— Daniel! — Minha irmã bate insistentemente na porta. — Não vai sair do banheiro?!
— Calma aí, "projeto de Charmander"! — grito de volta, ainda no banho. — Tô quase acabando.
— Eu sei que tá tomando banho, mas eu preciso usar o banheiro!
— Só um minutinho! Termino e já saio. Que pressa é essa? — respondo, meio irritado.
— Mas eu tô apertada, Daniel! — A voz dela está desesperada.
— Ah, faz o seguinte: quando eu era pequeno e tava apertado, mamãe me fazia mijar num baldezinho. — desligo o chuveiro.
— Eu não vou fazer xixi num balde! — Ela retruca, indignada.
— Tá, tá. Tô saindo.
Termino de me secar e colocar a roupa, então abro a porta. Antes mesmo que eu saia do banheiro, Larissa me empurra para fora e por fim se tranca lá dentro.
A única parte do corpo que deixo molhada é meu cabelo, o qual sempre está bagunçado.
Chegando em meu quarto, resolvo que iria com Renata nessa festa. Nem lembro mais o nome da aniversariante, não sei o que vou fazer lá.
Estou usando uma camisa de manga longa preta por baixo e em cima dessa, uma de manga curta que difere também da cor, apenas por ser um pouco mais clara. Eu realmente não sei escolher roupa, mas não saio de casa sem minha calça jeans.
Olho no celular para ver as horas e vejo que caso queira chegar na casa da Renata a tempo de ir com ela, vou ter que correr um pouco.
Larissa sai do banheiro lentamente, o som suave de seus passos preenchendo o silêncio. Quando ela entra no meu quarto, está enrolando os longos cabelos em um coque improvisado, seus movimentos hábeis e rápidos.
— Onde você vai? — ela pergunta, franzindo ligeiramente a testa enquanto prende o coque.
— Numa festa — respondo, distraída, procurando algo no armário.
Ela para por um segundo, observando-me com o canto dos olhos, antes de cruzar os braços.
— E o compromisso com o Carlos? Vai dar tempo de ir?
Fecho a porta do armário com um suspiro.
— É só 8 horas, não se preocupe.
Larissa levanta uma sobrancelha e balança a cabeça em desaprovação.
— Eu sei que é só 8 horas, mas quando você bebe, perde a noção de tudo. — Ela se vira de repente, indo em direção à cozinha, a voz carregada de preocupação. — Inclusive de tempo.
Reviro os olhos, mas sigo logo atrás dela.
— Sei, sei. Mas eu pretendo não beber. Prometo.
Ela para no meio do corredor, vira-se abruptamente, semicerra os olhos e aponta o dedo indicador diretamente para meu nariz, como se fosse um alerta silencioso.
— Promete mesmo? — A voz dela está firme, cheia de seriedade.
Dou um sorriso meio sem jeito e levanto as mãos, como se estivesse me rendendo.
— Prometo.
Ela relaxa um pouco, o olhar ainda desconfiado.
— Tenta voltar antes das 7. Vou fazer alguma coisa para gente comer.
— Beleza. — Passo por ela rapidamente, já quase fora de casa. — Agora tenho que correr.
Passo pela sala, pegando meu celular e vou o mais rápido possível para casa da minha namorada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
23 mortes
Genç KurguDaniel, um jovem garoto que acaba sofrendo uma onda de tragédias em sua vida. Por mais que não sejam totalmente por sua culpa, ainda assim são totalmente ligadas a ele. O mundo molda, e nós sabemos disso. Veremos então como Daniel passará por essa v...