a noite em que eu morri ☾ | yoon.min

→ III: vide ☾

"Au hasard elle se ment."
(T/A: ao acaso, ela mente para si mesma.)

Com o passar dos dias, Yoongi se pegou pensando mais na sua encarnação passada do que em sua alma gêmea.

Ele acha curioso o fato de Arin querer ser uma astrônoma. A verdade é que Yoongi, um homem do século vinte e um, não tem nenhum interesse na vida fora da terra. Sequer tem interesse na vida fora de sua casa.

Yoongi é a definição de introspectivo. Se não fosse por sua condição que está inteiramente ligada ao psicológico e estresse pós-traumático, ele ainda assim continuaria sendo esse homem introvertido. Não é como se ele odiasse pessoas, na verdade, Yoongi consegue ser bastante sociável quando ele quer, ele gosta de sentir a alegria e vivacidade do momento em que conversa com alguém cara a cara. Entretanto, a coisa que Yoongi mais preza em sua vida é espaço.

Ele é um ser humano que precisa se socializar, isso já foi comprovado cientificamente. Homo sapiens sapiens são seres sociais, não há como discutir isso. O que torna Yoongi como um membro do grande grupo de pessoas que precisam de espaço e ficarem sozinhas por algum tempo, apenas para manter seus pensamentos no lugar, longe da sobrecarga. É um pouco difícil viver no século vinte e um com tanta informação e tanta coisa acontecendo; Yoongi acredita que Arin jamais iria querer ser astrônoma se tivesse nascido em seu século.

Bem, naquela época, era humanamente impossível sequer cogitar pousar na Lua. Ele entende a curiosidade da sua antiga vida. É um pouco fascinante para ele observar a lua com novos olhos após esses sonhos.

Entretanto, a nova revelação não muda nada em sua carreira. Yoongi gosta de seu trabalho, apesar de ser algo que as pessoas consideram chato — ele não é o jornalista convencional formado em reportagem, apenas é um redator de revistas, blogs, às vezes de grandes emissoras. É confortável e paga bem, então Yoongi não tem coragem de reclamar de sua vocação. Ele é bom no que faz, então ele se encaixa no emprego que a sociedade capitalista tem a oferecer para não morrer de fome. Por um lado, ele passa mais horas na frente do computador do que qualquer outra coisa, não só por causa de seu trabalho, mas também por causa de seu hobby.

Por ser redator, é um pouco óbvio que Yoongi goste de contar histórias. Mas ele já trabalha escrevendo, usando palavras, então não faz sentido fazer a mesma coisa no que deveria ser seu lazer. É por isso que Yoongi não escreve e, sim, desenha.

Ele tem um bom número de seguidores que acompanham suas histórias em quadrinhos — as comics e webtoons. Yoongi nunca foi desenhista, ele aprendeu a desenhar porque queria. Nas férias de seus vinte anos, enquanto tentava achar algo para passar o tempo, ele finalmente abriu a mesa digitalizadora que ainda estava empacotada da encomenda que recebeu meses atrás. Descobriu como aquilo funcionava e, então, começou a praticar. Não era nem um pouco fácil. Na verdade, ele já quase quebrou sua mesa novinha em folha por conta do estresse que era tentar fazer uma arte e, no final, achar que ela era a pior coisa já feita na história na humanidade. Uma grande hipérbole, de fato. Mas Yoongi gosta de dizer que artistas são dramáticos, assim como ele é.

No fim, Yoongi conseguiu praticar até se sentir confortável para divulgar sua arte na internet. Seus desenhos são muitas vezes elogiados pelo traço — Yoongi gosta de desenhar pessoas. Ele faz caricaturas, na maioria das vezes. O traço é parecido com cartoons, uma mistura irrealista de formas humanas com traços fortes e simétricos comumente usados em mangás. Foi assim que ele foi parar em várias plataformas de publicação de comics. Era fácil ver seus desenhos contando histórias em quadrinhos.