Capítulo 2 : aquele que ama o caos

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 A parte ruim de ser um dos descendentes da Arconte Eletro Raiden Makoto, era que todos sabiam disso, e tratavam Kini... não, agora Scaramouche de uma forma irritante, bajuladora, ou então traiçoeira, principalmente na corte de sua mãe a Shogun Raiden Ei. Gêmeos não costumavam trazer boa sorte então um deles era sempre abandonado. Só que a Shogun não permitiu que isso fosse feito, e fez questão de criar tanto ele quanto Mei juntos e da mesma forma - para o desespero de quase todos os clãs das três Comissões.

 Havia partes boas em ter uma ancestral divina? Pela experiência dele, não. 

 Depois de uma luta política feroz, Scaramouche optou por se deixar cair numa armadilha e ter seu direito ao trono retirado, só assim que teria paz em sua vida. Ele sabia que as "pistas" de que a grande sacerdotisa de Watatsumi, Kokomi, estava tentando reviver o maligno Orobachi dentro de Enkanomia eram falsas, mas ele foi lá mesmo assim. Com sua invasão ao lugar mais sagrado daquele povo, o trato de paz entre eles quase foi quebrado.  Só que mesmo correndo esse risco, fazer aquela viajem era muito melhor do que ficar ouvindo as três comissões fazendo planos umas contra as outras, e tentando o envolver nas tramoias.

  Ele também não aguentava mais que seus próprios subordinados ficassem bolando planos e mais planos para garantir que ele fosse o próximo Shogun, e exilar a irmã dele.

  Era incrível que ninguém tivesse a inteligência mínima para perceber que ele e Mei se davam bem. Scaramouche meio que desconfiava que Mei dependia dele, pois todos os dias tinha que explicar um ou dois comportamentos humanos completamente normais para ela. Sentimentos por exemplo, eram coisas que ela quase não entendia mesmo com as melhores explicações dele. E ela nunca riu na vida, nunca mesmo, só se importando em treinamento de combate e fortificar seus poderes Eletro. As vezes, ele pensava que a irmã era quase como um robô, e ficava o resto do dia culpado por isso.

 Agora que ele tinha sido exilado, será que ela estaria bem? Não é como se não trocassem cartas, mas as delas mais pareciam relatórios militares, ou notícias de jornal. Nas dele, ele se esforçava para pintar o mundo da forma mais interessante o possível para ela conhecer coisas novas e interessantes.

 Exilo talvez fosse uma palavra muito forte para a situação dele, a verdade era que fora designado para ser o embaixador de Inazuma em Snezhnaya. Como assuntos de Estado sempre o entediaram, colocou sua subordinada de maior confiança Kujou Sara - a qual o clã tinha recentemente caído em desgraça por conta de um escândalo de corrupção do líder deles - para agir em seu nome e cuidar dos assuntos políticos. Já ele  se ocupou  com algo mais interessante. Fez o exame de candidatura para o cargo de Mensageiro da Tsaritsa, e foi aprovado.

 Claro que ele passou com facilidade, a final, como alguém com sangue divino lutaria mal?

 Os anos passaram e Scaramouche ganhou fama por si próprio em todo o continente. Ele servia á Tsaritsa com o máximo de lealdade que um príncipe estrangeiro poderia ter, e isso era o bastante para a governante. Ele até era autorizado a participar das reuniões do Estado Maior com todos outros Mensageiros. Era de conhecimento público que ninguém ali se gostava, o que resultava em um clima de trabalho maravilhosamente caótico, pelo menos na opinião dele. 

 Dali, só havia duas pessoas que ele talvez, veja bem talvez, tolerasse. Um era o Capitano, pois ele tinha uma personalidade travada igual a da sua irmã. O outro, por mais incrível que parecesse, era Tartaglia. Os dois se xingavam, e lutavam até terem que ser hospitalizados mas até que se entendiam.

Ele estava no seu escritório no palácio designado para abrigar a embaixada de Inazuma - ele precisava pelo menos dormir lá, para manter  algum resquício da imagem de que ele era o embaixador- quando Sara entrou no cômodo sem se dar ao trabalho de bater na porta,  com uma carta em suas mãos.

O orgulho do mensageiro e o preconceito da astrólogaOnde histórias criam vida. Descubra agora