Esse capítulo é um pouco de conforto depois do último episódio, se passa no ep 3, "pavor", quando a Lívia tranca a Amelie e a Bárbara. Espero que gostem, votem e comentem pra eu saber se devo continuar.
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–Eu não acredito que ela fez isso!–Bárbara exclamou alto, não se importando que sua mãe estava atrás de uma parede fina a poucos metros.–Ela tá escondendo coisas de mim à anos, igual todo mundo!
–Bárbara você precisa se acalmar.–Amelie tentava acalmar a loira que andava de um lado para o outro na pequena sala/cozinha.–Vem cá, senta e respira.
–Não 'Melie! Um homem morreu, e minha mãe continua me enganando e mentindo.–A loira parou na frente da francesa sentada, que observou o olhar atordoado da outra e seu tremor.–A gente vai fugir.
–Bárbara, sua mãe tá errada, mas ela só tá tentando te proteger, mesmo sendo uma escrota fazendo isso.–O sotaque francês da outra sumiu de sua voz enquanto ela segurava as mãos calejadas de tanto mexer no jardim nas suas macias como uma forma de acalmar a outra.–Ela precisa se acalmar, se ela não abrir pra gente nós saímos de outra forma, mas primeiro, senta e relaxa.
Bárbara encarou sua amiga, o tremor ainda tomava seu corpo por tudo que aconteceu, ela segurava forte a mão macia da francesa, como uma âncora que impedia que tudo fosse aos ares.
–Por favor?–O pedido saiu como uma súplica no sotaque francês.
–Tudo bem.–Bárbara se deu por vencida e caminhou até o sofá, puxando Amelie com ela. As duas mulheres ficaram sentadas em silêncio, a sobrecarga de tudo que aconteceu hoje roubando suas palavras. Amelie foi tirada de seus pensamentos por um soluço baixo, direcionando seu olhar até o rosto da loira ao seu lado ela notou as lágrimas escorrendo. Suas mãos ainda unidas se apertaram mais quando Amelie se aproximou, envolvendo a mais nova em um abraço.
–Ei, vai ficar tudo bem, eu tô aqui com você.–Amelie tentou afastar o tremor que tentava tomar sua voz, o pavor dos últimos dias voltando com força no momento.–Eu não vou a lugar nenhum.
–'Melie, você viu o que aconteceu? Essa ilha, todos aqui, é o meu lar, as pessoas que eu sempre conheci, tudo que eu tenho. E se...essa coisa, essa maldição levar tudo?–O sotaque de Bárbara saiu abafado por seu rosto estar escondido no pescoço de Amelie, a jardineira tentava parar os soluços violentos que tomavam seu corpo, mas quanto mais ela tentava, mais a sua dor saía em formato de lágrimas.–Se tudo se for eu não tenho mais nada...
–Nada vai acontecer. Eu prometo, por tudo que eu amo, a gente vai descobrir o que é isso e vamos nos safar e salvar todo mundo. Você não vai ficar sozinha, eu vou estar aqui, sempre.–Amelie segurou a menina com toda a força que tinha, depositando um beijo no topo de sua cabeça, sentindo o cheiro de flores que seu cabelo tinha.
–Eu tô com medo 'Melie...–A loira finalmente tirou seu rosto da curva do pescoço da outra, ele estava manchado pelas lágrimas, seus olhos cor de mel estavam cristalinos e Amelie sentiu seu coração acelerar no peito enquanto sentia um sentimento caloroso que ela não ousaria nomear ainda vibrar em seu coração. A proteção feroz que a francesa sentia a fez prometer que protegeria a garota agarrada a si com tudo que tinha.
–Eu também tô Bárb, mas eu prometo que vou te proteger. Você confia em mim?–O apelido saiu naturalmente, as duas garotas olharam uma para outra com sentimento nos olhos, o medo sendo apagado pela conexão que sentiam.
–Com tudo que eu tenho 'Melie.–Bárbara assentiu lentamente, sentindo os polegares de Amelie limparem às lágrimas de sua bochecha. Com olhares que falavam mais que mil palavras as duas garotas aproximaram seus rostos, Amelie pressionou seus lábios serenamente nos da outra, fechando os olhos e deixando seus gestos falarem por si. Bárbara retribuiu o beijo calmamente, deixando-se confortar pela segurança de ter Amelie ali, as mãos ainda juntas se entrelaçaram no colo da de cabelos brancos.
Quando o beijo simples cessou, a dupla encostou seus testas, Amelie abriu seus olhos primeiro, absorvendo cada detalhe da garota simples mais encantadora que havia lhe fascinado mais do que qualquer coisa, o jeito que sua respiração começou a se acalmar, e seus cílios longos começaram a piscar lentamente quando a íris cor de mel foi exposta.
–Desculpa.
–Pelo que?–Amelie perguntou confusa.
–Por ter visto aquela cena mais cedo, minha mãe é uma mulher complicada.
–Você não tem que se desculpar por nada, ela não vai mais te machucar se depender de mim.–Amelie se afastou um pouco, colocando toda grama de certeza em sua voz, vendo a outra sorrir levemente.
–Obrigada 'Melie.–Bárbara sorriu por ter alguém ali que lhe inspirava tanta confiança, ela sentia seu coração bater mais rápido graças a francesa.
–Você não tem que me agradecer, eu me importo com você.–A turista continuou, dessa vez, Bárbara a puxou de volta pelas alças do macacão roxo, beijando seus lábios com força, colocando todos os sentimentos intensos que ainda não entendia nesse beijo. Amelie retribuiu com o mesmo fervor, sentindo que precisava daquilo, daquela intensidade depois do que passara, do vazio que sentiu, a única coisa que ela queria sentir era Bárbara. O beijo durou até o ar faltar, fazendo com que ambas se afastassem ofegantes.
–Uau...–Amelie sussurou mordendo o lábio inferior inchado pelo longo beijo.
–Uau mesmo.–A voz de Bárbara saiu com seu sotaque mais ressaltado. A dupla deixou o tempo passar, se acalmando dos acontecimentos do dia na companhia uma da outra, nunca saindo do abraço apertado. Conversando sobre coisas banais para se distrair da sombra que parecia se aproximar de todos na ilha.
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Mais tarde naquela noite, depois de Wanderley conseguir libertar elas, e de todo o confronto que seguiu depois, Bárbara e Amelie se aconchegaram juntas na pequena cama de solteiro, Olivier acomodado no chão dormia profundamente.
Amélie tinha um braço enroscado em volta dos ombros de Bárbara, que repousava a cabeça no peito da mais alta, os dedos estavam entrelaçados juntos, uma perna de Bárbara estava entre as de Amelie, enquanto a outra mão de Amelie estava segurando a de Olivier.
–Eu precisava disso.–Amelie sussurou entre um bocejo, seu olhar começava a pesar e o calor que lhe envolvia guiava sua mente até o sossêgo do sono.
–Eu também.–Bárbara respirou fundo, sentindo o cheiro do perfume reconfortante de Amelie invadir seus sentidos. O silêncio era o suficiente para as duas, só estar na presença uma da outra era o suficiente. Quando Amelie pensou que a jardineira já dormia ela ouviu um sussuro quebrar o silêncio.
–Eu acho que tô gostando de você, mais do que deveria.–A loira falou, ouvindo o coração da outra acelerar em seu peito.
–Eu também gosto de você, mais do que deveria em tão pouco tempo.–Amelie sorriu com o sentimento que borbulhava como borboletas...não, como elefantes raivosos em seu estômago, esmagando tudo e criando uma bagunça. Dessa vez o silêncio voltou e continuou enquanto a dupla pegava no sono, esperando ter uma noite tranquila.
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Duas Margaridas-Bárbara e Amelie
Hayran KurguHistórias curtas sobre o shipp Bárbara e Amelie, de O Segredo na Ilha. O rpg e nem os personagens me pertencem.