Reparação e Desejo (Kiaz/Robbyguel)

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Robby estava sozinho, o celular descarregado, sem dinheiro nenhum. Tinha brigado com Johnny e não sabia como chegaria à casa dos LaRusso no meio da noite sem seu skate e sem poder ligar. Ia ter que ficar na rua até de manhã e depois pensar no que fazer. Estava entrando em pânico lembrando de como tinha sido o período entre a briga na escola e ter ido para o reformatório, como era horrível não ter um lugar para passar a noite, ainda mais nesse frio horrível. Já estava quase se conformando em ter que ficar acordado em algum banco de praça quando ouviu alguém chamar seu nome. Uma, duas vezes. Ele não conseguia ver ninguém e só foi ficando mais nervoso. A voz passou a chamar com mais urgência e mais alto…

"ROBBY!"

Robby acordou subitamente, sem saber direito onde estava até olhar para a fonte da luz leve e amarelada que preenchia o ambiente. A lâmpada ao lado da cama de Miguel, claro. Tinha dormido no hospital para ajudar ele com a médica. Miguel estava meio sentado, meio reclinado em direção à cadeira, um acidente esperando para acontecer. Robby se levantou rápido e foi em direção a ele para impedi-lo de tentar sair da cama sozinho. O empurrou de volta para o meio da cama, o coração acelerado pelo susto. 

"Miguel, você tá doido? Você não pode levantar sozinho, e se você caísse?" Robby disse, nervoso..

"Eu tentei te chamar! Várias vezes!" Miguel respondeu, naquele mesmo tom quase desesperado.

"Desculpa, eu tô aqui. O que você quer?"

Miguel respirou fundo, impaciente, como se tivesse ouvido a pergunta mais idiota do mundo. "Eu? Eu acordei e você tava se revirando no sofá, falando alguma coisa, não deu pra entender. Eu te chamei e você não acordava, achei que tava passando mal!"

Robby ficou realmente envergonhado. Tinha pesadelos desde mais novo, o que não era de surpreender com a vida instável que levava. Mas nunca tinha realmente incomodado ninguém. A mãe dormia no quarto e ele na sala, ela geralmente tinha o sono profundo, fosse pelo cansaço do trabalho, pelo álcool ou pelos remédios. Na casa dos LaRusso, antes dormia na casa da piscina que era longe do resto; agora tinha seu próprio quarto, mas as paredes eram grossas o suficiente para ter certa privacidade. Nunca tinha dormido tão perto de alguém, a não ser no reformatório, mas não podia se importar menos em acordar um daqueles idiotas no meio da noite. 

"Desculpa. Eu não queria te acordar, muito menos te assustar. Tá tudo bem, pode dormir de novo", Robby disse ajeitando o cobertor sobre Miguel e alisando o lençol que havia se desarrumado quando ele tentou levantar. 

"Tudo bem? Como assim tudo bem?" Miguel perguntou, chocado.

"Foi só um pesadelo, Miggy. Eu tenho há anos, já me acostumei. Eu não devia ter dormido aqui, eu não sabia que ia ser tão barulhento. Mas tá tudo bem, eu vou sentar aqui na cadeira, só volta a dormir antes que você perca o sono."

"Você não vai ficar acordado nessa cadeira a noite toda, Robby, isso é ridículo." 

"O que você quer que eu faça? Que eu vá sentar no corredor?" Robby debochou.

"Quero que você durma, imbecil." 

"Pra te acordar de novo?"

"Eu passo o dia na cama. Se eu acordar, eu durmo de novo, Keene." Miguel teimou.

"Não. Não vou arriscar você tentar levantar de novo", Robby protestou.

"Então dorme aqui comigo", Miguel disse, decidido.

"Miguel, não cabem duas pessoas aí. E o peso…"

"Essa cama já aguentou adultos muito mais pesados que a gente, eu aposto. Ou você dorme aqui, ou eu vou ficar acordado também", Miguel chantageou.