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Miguel bateu à porta do apartamento de Johnny e, quando o sensei abriu e o deixou entrar, quase se arrependeu de ter ido lá. O peso da caixa de sapatos que carregava em uma discreta sacola preta era ínfimo, mas emocionalmente pareciam toneladas. Disse a Johnny que tinha algo para devolver que Robby havia esquecido em sua casa e Rosa tinha achado fazendo faxina, e perguntou se podia ir ao quarto deixar no armário que seria dele. Johnny prometeu avisar a Robby para que ele pudesse buscar o que quer que fosse e levar para a casa dos LaRusso. Miguel pediu que ele avisasse assim que possível em vez de esperar o próximo final de semana.

A verdade é que ele não apenas queria que Robby entendesse logo o recado, mas também queria se livrar da tentação de voltar atrás nesse plano e simplesmente levar Miggy de volta. Entrou no quarto e, após ter certeza que Johnny não o havia seguido, tirou a caixa da sacola e a abriu, se despedindo da última lembrança física que tinha do loiro. Abraçou a pelúcia mais uma vez, com o coração apertado e os olhos marejados.

"Me perdoa, Robby. Só quero que você seja feliz." Disse baixinho, como se Miggy pudesse passar essa mensagem também. Depois a botou de volta na caixa e guardou-a no armário, selando seu destino e o fim do relacionamento que literalmente mudou sua vida. Secou os olhos com as costas das mãos e fez o possível para parecer tranquilo ao voltar para a sala. Johnny o convidou para assistir a um dos filmes que gostava e Miguel aceitou apenas para não ficar sozinho e pensando besteiras em casa. Estava tão deprimido que nem prestou atenção à história, só viu o tempo se arrastar, lenta e cruelmente.
A única coisa que lhe restava era pensar em seus objetivos e nos planos que havia traçado, e torcer que fossem suficientes para lhe dar ânimo e motivação.

Robby chegou em casa e mal falou com ninguém, ainda estava um pouco no mundo da lua depois da interação bizarra que teve com Hawk. Sentou na cama e ficou lá, pensando em tudo que havia acontecido, tentando achar uma explicação lógica para alguém que quebrou o braço do melhor amigo por nada não tê-lo simplesmente atacado por trás. E pior, a certeza que ele tinha de que Miguel faria algo com ele queria dizer alguma coisa. Talvez estivesse blefando, ou só inflamando a guerra entre dojos, mas parecia algo mais. Robby iria se defender de quem quer que fosse, mas precisava admitir que não queria brigar com Miguel de novo. Apenas pensar nisso o fazia se sentir enjoado.

Os LaRusso estavam reunidos na sala, assistindo a um filme juntos quando Robby chegou, passando direto para o quarto sem parecer ver ninguém à sua frente, nem tendo dado sinal de ouvir Sam chamá-lo. Pouco mais de meia hora depois, quando o telefone tocou e Johnny estava do outro lado da linha, o LaRusso mais novo pensou ter matado a charada.

"Oi, LaRusso número 4. Chama o Robby pra mim, preciso falar com ele."

"Olha aqui, se você foi escroto com ele de novo, meu pai vai quebrar sua cara!" O garoto respondeu sem paciência, e Daniel apenas suspirou pesadamente e se aproximou o mais rápido possível, tomando o telefone da mão dele e falando com Johnny ele mesmo.

"Oi, Johnny. O Anthony é assim mesmo, você sabe. O que aconteceu?" Daniel perguntou, preocupado.

"Como assim? O Robby saiu daqui muito bem. Fomos ao mercado, até comprei uns legumes. Do que vocês tão falando?"

"Ele… não parece muito bem. Vou falar com ele, será que aconteceu alguma coisa no caminho?" Daniel sugeriu.

"LaRusso, passa pra ele, anda."

Daniel resolveu não discutir, subiu até o quarto de Robby e bateu na porta, lhe entregando o telefone assim que ele abriu. Desceu e aguardou um tempo, se surpreendendo quando Robby desceu para botar o telefone de volta na base e se sentou com eles.

"Desculpa ter chegado daquele jeito, eu tava só distraído. Não quis preocupar ninguém." Robby disse, meio sem jeito.

"Tudo bem, querido. É que com o histórico de vocês…" Amanda respondeu, cuidadosa.

Reparação e Desejo (Kiaz/Robbyguel)Onde histórias criam vida. Descubra agora