Capítulo 6: As férias do Mensageiro

104 6 10
                                    


  Scaramouche começou seu dia bem disposto, ele tinha um plano bem definido sobre a missão que sua mãe tinha lhe confiado, tinha um monte de fatos absurdos para escrever para Mei, e tinha até uma doida que ele achou interessante e queria conhecer melhor. Aproveitando essa conjuntura de fatos auspiciosos - não que ele acreditasse nessa bobagem de destino- escreveu sua carta mensal para sua irmã.

  Para maior precisão, fez uma lista de tópicos de tudo que queria contar, e fez subtópicos para os detalhes importantes. Leu sua lista umas três vezes até ter certeza que era tudo o que ele queria contar. Contente com o resultado se pôs a escrever, ou melhor, escreveu o rascunho pois havia muito trabalho pela frente até chegar na versão final. Tudo o que era mandado para o castelo da Shogun era inspecionado - inclusive as cartas- o que queria dizer que todo mundo ali leria o conteúdo de sua carta.

  Com um público assim tão grande, ele tinha que ser um estilo impecável... e suas opiniões tinham que ser sempre as corretas.

  Era cansativo? Muito, mas fazia isso pela irmã, ela praticamente não tinha com quem conversar além dele e de Sara - as vezes até Itto- e só saia do castelo para cumprir alguma missão. Só foram para a ilha Tsurumi por conta de um esforço sobre-humano da parte dele. A desculpa para a viagem foi fazer um treinamento de combate na neblina, mas misteriosamente quando os dois chegaram lá, a ilha da névoa não tinha mais névoa nenhuma! Mei não viu propósito em ficar nem mais um segundo lá e queria voltar. Já ele insistiu para que explorassem mais. Como ele era o mais velho, Mei acatou sua decisão.

  Aquela acabou sendo uma aventura muito satisfatória. Teve ruínas desconhecidas, teve fantasmas,  teve paisagens lindas - depois que povo desconhecido se extinguiu, a natureza não perdeu tempo em tomar todo seu território de volta- e teve até um combate épico para aplacar as expectativas militares da irmã. Quem diria que as pessoas que visitavam a ilha Tsurumi não voltavam porquê tinha uma matilha de lobos de Kaenri'ah lá? - e fantasmas, importante lembrar deles de novo- tinha até um lobo alfa. Como aquele bicho era gigante! Uma pena que foi evaporado por ele e Mei, uns minutinhos a mais de batalhe teria sido muito bom.

  Ao final da viagem , Mei até parecia estar tentando sorrir. E foi assim que ele percebeu que valia a pena sim, continuar insistindo para a irmã dar umas voltas pelo mundo - ou pelo menos fora do castelo. Quem sabe, se ele continuasse a descrever as coisas curiosas que via em suas cartas, uma hora alguma coisa chamasse atenção dela  e a motivasse a viver uma aventura.

  Aí, aí, ele era um irmão tão incrível.

 Depois de escrever, riscar, reescrever, e amassar uma quantidade considerável de papel, finalmente a carta estava pronta. Ele a lacrou com seu selo real, e a colocou no topo de seus escritos. Iria tomar seu café-da-manhã, entregar a carta para Sara para que ela a enviasse, sair para falar com a doida da janela, e depois encontrar uma gráfica para encomendar a tiragem de 2000 exemplares dos seus poemas, era um número pequeno para começar mas ele era um príncipe humilde. Talvez fosse bom encomendar algumas edições de luxo também,  tipo umas 10.

  Satisfeito com sua produtividade, Scaramouche, colocou uma roupa casual e desceu para o restaurante do hotel. Como o esperado, ao verem o sexto Mensageiro chegando, todos os fatui presentes enfiaram tudo o que podiam na boca e saíram correndo. Qualquer pessoa ficaria incomodada nessa situação, ele não. O  caos da sua chegada era lindo de se ver, fora que a privacidade obtida era um luxo que  ele não estava acostumado. Em Inazuma ele era obrigado a andar com um séquito de servos para lá e para cá, era irritante.

   No restaurante do hotel havia um cardápio impresso então ele finalmente teve a oportunidade de analisar o menu no seu próprio ritmo - sem ser pressionado pelo cheff  aguardando o pedido. Acabou pedindo um prato que era um monte de panquecas empilhadas com mel. Como estava se sentindo aberto a novas experiências, resolveu pedir algo que em condições normais só acharia estranho mesmo: um latte de caramelo com Lâmpada de grama. Tinha o pressentimento que a bebida seria uma merda, mas estava disposto a tentar. 

O orgulho do mensageiro e o preconceito da astrólogaOnde histórias criam vida. Descubra agora