Capítulo 8: sobre planos mirabolantes

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  Mona e Rosaria tinham passado na Calda do Gato para comerem uns petiscos e tomarem uns drinks não alcoólicos - para a tristeza da última - enquanto jogavam conversa fora. A astróloga estava aproveitando para contar tintim por tintim toda a sua interação com o príncipe, começando com o insulto gratuito que recebeu dele no dia anterior, depois passou para a arrogância com que ele debochou da astrologia, e terminou com a história bizarra da lua ser um cadáver.

  -...e aposto que os poemas dele são uma merda!!!

  - Você quer que eu consiga os poemas dele para nós darmos umas boas risadas?

  - Nossa, sim! Mas como você vai fazer isso?

  - Roubando da gráfica né.

  - Rosaria!

  - Quê? Se eu pegar de noite e levar para a taverna do Diluc, nós duas podemos ler e devolver antes do sol nascer.

  - Não sei não hein.

  - Mona, confia.

  - Ainda não estou convencida. Minha mãe vai surtar se eu só voltar para casa de madrugada, e vai ficar a semana inteira falando que não é o comportamento de uma dama respeitável, que minha conduta vai manchar a família inteira, que ninguém vai querer casar comigo ou com minhas irmãs por causa disso. Aí vai fechar as reclamações com chave de ouro dizendo que nunca deveria ter me deixado estudar astrologia.

  - Não me venha com essas desculpinhas aí não; quantas vezes eu não ajudei você e a Lumine a pularem da janela no meio da madrugada? Para de fingir que não quer dar uma espiadinha nos poemas do tal príncipe. Vamos fazer o seguinte, você volta para casa, finge que é só mais um dia normal, e de madrugada pula a janela. Aí vou chamar a Fichl para vir com a gente também, ela vai saber destruir a poesia desse cara, e daremos boas gargalhadas.

  - Tá bom, mas vamos falar com a Fichl antes  de tomarmos decisões por ela.

  - Me parece razoável, então bora lá.

  Rosaria pagou a conta das duas com o que Mona tinha 100% de certeza ser o dinheiro da igreja, não era a primeira e muito menos a última vez que a freira faria isso. Se estivesse em Fontaine, Mona ficaria horrorizada com o desvio de verba tão evidente, mas em Mondstat as coisas funcionavam diferente. Além disso, fazia um bom tempo que tinha a suspeita de que as doações que as pessoas faziam à catedral, não iam para a caridade mas para financiar a carreira de cantora idol da irmã Barbara, o pai dela era o bispo e era ele que supervisionava o orçamento.

  E tudo isso podia ser uma desculpa que ela criava para si própria para justificar essa infração, e manter sua consciência limpa. Fazer o quê? Ela gostava disso aí de não precisar pagar por comida... ou qualquer outra coisa, equipamentos astrológicos eram caros, e desde que sua família perdeu parte considerável de sua fortuna, passou a economizar em tudo o que era supérfluo. 

  Para conseguirem sair da taverna, as duas tiveram que desviar de uma multidão de jogadores de TCG, e evitar olhar todos os gatinhos fofos que viviam lá. Foi difícil, mas conseguiram superar tais desafios, e chegaram na rua principal. Estavam indo até Katherine no guichê da Guilda dos Aventureiros quando ouviram alguém chorar, pela voz reconheceram que era nada menos do que Fichl, e saíram correndo para socorre-la.

  - Que isso Sara? Fazendo crianças chorar?

  Ao ouvir tais palavras sendo ditas pelo príncipe psicopata, e vendo a mulher que tinha o acompanhado no dia anterior- provavelmente uma serva, ou então um nobre muuuuuito apaixonada por ele- e uma Fichl jogada no chão chorando desesperadamente, Mona desistiu por completo de seu plano de ser civilizada com aquela gente, e foi cobrar explicações.

O orgulho do mensageiro e o preconceito da astrólogaOnde histórias criam vida. Descubra agora