04_ Feijoada.

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ㅡ Ah, eu... Eu não tenho muito o que dizer sobre mim. ㅡ Abracei meus próprios braços observando Pedro e Dafine brigarem pelos biscoitos que sobraram no pacote.

ㅡ Gosta de sair? Passar vergonha? Porque é isso que vai acontecer se andar com a gente. ㅡ Perola disse tirando algo do cabelo de Saulo. Até que a mesma puxou uma mecha do cabelo junto, fazendo Saulo inclinar a cabeça para ela.

ㅡ Vai arrancar minha cabeça junto? ㅡ Ele a questionou.

ㅡ Cala a boca. ㅡ Perola riu lhe dando um tapa no ombro. Saulo a abraçou forte fazendo com que ela fizesse uma careta enquanto ele sorria.

Ta, aquilo era tão incrível! Tem noção de que eu li o romance deles e surtei a cada beijo ou declaração? Vê-los ali na minha frente sendo tão fofos era tão incrível, mano... Eu nunca tinha tido a oportunidade de ver um casal que eu tanto shippei em um livro, sendo fofos de verdade... Meu coração de leitora não aguenta esse tipo de coisa. Tive que me conter para não demonstrar o meu surto.

ㅡ Não, eu não sou de sair. Sou bem introvertida e tímida. ㅡ Respondi um pouco mais baixo.

ㅡ Sério? Mas, ta ligada que a gente vai te carregar para onde formos, né? ㅡ Dafine disse com uma sobrancelha.

ㅡ O que ela quer dizer, Monique... ㅡ Priscila se aproximou de mim fazendo uma careta para Dafine. ㅡ É que você pode sair e andar com a gente. Até porque somos que nem carrapato quando conhecemos alguém novo. ㅡ O pessoal começou a rir. ㅡ Mas, você também não é obrigada a andar com a gente não, tá? Pelo jeito que estamos falando, parece até que vamos te obrigar.

ㅡ Isso é... Inusitado para mim. ㅡ Senti que meu rosto estava queimando com a timidez e me repreendi. ㅡ Digo... Geralmente parece que as pessoas esperam que eu me aproxime, mas sou tímida para isso e não faço, aí acabo não tendo muitos... Amigos.

ㅡ Márcia, você já me jogou no chão, já leu sobre a minha vida e minhas vergonhas... Já é mais minha amiga que eles. ㅡ Dafine disse dando com os ombros.

ㅡ Espera, você não estava indo na cozinha ver não sei o que do almoço? ㅡ Pedro perguntou amassando o pacote de biscoitos vazio e jogando na lixeira do banheiro.

ㅡ É verdade! ㅡ Arregalei os olhos quando me lembrei. ㅡ Eu preciso ir ver o que vou cozinhar. ㅡ Calcei os chinelos que eu havia tirado para entrar. ㅡ Eu vou descer e ver o que tem lá. ㅡ Todos disseram " tá bom " e eu segui para a parte de fora. Desci as escadas, passei pela área aberta da piscina que não tinha ninguém e fui na direção da parte da frente da pousada. Numa outra área haviam mesas e cadeiras e logo ao fundo uma porta de madeira escura, assim como todas as portas e janelas daquele lugar. Peguei a chave que estava em meu bolso e abri a cozinha. ㅡ Uau. ㅡ Disse para mim mesma quando meus olhos focaram naquela enorme e linda cozinha.

Tinha de tudo ali, sem contar com uma geladeira enorme de duas portas com tanta comida que eu comecei a pensar no quanto meu tio lucrava com aquela pousada. Além da geladeira, havia uma despensa com mais comida. Eu poderia fazer a festa!

Eu sempre amei cozinhar. Cozinhar era meu modo de inventar, de experimentar, de demonstrar o que eu podia fazer. Amava cozinhar em casa quando minha mãe recebia visitas e amava ouvir os elogios depois. Era como uma terapia. Não existia estresse em mim quando eu estava cozinhando.

A ferro e fogo não dá!
Com tanta indiferença vendo a vida passar... ㅡ Maicão apareceu na porta cantando junto de Zezé de Camargo e Luciano que tocava em seu celular. Logo atrás dele vinham o resto do pessoal.

Acabei rindo de Maicão. Ele era exatamente igual foi descrito no livro.

ㅡ Maicão, abaixa isso. E se ela não gostar de sertanejo? ㅡ Perola fez uma careta para ele.

ㅡ Tudo bem, eu gosto. ㅡ Ri fechando a despensa.

ㅡ Ah ta. É que eu estou tentando não te espantar. A gente costuma espantar as pessoas. Principalmente quando conhecem o Pedro. ㅡ Perola deu com os ombros e quando eu vi, todos estavam dentro da cozinha.

ㅡ Vai dar uma afogada no mar vai, Perola. ㅡ Pedro resmungou fazendo a irmã rir.

ㅡ O que você vai cozinhar? ㅡ Gabriel perguntou. Olhei para ele quando ouvi sua voz e duas coisas passaram pela minha cabeça: ele era muito bonito, eu realmente tinha que tomar cuidado para não ficar admirando ele e deixar na cara que eu estou encantada; ele era o único que parecia um pouco diferente do livro. Não sei, ele parecia mais falante lá. Aqui ele não está dizendo quase nada.

ㅡ Eu ainda não sei. ㅡ Voltei na direção da geladeira e a abri de novo. ㅡ Tem tantas opções.

ㅡ Faz feijoada. ㅡ Maicon sugeriu me assustando. Eu nem sabia que ele estava atrás de mim dançando.

ㅡ Dafine, segura seu bicho. Ele está assustando a Milena. ㅡ Perola apontou para Maicon.

ㅡ Eu?? ㅡ Dafine se fez de desentendida.

ㅡ Eu topo a feijoada! ㅡ Pedro levantou a mão.

ㅡ Como assim você topa? A gente nem colocou o almoço na diária. ㅡ Priscila o questionou.

ㅡ Por feijoada eu coloco é agora. ㅡ Ele saiu de cima do balcão, sim ele estava sentado no balcão. ㅡ Vou procurar o tio da Micaela. ㅡ Ele saiu da cozinha.

ㅡ É Manuela! ㅡ Perola o corrigiu.

ㅡ Não é era Marrone, não? ㅡ Maicão perguntou e novamente tive minha crise de riso. Acho que eu nunca ri tanto na frente de pessoas antes.

ㅡ É Loirinha! ㅡ Dafine exclamou e logo depois piscou para Gabriel. Não vou mentir que eu não fiquei curiosa do porquê desse apelido não, pois eu fiquei. E muito.

ㅡ Enfim, Loirinha, vai fazer feijoada para nós? ㅡ Maicão perguntou e eu assenti após ver que tinham todos os ingredientes na geladeira. ㅡ Opa! ㅡ Comemorou. ㅡ Óh, eu sou educado e como bem pouco, viu?

De repente, todos os outros caíram na gargalhada.

ㅡ O pouco que ele fala é de três pratos para mais, viu? ㅡ Gabriel disse enquanto ria.

ㅡ Vai ficar me explanando mesmo? Vou contar do apelido então. ㅡ Gabriel parou de rir na hora e quem começou a rir foi Maicon.

ㅡ Ôh, queridos. Acho melhor vocês saírem daí para a Loirinha poder cozinhar em paz. ㅡ Perola disse enquanto olhava para os garotos que estavam perto de mim.

ㅡ Verdade, estão atrapalhando ela. Vamos lá pra fora, to doida para entrar naquela piscina. ㅡ Dafine juntos os cabelos num coque. ㅡ Tá um calor danado.

ㅡ Ah, eu queria ir no mar. ㅡ Priscila choramingou.

ㅡ Depois do almoço a gente vai. ㅡ Dafine a puxou para fora da cozinha e aos poucos eles foram saindo. ㅡ Ah, o Gabriel é bom em cozinhar. Ele te ajuda! ㅡ Dafine praticamente empurrou Gabriel de volta para a cozinha, sorriu para nós e fechou a porta.

Gabriel passou a mão na cabeça parecendo sem saber o que fazer e logo depois se virou para mim.

ㅡ É... Quer ajuda? ㅡ Fez uma careta.

ㅡ Quero. ㅡ Ri da situação.

•••
Continua...

As Ondas do Amor Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora