Sara nunca gostou de falhar, ou melhor, nunca lhe foi permitido falhar. As lembranças de seus longos confinamentos dentro daquela gaiola humilhante, a assombravam de tempos em tempos. Mesmo com o líder de seu clã estando em prisão perpétua e tendo sido substituído por Kamaji, as feridas no coração dela teimavam em permanecer abertas.
Mas um dia fechariam! Com tempo, esforço, e apoio elas fechariam.
E Sara tinha apoio, Itto e a vovó Oni. Não, ela estava sendo injusta, Kunikuzushi-sama e Mei-sama a apoiavam mesmo sendo eles a fonte de boa parte dos problemas da Tengu... se bem que Itto também...
Mas tinha falhado tanto com a futura shogun como com o príncipe, e essa falha tinha colocado o futuro casamento de Mei-sama em risco!
Tinha se concentrado tanto em procurar pelos rastros do novo laboratório de Arleccino e Dottore, que subestimou a velocidade que relações humanas poderiam se formar caso o ""casal"" fosse deixado a sós. Humanos e Yokais eram muito diferentes, para ela era ilógico se afeiçoar a alguém tão rápido, entre os seus a primeira fagulha de paixão demorava décadas para surgir, se bem que eles tinham o luxo de uma vida bem mais longa que os humanos.
Sara veria todos de sua família adotiva envelhecer e morrer enquanto ela permaneceria a mesma, e veria isso de novo por sabe-se lá quantas gerações. Mas isso não importava no momento.
Ela cometeu o erro de achar que poderia fazer sua busca durante o dia, e só vigiar o casal durante a noite até Lumine dormir, e Tartaglia sair discretamente do acampamento para fazer a busca dele. Na mente disciplinada e focada dela, as pessoas só teriam momentos românticos em seus tempos livres, então a ideia de que a aventureira e o Mensageiro pudessem flertar de dia enquanto caçavam, sequer passou por sua cabeça.
Conclusão:
- Achou apenas pistas de uma concentração elemental vinda de baixo da terra, muito suspeita mas não conseguiu achar uma entrada.
- As duas pessoas que deveria estar vigiando acabaram se afeiçoando um ao outro.
Para ajudar a mocinha teve que ficar doente na volta, tossindo cada vez mais a ponto de quase desmaiar enquanto estava montada a cavalo. Então Sara teve que voar o mais rápido que pode para impedir a queda, o que acabou revelando a sua presença. Dizer que Tartaglia ficou irritado com essa invasão de sua privacidade, seria minimizar muito o estado que ele ficou. A Tengu viu o olhar furioso que o Mensageiro direcionou a ela.
Entretanto, tudo foi esquecido quando Lumine teve mais um acesso de tosse.
O 11º Mensageiro arrancou a aventureira dos braços de Sara, a colocando em seu cavalo e a abraçou para que não caísse. Tendo certeza de que ela estava segura, ele assobiou para chamar sua matilha de aluskis, sendo prontamente respondido com uma infinidade de latidos e o som de dezenas de patas correndo em sua direção. Com a matilha junto a ele, Tartaglia partiu a galope em direção à Mondstat, deixando para trás o cavalo que Lumine tinha montado. O sol estava subindo, a chuva tinha quase parado, e as patas dos animais espalhavam lama pelo ar enquanto seguiam a toda velocidade.
A Tengu quis sair voando para acompanhar Tartaglia, mas seu bom senso a fez montar no cavalo abandonado e seguir a galope atrás do Mensageiro. Cavalos eram animais caros, não poderia justificar para o oficial do Banco do Norte a perda de um deles, fora a papelada toda que teria que lidar no processo entre os dois departamentos dos fatui. Não, Sara estava fugindo de tudo que pudesse virar um problema a mais para ela resolver.
Tartaglia e ela chegaram na cidade causando alvoroço, e assim permaneceram até Kunikuzushi-sama resolver a questão da aventureira desmaiada no hall do hotel. Foi tudo feito de maneira tão impecável, que Sara sentiu o mesmo orgulho de uma mãe corvo ao ver seu filhote voando pela primeira vez.
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O orgulho do mensageiro e o preconceito da astróloga
FanfictionEra uma verdade universalmente conhecida que todo rico falido de Fontaine ia morar em Mondstat para manter seu estilo de vida, só que com um custo muito mais baixo. A família Megistus não era uma exceção. Acompanhamos Mona e Lumine as filhas mais ve...