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Robby voltou na quarta, como havia prometido a Carmen. E também porque queria saber como tinha ido a segunda sessão de fisioterapia. Quando chegou, Carmen estava lá. Era seu dia de plantão noturno e ela queria ficar com Miguel o máximo de tempo possível. Ela pediu a Robby para ir tomar um café com ela e conversar por alguns minutos. 

"Como foi a segunda sessão?"

"Bem. Melhor que a primeira. Ele já entendeu que não é mágica e os resultados não são imediatos. É difícil até pra mim, imagina pra ele" Ela disse, cansada. "O fisioterapeuta passou exercícios pra fazermos diariamente, disse que vai ajudar a acelerar o processo. E que ele não deve se estressar muito também."

"Eu não sei se eu devia ir lá, então. Ele se estressa muito comigo."

"Eu conversei com ele. Acho que as coisas vão melhorar" Carmen disse, esperançosa.

"Eu só não quero prejudicar ele."

"Robby… Johnny veio aqui ontem, eu conversei com ele. Você acredita que ele fez o Miguel cair da cama? A enfermeira me contou! Miggy não ia me falar nada." Ela disse, indignada.

"Eu sei, ele foi me ver ontem. Só pra reclamar de você não deixar ele visitar o Miguel, claro. Ele nunca sentiu saudade de mim ou algo assim. Sempre que ia me procurar era pra reclamar de alguma coisa. Enfim, eu disse que ia falar com você… pedir pra você deixar ele ver o Miguel, mas só se ele prometesse não fazer nada idiota e obedecer a equipe do hospital."

"E o que ele disse?"

"Não muito, mas ele ama vocês. Ele vai se esforçar, eu acho" Robby disse, olhando para as próprias mãos entrelaçadas sobre a mesa. Carmen botou uma das mãos em cima das suas e ofereceu apoio como pôde. "Robby… Johnny ama você, ele só não sabe lidar com os próprios erros. E ele tem que aprender. Mas não perca a esperança." Ela sorriu daquela forma bondosa que ele sempre admirava. Miguel era muito sortudo mesmo. Ou talvez só merecia mais que ele ser amado, Robby não sabia bem qual das duas coisas. Limpou a garganta e respondeu, tentando manter a voz firme: "vamos ver o Miguel, então?"

"Vamos. Mas essa conversa não acabou ainda" ela avisou.

Entraram no quarto e Miguel já estava acordado, parecia surpreso de estar sozinho e mais surpreso ainda ao ver a mãe e Robby entrando juntos. "Dormiu bem, Miggy?" Carmen perguntou sorrindo.

"Dormi, mamá. Estou pronto pros exercícios, se você quiser." Miguel disse, olhando exclusivamente para a mãe.

"Ótimo! Robby vai ajudar pra aprender como é, assim você pode fazer sozinho quando eu não estiver aqui. Mamá não aguenta." Carmen explicou, Miguel ficou calado a contragosto. Havia prometido ser menos rude. 

Carmen começou a levantar e flexionar as pernas de Miguel, uma de cada vez, repetindo a sequência algumas vezes e depois iniciando uma nova, esticando e dobrando também a parte das coxas. "Essa é a parte mais difícil, a parte de baixo mamá até consegue fazer, mas a de cima é mais pesada. E não adianta muito se não fizer as duas em sequência." Carmen instruía e exemplificava tudo. Terminou flexionando as duas pernas de Miguel e as pressionando contra seu abdômen, com os joelhos também dobrados. Era como uma posição fetal, mas de costas, forçando todos os músculos. "O fisioterapeuta disse que depois de uma ou duas semanas de sessões e com esses exercícios diários, Miggy pode começar a tentar andar. Tem um espaço apropriado pra isso no andar da fisioterapia, vou levar você lá pra ver mais tarde."

Nesse momento, Miguel interveio. "Quero ir também. Só pra ver como é."

"Miggy, não sei, você não vai poder tentar ainda, pode te deixar mais frustrado."

Reparação e Desejo (Kiaz/Robbyguel)Onde histórias criam vida. Descubra agora