouco intrometido ao ver Miguel depositar beijos por todo o rosto de Robby, na testa, no topo da cabeça, na bochecha, enquanto sussurrava rápido e num tom culpado —mi amor, me perdoa — e — foi tudo culpa minha. — O sensei estava plenamente de acordo, mas sentiu um pouco de pena ao ver o arrependimento latente na voz do namorado do filho de consideração.

— Se não fosse esse plano idiota, você não teria se machucado. Me perdoa, por favor — Miguel implorou. — De novo. Eu nem mereço mais — disse, frustrado.

— Miggy, para! Vamos entrar, ok? Temos muito pra conversar — Robby disse, oferecendo o braço são a ele.

— Então, você me perdoa? — Miguel perguntou, surpreso ao ser convidado para entrar.

— Claro, seu idiota. Eu amo você. Mas vê se para de fazer merda e me pergunta antes de fazer um plano desses — Robby disse, revirando os olhos.

— Eu prometo — Miguel disse, dando o braço a ele e o acompanhando para dentro enquanto LaRusso os seguia.

Daniel se sentou ao lado de Robby no sofá e ofereceu a poltrona em frente a eles para Miguel, claramente delimitando o espaço. Apesar de ter a boa vontade de ouvir o que ele tinha a dizer, não queria que ele achasse que já estava tudo bem. Miguel narrou toda a história, desde o bullying que sofreu e como conheceu Johnny, até o fim desastroso de seu plano de se infiltrar no dojo. Daniel ouviu com atenção e Robby parecia agoniado ao saber da briga daquela noite.

Daniel ficou ainda mais atônito ao saber sobre o cartão com ameaças e o carro arranhado, além do episódio no segundo andar com Kyler e os amigos dele.

— Vocês não deviam ter guardado isso por tanto tempo. Por que não me falou nada, Robby?

— Eu não sei… Não achei que fosse ser tão ruim, não queria preocupar ninguém — Robby disse baixinho e olhando para o chão, se sentindo tolo por não ter pedido ajuda antes.

Daniel não queria fazer ele se sentir mal num momento tão delicado, então segurou uma de suas mãos para que ele o olhasse.

— Tudo bem, não estou bravo. Só não demore tanto a pedir ajuda, ok? É pra isso que nós pais estamos aqui, pra cuidar de vocês — ele disse, e olhou de relance para Miguel, sabendo que ele pensaria em Carmen também. Ela era uma ótima mãe e sempre queria seu bem.

— Também ficamos com medo de descobrirem sobre a gente. Não você e Amanda… mas ainda é segredo pra quase todo mundo. Principalmente pro Johnny e pra minha família — Miguel disse, não querendo que Robby levasse toda a culpa pelos segredos — e agora que não vou voltar pro dojo, nem sei direito o que fazer.

Robby olhou para Daniel daquela forma que parecia implorar por algo e ele sabia que ia cair feito um patinho. O garoto provavelmente nem fazia de propósito, mas era absurdamente difícil resistir. Daniel suspirou pesadamente, calculando seus próximos passos.

Reparação e Desejo (Kiaz/Robbyguel)Onde histórias criam vida. Descubra agora