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Minha mochila!
Ela está com o meu dinheiro e
meu relógio nele! O banco de trás
do carro gigante de Callum Royal
é mais luxuoso do que qualquer
coisa, que minha bunda já tocou
na minha vida inteira. Pena que eu não vou ter tempo para apreciálo. Eu mergulho para a maçaneta da porta e puxo, mas a coisa estúpida não será aberta.
Meus olhos mudam para o
motorista. É imprudente como o
inferno, mas eu não tenho escolha.
Eu avanço para frente e agarro o
ombro do motorista cujo pescoço
é tão grande quanto a minha coxa.
— Inversão de marcha! Eu
tenho que voltar!
Ele nem sequer pestanejou. É
como se ele fosse feito de tijolo.
Puxo mais algumas vezes, mas eu
tenho certeza que mesmo se eu
esfaquear esse cara no pescoço,
ele não vai fazer nada além do
que Royal diz para ele.
Callum não se moveu uma
polegada de seu lado no banco do
passageiro traseiro, e eu resignome ao fato de que eu não saia do
carro até que ele diga. Eu testo a
janela só para ter certeza. Ela
continua teimosamente fechada.
— Travas de segurança para
crianças?— Eu murmuro, embora
eu tenho certeza da resposta.
Ele balança a cabeça
ligeiramente. — Entre outras
coisas, mas basta dizer que você
está no carro enquanto durar
nossa viagem. Você está
procurando isso?
Minha mochila cai no meu
colo. Eu resisto à vontade de
abrir e verificar se ele pegou o
meu dinheiro e identificação. Sem
qualquer um, estou
completamente à sua mercê, mas
eu não quero revelar nada, até
que eu descubra o seu objetivo.
— Olhe, senhor, eu não sei o
que você quer, mas é óbvio que
você tem dinheiro. Há uma
abundância de prostitutas lá fora,
que vai fazer o que quiser e não
vai causar-lhe o problema legal
que eu poderia. Me deixe no
próximo cruzamento e eu prometo
que você nunca vai ouvir de mim
novamente. Não vou para a
polícia. Eu irei dizer a George
que você era um cliente antigo,
mas que tivemos problemas.
— Eu não estou à procura de
uma prostituta. Estou aqui para
você. — Depois dessa
declaração ameaçadora, Royal
tira fora seu paletó e oferece-o
para mim.
Parte de mim deseja que eu
fosse apenas um pouco mais
ousada, mas sentada aqui neste
carro super sofisticado na frente
do homem que eu tinha
acabado de fazer um pole dance,
me faz sentir estranha e exposta.
Eu daria tudo por um par de
calcinha de vovó agora.
Relutantemente, eu deslizo a
jaqueta, ignorando a dor
desconfortável que o espartilho
está me causando, e agarro as
lapelas apertadas contra meu
peito.
— Não tenho nada que você
quer. — Certamente a pequena
quantidade de dinheiro empurrou
no fundo da minha mochila, não é
nada para este cara. Poderíamos
trocar este carro por todo o
Daddy G’s. Royal levanta uma
sobrancelha em uma refutação
sem palavras. Agora que ele está
em sua camisa, eu posso ver o
relógio e parece... exatamente
como o meu. Seus olhos seguem o
meu olhar.
— Você já viu isso antes. —
Não é uma pergunta. Ele empurra
seu pulso em direção a mim.
O relógio tem uma simples
banda de couro preto, botões de
prata e uma caixa de ouro 18
quilates em torno do vidro do
mostrador do relógio. Os números
e as mãos são escuros.
Com a boca seca, eu minto, —
Nunca vi isso antes na minha
vida.
— Sério? É um relógio Oris.
Swiss, feito à mão. Foi um
presente quando me formei na
BUD / S. Meu melhor amigo,
Steve O'Halloran, recebeu o
mesmo relógio quando ele se
graduou, também. Na parte de trás
está gravado ‘Non sibi sed
patriae’.
Eu olhei para a frase quando
eu tinha nove anos de idade,
depois que a minha mãe me disse
a história do meu nascimento.
Desculpe, garota, mas eu dormi
com um marinheiro. Ele me
deixou com nada mais que seu
primeiro nome e este relógio. E
eu, eu lembrei. Ela de brincadeira
bagunçou meu cabelo e me disse
que eu era a melhor coisa do
mundo. Meu coração cambaleia
de novo pela ausência dela.
— E significa ‘não para nós
mesmo, mas para o nosso país’ o
relógio de Steve desapareceu
dezoito anos atrás. Ele disse que
ele perdeu, mas ele nunca
substituiu. Nunca usava um outro
relógio.
Royal lança um suspiro triste.
— Ele usou isso como desculpa
porque ele estava atrasado o
tempo todo.
Eu me pego inclinando para a
frente, querendo saber mais sobre
Steve O'Halloran, o que diabos é
'BUD/S', e como os homens se
conheciam. Então me dei um tapa
mental no rosto e voltei as costas
contra a porta.
— Boa história, Mano. Mas o
que isso tem a ver comigo?— Eu
olho para Golias no banco da
frente e levanto a minha voz. —
Porque você sequestrou uma
menor, tenho certeza que isso é
um crime em todos os cinquenta
estados.
Royal responde. — É um
crime sequestrar qualquer pessoa,
independentemente da idade, mas
desde que eu sou seu tutor e você
estava se envolvendo em atos
ilegais, estou no meu direito
removê-la do local.
Eu forço uma risada
zombeteira. — Eu não tenho
certeza de quem você acha que eu
sou, mas eu tenho 34 anos.
Chego na mochila para
encontrar o meu ID, afastando o
relógio que é uma combinação
perfeita do que o Royal tem em
seu pulso esquerdo. — Veja?
Margaret Harper. Idade: trinta e
quatro.
Ele arranca a identificação dos
meus dedos. — Cinquenta e nove
quilos. Um metro e setenta e
quatro centímetros. — Seus olhos
vieram sobre mim. — Você
parece ter em torno de quarenta e
seis quilos, mas eu imagino que
você tem perdido peso com suas
corridas.
Corrida? Como diabos ele
sabe disso?
Como se pudesse ler minha
expressão, ele bufa. — Eu tenho
cinco filhos. Não há nenhum
truque no livro, que um deles não
tentaram comigo, e eu conheço um
adolescente quando eu vejo um,
mesmo debaixo de um quilo de
maquiagem.
Eu olho para trás com frieza.
Este homem, seja ele quem for,
não está recebendo nada de mim.
— Seu pai é Steven
O'Halloran. — Ele confirma a si
mesmo. — Sim. Seu pai era
Steven O'Halloran. — Eu viro
meu rosto contra a janela, para
esse estranho não ver o flash de
dor que atravessa a minha
expressão, antes que eu possa
escondê-la. É claro que o meu pai
está morto. Claro.
Minha garganta se sente
apertada e a terrível sensação de
lágrimas pica na parte de trás dos
meus olhos. Chorar é para os
bebês. Chorar é para os fracos.
Chorando por um pai que nunca
conheci?
Totalmente fraco.
Durante o zumbido da estrada,
eu ouço um tilintar de vidro
contra vidro e então o som
familiar de salpicos de bebida no
copo. Royal começa a falar um
momento mais tarde.
— Seu pai e eu éramos
melhores amigos. Nós crescemos
juntos. Fomos para a faculdade
juntos. Decidiu se alistar na
Marinha por um capricho. Nós
finalmente nos juntamos aos
SEAL’s, mas nossos pais queriam
se aposentar cedo, então em vez
de cumprir com o nosso dever,
nós voltamos para casa, para
tomar as rédeas do nosso negócio
de família. Nós construímos
aviões, se você estiver se
perguntando.
Claro que sim, eu penso com
amargura.
Ele ignora o meu silêncio ou
leva-o como uma aprovação para
continuar. — Há cinco meses,
Steve morreu durante um acidente
de asa-delta. Mas antes que ele se
foi... é estranho, quase como se
ele tivesse algum tipo de
premonição —Royal balança a
cabeça- — ele me deu uma carta
e disse que pode ser a mais
importante correspondência que
ele já tinha recebido. Ele me
disse, que iríamos falar sobre
isso quando ele voltasse, mas
uma semana depois, a sua esposa
voltou da viagem e me informou
que Steve estava morto. Abri a
carta para lidar com... as
complicações a respeito de sua
morte e sua viúva.
Complicações? O que isso
significa? Você morre e então é
isso, certo? Além disso, a
maneira como ele disse a viúva,
como se fosse uma palavra
desagradável, me faz pensar
sobre ela.
— Um par de meses mais
tarde, lembrei-me da carta. Você
quer saber o que dizia?
Era uma provocação horrível.
É claro que eu quero saber o que
diz a carta, mas não vou dar-lhe a
satisfação de uma resposta. Eu
mexi o meu rosto contra a janela.
Passam vários minutos antes
que Royal ceda.
— A carta era de sua mãe.
— O que?— Eu viro a minha
cabeça ao redor em choque.
Ele não parece convencido de
que ele finalmente ganhou a minha
atenção. A perda de seu amigo,
meu pai, está gravada por todo o
rosto, e pela primeira vez que eu
vejo Callum Royal, como o
homem que professa ser: um pai
que perdeu seu melhor amigo e
recebeu a surpresa de uma vida.
Antes que ele possa dizer
outra palavra, porém, o carro
chega a uma parada. Eu olho pela
janela e vejo que estamos fora da
cidade. Há uma longa faixa de
terra plana, um grande edifício de
um andar feita sob folhas de
metal, e uma torre. Perto do
edifício está um grande avião
branco com as palavras —
Atlantic Aviation— estampada
nele. Quando a Royal disse que
ele construía aviões, eu não
esperava esse tipo de avião. Eu
não sei o que eu esperava, mas
um enorme jato, suficientemente
grande para transportar centenas
de pessoas em todo o mundo, não
era.
— É seu?— Eu tenho um
tempo difícil, em entender.
— É, nós não vamos parar.
Eu puxo minha mão longe do
trinco da porta de prata pesada.
— O que você quer dizer?
Por enquanto, eu arquivei o
choque de ser sequestrada, da
existência e morte do doador de
esperma que ajudou na minha
fecundação, desta misteriosa
carta, e assisti com espanto e de
boca aberta quando nos dirigimos
pelos portões, passando por uma
construção, e sobre o que eu
presumo ser o campo de pouso.
Na parte de trás da pista, uma
escotilha desce e a rampa de
embarque atinge o solo, o
motorista Golias entra com o
carro no avião pela rampa, à
direita da barriga do avião.
Eu olho ao redor através do
para-brisa e vejo que a escotilha
com a rampa sobe e a porta do
avião se fecha. Assim que a porta
do avião está fechada, as
fechaduras das portas do carro
fazer um suave som. E eu fico
livre. De certa forma.
— Depois de você. — Callum
gesticula em direção à porta que
Golias está segurando aberta para
mim.
Com o paletó agarrado
firmemente em torno de mim, eu
tento reunir a compostura. Até o
avião está em melhores condições
do que eu, com meu espartilho de
stripper emprestado e saltos
desconfortáveis.
— Eu preciso me trocar. — Eu
sou grata por conseguir parecer
meio normal. Eu tive muita
experiência sendo humilhada, ao
longo dos anos eu aprendi que a
melhor defesa é um bom ataque.
Mas eu estou em um ponto abaixo
no momento. Eu não quero
ninguém, nem Golias, nem a
equipe de voo, olhando para mim
neste traje.
Esta é a minha primeira vez
em um avião. Antes era sempre
ônibus e, em alguns realmente,
terríveis caminhões com
motoristas. Mas isso é uma coisa
gigante, grande o suficiente para
abrigar um carro. Certamente há
algum lugar para me trocar.
Os olhos de Callum amolecem
e ele dá um aceno rápido para
Golias. — Vamos esperar lá em
cima.
Ele aponta para o final da sala.
— Através dessa porta há um
conjunto de escadas. Me avise
quando estiver pronta.
No minuto em que estou
sozinha, eu rapidamente troco
minha roupa de stripper para
minhas calcinhas mais
confortáveis, um par de calças
jeans, um top e uma flanela com
botão de cima a baixo, que eu
normalmente deixo aberta, mas
esta noite fecho tudo, deixando
apenas o botão da gola aberto. Eu
pareço uma mendiga, mas pelo
menos eu estou coberta.
Enfio a roupa de stripper na
mochila e verifico se o meu
dinheiro está lá. E está,
felizmente, juntamente com o
relógio de Steve. Meu pulso se
sente nu sem ele, e desde que
Callum já sabe, eu posso muito
bem usá-lo. No segundo que o
fecho no meu pulso, sinto-me
instantaneamente melhor, mais
forte. Eu posso enfrentar qualquer
coisa que Callum Royal tem para
mim.
Atirando a mochila por cima
do meu ombro, eu começo a andar
em direção à porta. Eu preciso de
dinheiro. Callum tem isso. Eu
preciso de um novo lugar para
morar, e rápido. Se eu conseguir
dinheiro suficiente com ele, eu
vou voar para o meu próximo
destino e começar novamente. Eu
sei como fazer isso.
Eu vou ficar bem.
Tudo vai ficar bem. Se eu
mentir para mim mesma por
tempo suficiente, eu vou acreditar
nisso... mesmo que não seja a
verdade.
Quando eu chego ao topo da
escada, Callum está lá esperando
por mim. Ele me apresenta para o
motorista. — Ella Harper, este é
Durand Sahadi. Durand, esta é a
filha de Steven, Ella.
— Prazer em conhecê-la, —
Durand diz em uma voz
ridiculamente profunda. Eita, ele
soa como Batman. — Sinto muito
pela sua perda.
Ele inclina a cabeça um pouco
e ele é tão agradável que seria
rude ignora-lo. Eu empurro minha
mochila e aperto sua mão
estendida. — Obrigada você.
— Obrigado, Durand. —
Callum descarta seu motorista e
se vira para mim.
— Vamos para nossos lugares.
Eu quero chegar em casa. É uma
viagem de avião de uma hora
para Bayview.
— Uma hora? Você trouxe um
avião para fazer uma viagem de
uma hora?— Exclamo.
— Teria me levado seis horas
de carro, o que é muito tempo. Já
levei nove semanas e um exército
de detetives para encontrá-la.
Desde que eu não tenho
quaisquer outras opções agora,
sigo Callum em direção a um
conjunto de assentos de couro
macios, na cor creme de frente um
para o outro, com uma mesa preta
de madeira situada entre eles. Ele
se instala em um, então gesticula
para que eu tome meu lugar à sua
frente. Um copo e uma garrafa já
tinha sido colocada, como se sua
equipe soubesse que ele não pode
funcionar sem uma bebida.
Do outro lado do corredor tem
um outro conjunto de cadeiras e
um sofá e nada além disso.
Pergunto-me, se eu poderia
conseguir um emprego como
assistente de voo para ele. Este
lugar é ainda melhor do que o seu
carro. Eu poderia viver aqui, sem
dúvida.
Eu me sento e coloco minha
mochila entre meus pés.
— Bonito relógio, — comenta
secamente.
— Obrigada. Minha mãe me
deu isso. Disse que era a única
coisa que meu pai deixou além de
seu nome e eu. — Não há nenhum
ponto em mentir mais. Se seu
exército de detetives o levou a
mim em Kirkwood, ele
provavelmente sabe mais sobre
mim e minha mãe do que eu. Ele
certamente parece saber muito
sobre o meu pai, e eu acho, contra
o meu melhor julgamento, que eu
estou morrendo de fome por essa
informação. — Onde está a carta?
— Em casa. Eu vou dar a você
quando chegarmos. — Ele pega
uma carteira de couro e uma pilha
de dinheiro, o tipo que você vê
nos filmes com um invólucro
branco em torno dele. — Quero
fazer um acordo com você, Ella.
Eu sei que meus olhos estão
tão grandes como pires, mas não
posso ajudá-lo. Eu nunca vi tantas
notas de cem dólares em toda a
minha vida.
Ele empurra a pilha toda a
superfície escura até que a pilha
de notas fica em minha frente.
Talvez este é um game show ou
algum tipo de programa de
televisão realmente? Eu seguro
minha boca fechada e tento
enrijecer. Ninguém me faz de
boba.
— Vamos ouvi-lo, — eu digo,
cruzando os braços e olhando
para Callum com olhos estreitos.
— Do que eu posso dizer,
você está ralando para se
sustentar e obter um diploma na
escola secundária. De lá, eu
presumo que você gostaria de ir
para a faculdade e desistir de
fazer strip, então talvez fazer
outra coisa. Talvez você gostaria
de ser uma contadora ou médica
ou advogada. Este dinheiro é um
gesto de boa fé. — Ele bate as
notas. — Está pilha contém dez
mil dólares. Para cada
mês que você ficar comigo, eu
vou te dar a mesma quantidade.
Se você ficar comigo até que
você se forme no ensino médio,
você receberá um bônus de
duzentos mil. Que vai pagar por
sua educação na faculdade,
habitação, vestuário e alimentos.
Se você se formar com notas
altas, você vai receber outro
bônus substancial.
— Qual é o truque?— Minhas
mãos coçam para pegar o
dinheiro, encontrar um
paraquedas e escapar das garras
de Callum Royal, antes que ele
possa dizer sua real intenção.
Em vez disso, eu fico sentada,
à espera de ouvir que tipo de
ação doente eu vou ter que fazer
para obter este dinheiro e debater
internamente sobre os meus
limites.
— A questão é, você não luta.
Você não tenta fugir. Você aceita
a minha tutela. Você vive em
minha casa. Você trata meus
filhos como seus irmãos. Se você
fizer isso, você pode ter a vida
que você sonhou. — Ele faz uma
pausa. — A vida que Steve
gostaria que você tivesse.
— E o que eu tenho que fazer
por você?— Eu preciso dos
termos enunciados claramente.
Os olhos de Callum ampliam e
seu rosto assume um tom
esverdeado. — Nada para mim.
Você é uma menina muito bonita,
Ella, mas você é uma menina e eu
sou um homem de quarenta e dois
anos de idade, com cinco filhos.
Tenha certeza, eu tenho uma
namorada atraente que atende
todas as minhas necessidades.
Ewww. Eu ergo uma mão. —
Ok, eu não preciso de mais
nenhuma explicação.
Callum ri com alívio, antes
que seu tom fique sério
novamente. — Eu sei que não
posso substituir seus pais, mas eu
estou aqui para você de qualquer
maneira que você precisar deles.
Você pode ter perdido sua
família, mas você não está mais
sozinha, Ella. Você é uma Royal
agora

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