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"Miguel, você tem certeza que você quer que eu faça isso? Não é melhor pedir pra sua mãe?" Robby perguntou, incerto.

"Tá maluco? Se eu pedir pra minha mãe, vou acabar igual ao Will de Stranger Things!"

"Que horror, Miguel! Eu deixava minha mãe cortar o meu…" Robby protestou.

"Aposto que foi na época da Dora, A Aventureira", Miguel disse rindo. "Ai, não bate num cadeirante!"

"Babaca. Não sabia que você reparava no meu cabelo." Robby riu de volta.

"Difícil não reparar. Está muito melhor agora, inclusive."
Robby não aguentava esses elogios. 'Será que Miguel não tem o mínimo de noção?' Ele pensou.

"Obrigado", disse tímido. "Tá, eu corto. Mas se ficar ruim, a culpa é sua!" Ele se rendeu e Miguel apenas sorriu triunfante, enquanto Robby o ajudava a ir da cama para a cadeira. Ia ser mais fácil varrer o cabelo do chão desse jeito. Robby levou Miguel até o banheiro e o encostou na pia, levantando sua cabeça e puxando-a para trás para lavar o cabelo dele.
"Tenho certeza que não devíamos fazer isso. Se a equipe do hospital soubesse…" Robby censurou.

"Meu deus, Robby. Nem parece que você tá em condicional. Vive um pouco e esquece as regras." Miguel disse esticando o pescoço e relaxando a cabeça, de olhos fechados como se estivesse num SPA.

Robby deu um leve puxão no cabelo de Miguel, pra ele deixar de ser cara-de-pau e o moreno apenas soltou um suspiro surpreso que deixou Robby constrangido. "Desculpa, foi sem querer!" Ele disse sem nem olhar para Miguel, terminando de lavar o cabelo dele o mais rápido possível e depois secando com uma toalha para tirar o excesso de água. Penteou os fios com cuidado e começou a cortar, passando os dedos pelas mechas sedosas e massageando suavemente o couro cabeludo, enquanto Miguel praticamente ronronava.

"Hmm, você devia abrir um salão. E uma confeitaria. Juntos, tipo um empreendimento inovador. Ia ser um sucesso." Miguel disse, satisfeito.

"Eu nem acabei ainda, como você acha que eu devia abrir um salão? Talvez um SPA ou uma casa de massagem, isso sim."

"Uma casa de massagem, é?" Miguel riu, malicioso.

"Diaz, você tem o que, onze anos?"

"Até ontem eu tinha quatro."

"De quatro pra onze, que maravilha!" Robby disse sarcástico e Miguel gargalhou.

"Meu deus, Keene! Você…" Robby percebeu pelo brilho dos olhos dele o que estava vindo e ficou vermelho igual um tomate.
"Não se atreva a fazer essa piada. Se você der mais um pio eu te deixo careca e vou embora!"

Miguel fez um sinal como se fechasse a boca com um zíper e apenas riu em silêncio. Robby respirou fundo para parar de pensar besteira e cortar logo esse cabelo. Quando terminou, ficou triste de não ter um secador para poder ver logo o resultado, mas sabia que os cachinhos ficariam muito melhores secando naturalmente. "Pronto."

"Obrigado, você é um anjo", Miguel disse e estava realmente contente. Ficar tanto tempo no hospital o deixou se sentindo muito largado e se arrumar um pouquinho fez bem a ele.

"Você que é, com esses cachinhos", Robby brincou, bagunçando o cabelo recém-cortado.

"Você podia aproveitar o dia de beleza e fazer minhas unhas também, sabia?" Miguel pediu.

"Diaz, não me teste."

"É sério! Eles cortaram minhas unhas, acho que pra eu não me machucar, mas só isso. E nem imagino como estão as dos pés, provavelmente pareço um lobisomem."

"Você não tem pêlo suficiente pra isso, Diaz."

"Meu deus, você tá terrível hoje, Robby. Você não pode me dar todas essas deixas e criticar minhas piadas de duplo sentido!" Miguel gargalhou.

Reparação e Desejo (Kiaz/Robbyguel)Onde histórias criam vida. Descubra agora