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Era sexta-feira e Robby estava ansioso pensando no dia seguinte. Daniel, Amanda, Sam e Anthony iam ficar em casa e a avó viria passar o fim de semana com eles. Ele iria para a casa de Johnny e dormiria lá depois que voltassem de qualquer programa de pai e filho que fossem fazer. Robby não fazia ideia do que o pai estava planejando, mas tentou ser otimista. Contanto que não envolvesse esportes violentos ou álcool, ele conseguiria aproveitar bem o dia. 

Estava estressado e tinha a solução perfeita para ajudá-lo a relaxar. Pediu a Sam para emprestar seu tablet para ele levar ao hospital e quando chegou lá, perguntou a Miguel se ele queria ver um filme com ele. Desde pequeno, sempre que ele ou a mãe precisavam lidar com a tristeza ou o stress, viam Dirty Dancing juntos. Era seu filme de conforto e queria dividir isso com Miguel. Pensou em quantas coisas queria dividir com ele e o quanto ele estava sendo importante em sua vida e sentiu um certo nervosismo. Era bom ter alguém ao seu lado, mas ele tinha um histórico tão grande de decepções que não podia evitar temer o momento em que tudo que eles tinham se perderia como lágrimas na chuva. 

Se deitou ao lado de Miguel como vinha fazendo nos últimos dias, a pedido do moreno, e começaram a ver o filme. Miguel estava concentrado e fazia comentários divertidos e perguntas pertinentes, era uma ótima companhia. Em uma das sequências de dança, ele disse que a mãe sabia dançar, mas ele nunca havia aprendido. Robby contou sobre o passado da mãe como dançarina e como ela o tinha ensinado desde pequeno.

"Você me ensina? Se eu melhorar." Miguel perguntou, interessado.

"Quando você melhorar, Miggy. Sim, eu te ensino. A gente pode ver o segundo também, se você quiser, tem danças latinas."

"Eu quero! Segunda-feira?"

"Sim. Será que eu posso trazer pipoca?"

"Eu estou paraplégico, não hipertenso."

"Meu deus, cala a boca. Ainda é um hospital. Eu vou perguntar pra sua mãe." Robby disse com muita seriedade e Miguel revirou os olhos.

Terminaram o filme e Robby mostrou a Miguel o que havia levado, o esmalte cinza que tinha prometido. Miguel ficou muito animado, realmente havia achado que ele ia esquecer do assunto ou deixar para lá. Robby sorriu feliz por estar compartilhando isso com ele, e começou o processo com toda paciência do mundo. Estendeu uma pequena toalha sobre a a barriga de Miguel, já coberta pelo lençol, e depois segurou a mão dele com delicadeza. Admirou os dedos longos e elegantes, pensando em como ele poderia aprender a tocar teclado ou talvez até piano. Talvez pudessem até tocar algo juntos um dia. Se distraiu tanto olhando encantado para as mãos de Miguel que nem reparou que estava há dois minutos segurando-as sem fazer nada. Tossiu para limpar a garganta e começou a lixar as unhas, deixando-as niveladas e bem feitas.

Começou a pintar e Miguel parecia relaxado e feliz, como ele queria. Terminou de passar o esmalte e o spray secante, deixando o moreno analisar seu trabalho quando o finalizou.

"Você não vai limpar os cantinhos?"

"Não, não vou agredir a pele à toa. Mais tarde, quando estiver seco, você lava a mão e ele sai."

"Robby, você faz tudo. Unhas, cabelo, cozinha, dança. E ainda é babá. Você podia estar ganhando um belo dinheiro agora." Miguel riu.

"Eu sou muito prendado mesmo." Robby brincou.

"É mesmo. E ainda é bom com crianças. Quando você casar, ela vai ser muito sortuda!"

Robby sentiu a cor tomando suas bochechas, abaixou a cabeça para tentar disfarçar e mudar de assunto, mas não sabia o que dizer. Já estava um pouco cansado de jogar esse jogo com Miguel, de pensar em formas de disfarçar e enrolar para que ele não percebesse nada. 

Reparação e Desejo (Kiaz/Robbyguel)Onde histórias criam vida. Descubra agora