4. Descendência

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Quando o garoto Tohmas falou comigo meu coração parou. Senti  que ele estava explodindo por dentro. De alguma forma ele me olhava como se soubesse de tudo.

Quero saber detalhe por detalhe. - acabei falando sem pensar soando um pouco irônica e grossa.

Ok, Yandra. Como Helen lhe falou você é 100% bruxa, uma das últimas do nosso coven. Isso está no seu sangue é sua descendência - disse Tohmas, tomando cuidado em pronunciar cada palavra.

Aquilo que ele me falou parecia pouco improvável e sem sentido algum. Decidi querer mais, já que estava ali, teria de entrar no jogo, viver perigosamente,  como disse meu irmão Sean.

Dei um meio sorriso. E comecei a falar - Se isso é verdade, porque que meu irmão e minha mãe não são bruxos também? E outra o que é Coven?

Por um instante vi um olhar de um lado para o outro. Foi então que ouvi o menino ao meu lado Natan falar pela segunda vez - Você é rápida no gatilho moçinha.

Ele fez uma pausa olhando para Tohmas como se pedisse autorização para continuar a explicar, e Tohmas assentiu com a cabeça.

Após o ato de concordância do Thomas ele continuou a falar. - Sua mãe era uma bruxa do coven passado, Foi por causa dela e dos outros, nossos país,  que a 13 anos atrás, os anciãos jogaram a maldição nas linhagens proibindo o uso da bruxaria, o uso da magia, nos deixando no anonimato. Porém Igor, o pai de Isa, escreveu um livro/receita anotando cada feitiço que nossos pais praticavam no coven, e alguns conselhos, e principalmente nossa história. Após ele morrer no acidente de 13 anos atrás, junto com cada um de nossos pais. Isa  achou o livro e reuniu cada membro do coven desta geração, nós. Enquanto a seu irmão, não entendemos ainda o porque dele não estar incluído no nosso Coven.

Aquilo sim foi um choque. Ouvi alguém dizendo que minha mãe sabia que era uma bruxa com seuus filhos, ou somente eu. E nunca disse nada. Era estranho, horrível demais para ela. Mas, ouvir que meu irmão não tinha nada haver com aquilo, eu já ficava aliviada, talvez o destino estava me mostrando que realmente palavras tem poder. Eu sempre falei desde que me entendo por gente que era a única aberração em casa, Nossa!

Tudo parece muito real, também muito louco e fantasmagórico. Mas, se todos vocês perderam um dos pais neste acidente a 13 anos atrás, está magia é errada. Isto é errado - disse quase gritando com medo de tudo aquilo ser verdade, ainda cogitava que poderia ser  uma brincadeira de trote com os alunos novatos. Meu pensamentos furam medo e desespero por tudo ser real.

Realmente é - disse Tagila saindo da sua posição segura ao lado de Helen, começando a andar e completando - Tudo isso é verdade, a prática de bruxaria é perigosa. Se os anciãos imaginar que saímos do anonimato deles, que sabemos de tudo. Nem sei o que pensar. Todos os clãs/família perderam seu direito de usar a magia, devido a imprudência dos nossos pais. Só que a gente pode mudar isso, desde que nos ligarmos, isto tudo é perigoso demais. E com sua adição, você aqui Yandra, nossa magia está a toda. 100% em cada um de nós. Consigo sentir o fluir de expectro de vocês, isto é perigoso.

Mais uma vez, me senti levando um tapa ao ouvir essas palavras, devido ao desconhecimento delas. Não conseguia nem mais pensar, o  tão louco aquilo parecia. Descendência de bruxas, coven, clãs, bruxaria, expectro. Não, não, não. Aquilo tudo não era verdade, não podia ser, minha vida não podia ser tão maluca assim.

Vocês são loucos. Vocês acham mesmo que vou viver nesta brincadeira de bruxa com vocês ou seja lá,  o que vocês são. Tô fora! Eu não acredito em nenhuma palavra de vocês. Desculpa mesmo - disse gritando com lágrimas no rosto

Ao secar o meu rosto molhado, ouvi as palavras da muda maléfica, até então, Helen. Dizendo,  algo como: acreditará somente vendo. Tremi ao ouvir, já esperava pelo que vinha.

Com o barulho dela levantando da mesa de madeira, em que estava sentada. Apressei meus passos desconsiderando aquilo tudo. Desesperada,  visualizei a escada em que estava perto. Dei graças ao céus.

Quando estava pronta para descer, algo estranho de novo aconteceu.

Apareceu uma parede roxa de luz em minha frente. A luz reluzia.

O bizarro e que  não dava para passar.  Era literalmente como uma parede de luz.

Virei intrigada e vi Helen estranhamente em pé, com os olhos fitando o espaço entre eu e a escada, sussurrando algo, com as mãos estendida como se esperasse um abraço. Os cabelos voando, como se ela estivesse em uma brisa de vento, em alguma praia do Brasil.

Novamente, o que não é novidade, levei outro choque de realidade.

Helen fez aquela parede de luz com seus poderes. Aquela cor, a luminosidade, concerteza era o tal expectro que Tagila e Natan falaram.  Fiquei incrédula observando aquilo, não podia acreditar, porque se eu acreditava, o que seria real ?

Minha mente gritava ISTO NÃO É REAL.

Por favor Yandra, apenas confie na gente. Por favor, aceite seu dom. - disse Isa me olhando com um pouco de comoção.

- Isto não é real, isto não é um dom, isto é uma maldição - falei balançando a cabeça de um lado para o outro como se fosse uma louca, talvez eu estava ficando louca.

Um silêncio momentâneo se instalou no local.  Quando eu percebi o ranger de dente, era a voz de Helen, que ecoava pela sala, como um mantra, falando - Você chamou seu dom de maldição, se você sair daqui, eu te garanto que será. Não, como uma maldição qualquer. Seu poder vai querer explodir saindo de dentro para fora, porque ele está desgovernado Yandra, se você não fizer a ligação terá o mesmo destino do seu pai.

Meus olhos arregalaram na mesma hora, ela sabia algo a mais do meu pai. Eu só sabia que ele e minha mãe eram divorciando e que ele estava vagando pelo mundo. Mas, talvez não fosse isso. 

Parecia que isso também ia cair por terra, era mais uma das mentiras na minha vida.

A realidade me espanca novamente.  100% bruxa significava ter os dois pais Bruxos, minha mãe e meu pai.

Senti um sentimento queimar dentro de mim.

GRITEI, sem perceber, automaticamente -  PARE.

Tudo ficou estranho então. Começou a trovejar fortemente, a ventar estranhamente, a casa começou a tremer, Meus olhos parecia que estava fundidos com o vento, conseguia sentir ele vindo e indo para dentro dos meus olhos, mas não piscava. Meus cabelos começaram a flutuar no ar, me sentia em fogo. Feixes de luzes avermelhado como o fogo, me circundava, isto era incrível e insurreal. 

Mas, o esquisito não estava aí. O mais estranho era que podia ver a mente de cada um deles e ouvir cada pensamento naquela casa, nas redondezas e até mesmo na cidade, isso me fez estremecer.

Yandra SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora