Reparação e Desejo (Kiaz/Robbyguel)

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Robby achou que o dia melhoraria depois de toda a tensão na escola, mas o trabalho foi tão difícil quanto. Amanda estava de péssimo humor e, por mais que ela o tratasse bem, Robby não gostava de vê-la assim. E também ficava com receio de ela acabar se cansando e descontando nele, como já tinha acontecido com tantas pessoas. Ele preferiu ficar quieto e não dar motivo. Se lembrou de tudo que Johnny havia dito e ficou levemente enjoado. Voltaram para casa e Daniel estava tão mal quanto Amanda, o que imediatamente acendeu uma luz de alerta em Robby. Alguma coisa estava definitivamente errada.

Na hora da janta, Anthony não desceu. Sam parecia tão curiosa quanto Robby e Daniel e Amanda estavam se esforçando para manter um semblante de normalidade, até a garota se cansar e tomar a iniciativa.
"O que aconteceu afinal? Anthony tá doente?"
"Não, Sam. De castigo." Amanda respondeu.
"O que ele fez?" Sam insistiu. Robby achou incrível ela fazer isso, ele realmente queria saber mas não queria chamar atenção para si num momento tão tenso, podia acabar sobrando para ele.

Daniel e Amanda se entreolharam, aquele tipo de conversa silenciosa que pessoas com muita intimidade têm. Daniel suspirou pesadamente e começou a explicar. "Fomos chamados na escola. Seu irmão e alguns amigos dele estavam fazendo bullying com um garoto. Ele está de castigo e estamos pensando no que fazer."

Sam se lembrou do que aconteceu com Aisha, Miguel e Eli e como essa foi exatamente a história de como foram parar no Cobra Kai.
"Eu acho que tenho uma ideia. Podíamos chamar esse garoto pra aprender Miyagi-Do. Seria uma boa lição pro Anthony, uma forma dele conseguir se defender e…" ela olhou para Robby, pedindo apoio "ajudaria a manter ele longe do Cobra Kai."
"É verdade. Já temos problemas demais com Hawk, Kyler e Tory." Robby disse.

"Não sei se karatê é a solução pra esse caso", Amanda disse, preocupada.
"Karate pode ajudar com o equilíbrio e autoconhecimento. E Miyagi-Do é uma boa forma de lidar com a raiva de forma saudável, me ajudou muito", Robby argumentou.
"Eu acho que parece uma boa ideia", Daniel disse.
"Ora, que surpresa. Quando você não acha karatê a melhor solução, Daniel?" Amanda perguntou, em tom de reprovação. Sam parecia pronta para defender Daniel e Robby apenas se encolheu na cadeira, tentando parecer invisível e ocupar o mínimo de espaço possível.
"Amanda, se o Anthony tivesse aprendido karatê, talvez ele não fosse um bully agora!"
"Ah, jura? Não foi exatamente um bully que sabia karatê que te meteu em tudo isso quando você era adolescente?" Ela rebateu.

"Não acredito que você está comparando o que aprendi com o Sr Miyagi com Cobra Kai! É absolutamente diferente!"

"Se você e Johnny não tivessem começado toda essa confusão… quer saber, deixa isso pra lá. Mas cuidado com o que você vai fazer, Daniel. Você pode acabar destruindo a vida de mais alguém!" Ela disse, alterada.

Sam olhou para ele novamente procurando apoio moral, mas Robby só conseguia pensar na briga da escola, o acidente, o reformatório, o preço quebrado de Demetri. Tudo isso tinha começado com a abertura daquele maldito dojo e com seu plano idiota de ir trabalhar com Daniel. Era tudo culpa dele e de Johnny e o pai tinha razão, ele não podia ficar se aproveitando da caridade dos LaRusso até eles se cansarem dele de novo. Robby se levantou, o corpo todo tremendo de ansiedade, fazendo o melhor para não derrubar algo ou vomitar ali mesmo de nervoso. Pediu licença e subiu, segurando no corrimão como se fosse uma bóia em alto-mar. Começou a arrumar suas coisas, apenas o que tinha trazido consigo do reformatório, claro. Não queria deixar todos os livros para trás, mas sempre soube que não eram realmente seus. Talvez pudesse pegar um de lembrança? Será que Daniel ia se importar se levasse o bonsai? Se bem que Johnny talvez jogasse a árvore fora, era melhor não arriscar.

Ouviu batidas à porta e quase pulou de susto. Respirou fundo e disse, com a voz embargada: "um minuto, já vou sair." Nem tinha percebido que estava chorando, tentou enxugar os olhos o mais rápido possível e abriu a porta, ainda no meio de sua arrumação.