O orgulho do mensageiro e o preconceito da astróloga

Capítulo 18: Apenas uma coadjuvante

  Sabia que todo aquela ideia de caçar na chuva era uma insanidade!

  Agora que Lumine estava confortavelmente instalada no hotel, Mona pode confirmar que seu bom-senso era o melhor da sua família - quiçá da cidade. Sua irmã voltou com febre, algo muito raro para alguém com uma constituição tão saudável, fato que foi tratado com a devida seriedade pela Irmã Barbara. A jovem freira chegou o mais rápido que pode, mas mesmo assim só conseguiu atender sua paciente quando a catedral dava cinco badaladas.

  Tartaglia entrou no quarto junto com a freira, para Mona ele parecia aflito até mesmo um pouco pálido, quase como um daqueles amantes desamparados que populavam os folhetins de Fontaine - os quais acreditava serem um tiquinho melhores que as light novels da editora Yae. O Mensageiro ficou paralisado na porta por um tempo, praticamente em transe, só saindo desse estado quando cruzou o olhar com o da astróloga. Ele percebeu seu comportamento rude, e , com menos desenvoltura que das outras vezes, fez uma mesura para todas as damas presentes.

  Irmã Barbara examinava Lumine ao mesmo tempo que parecia observar Tartaglia, e até mesmo Mona. Havia algo estranho no olhar dela, só não sabia especificar o quê. A freira olhava muito para o Mensageiro - e ao que parecia- estava enrolado demais no exame do estado de saúde da aventureira. Quanto mais a freira demorava no exame, mais Mona ficava nervosa. Vai que sua irmã estivesse com pneumonia! Ou pior...

  Tuberculose!!!

  Não.

  Lumine não poderia morrer tão jovem, nem dessa maneira tão horrível: tossindo um pouquinho de seu pulmão a cada vez, enquanto seu corpo se consumia, deixando apenas a lembrança de dezenas de lencinhos ensanguentados.

  - Hummm, é uma gripe então não posso curá-la com meus poderes Hydro. Mas não se preocupem, o corpo dela vai se livrar da doença sozinho, só precisam dar bastante água para ela, junto com uma sopa que eu vou instruir o cheff do hotel para cozinhar para ela todo dia. Fora isso, ela precisa de repouso. Me chamem caso a febre volte.

  Gripe? Só uma gripe?

  Graças a Arconte Hydro!

  Recuperada do susto, Mona insistiu em fazer uma pergunta para qual já sabia a resposta, mas que mesmo assim sua consciência precisava ser aplacada.

  - Posso levá-la de volta para casa?

  Como o esperado, a freira a olhou da mesma maneira que faria com um doido falando discutindo sozinho no meio da rua, sendo esse olhar substituído logo em seguida por um que parecia irritado, não, a muito bondosa irmã Barbara nunca ficava irritada com ninguém, devia ser fruto da imaginação da astróloga. Nada mais do que um fruto da culpa dela por estar fazendo de tudo para rejeitar a hospitalidade dos fatui. Mas não era por mal, Mona não queria ofender ninguém, apenas achava que sua irmã ficaria melhor em sua casa, rodeada por sua família.

  - Não, não, não. É imprescindível para a cura dela, que ela se mantenha por aqui por pelo menos uma semana. 

  - Mas você mesma disse que era apenas uma gripe.

  - E que ela precisa de repouso, tenho certeza que o senhor Tartaglia concorda com minha opinião de especialista.

  Tartaglia se aproximou da cama onde Lumine estava deitada, tomou suavemente a mão esquerda dela, pressionando então seus lábios sobre ela. Só depois do gesto galante foi que ele se preocupou em responder à freira, entretanto sem ter a delicadeza de olhar nos olhos dela enquanto falava.

  - A senhorita Lumine sempre será bem-vinda entre nós, pelo menos enquanto eu for um Mensageiro, o que eu não planejo deixar de ser.

  O Mensageiro deu seu discurso bonito enquanto ainda estava segurando a mão de Lumine, e a olhando ardentemente, deixando tanto Barbara quanto Mona de fora, quase como se houvesse uma barreira física entre elas - meras espectadoras- e eles, os verdadeiros protagonistas dessa cena romântica. De onde a astróloga estava, conseguia ver como sua irmã estava reagindo a essa tão extravagante demonstração de sentimentos, e para sua surpresa...