CAPÍTULO 12

253 70 1.1K
                                    

“Todos nós queremos ser alguém, mas temos medo de descobrir que não somos tão bons quanto todo mundo imagina que somos.
(Carta De Amor Aos Mortos – Ava Dellaira)

JÁ ESTAVA NO MEIO DE MARÇO e as primeiras provas do ano se aproximavam. Martina intercalava um dia estudando e o outro não, para não sobrecarregar tanto sua mente. Mas ela estava preocupada… Os métodos de avaliação do novo colégio eram diferentes do antigo. Não estava preocupada consigo mesma, achava que conseguiria se adaptar bem à mudança, mas sim com Maria Júlia. Desde que tinha oito anos, foi diagnosticada com TDAH, e desde então fazia acompanhamento terapêutico e tomava remédios. Essa condição foi um dos motivos pelo qual teve que repetir o terceiro ano. Tini sempre ajudou todos os irmãos com os estudos, mas tinha uma atenção especial com Maju. No antigo colégio, quase arrumou uma briga com a secretária só porque deixaram as duas em salas diferentes.

Como eu iria ajudá-la, sendo que estávamos longe uma da outra?

Foi por isso que Tini criou o hábito de revisar sempre uma nova matéria quando chegava em casa. Assim, quando Maju vinha perguntar ou fazer o dever com ela, Tini já sabia a resposta. No entanto, o problema das salas diferentes surgiu novamente, mas Maju não deixou a irmã tentar mudar a situação. Elas estavam em um colégio novo e, além disso, ela era a irmã mais velha. Era ela que deveria fazer esse papel, não Tini.

Maria Victória e Nicolas também pensavam assim, mas não tinha jeito. Mesmo sendo a mais nova entre os quatro, Tini assumiu esse papel de “irmã mais velha”, depois que algumas coisas aconteceram na família, e não havia ninguém que conseguisse entendê-los melhor que ela. Tini brigava e os acolhia. Dava conselhos e falava “eu avisei”, quando não os seguiam. Sempre foi assim. Tini por eles e eles por Tini.

— Você tem certeza que não quer que eu tente? — Tini perguntou ainda não concordando com a decisão da irmã.

— Tenho — Maju fechou a porta do armário e elas andaram pelo corredor. — Tini, você me ajuda desde os oito anos. Está na hora de eu tentar me virar um pouco sozinha.

— Tudo bem, eu te entendo. É só que…

— Além do mais, tem o Nick, a Lina e o Quim… Eu não estou sozinha.

— Você contou para o Quim? — Elas pararam de andar.

— Sim, eu acho que até demorei demais para contar — Maju levantou os ombros. — Somos amigos há um tempo, mas agora sentamos lado a lado e uma hora ele ia descobrir. Preferi que ele soubesse por mim.

— Fico feliz que você tenha contado pra ele — Tini a apoiou. — Então, ele está te ajudando?

— Sim, ele está te imitando. Dando uma de “irmã mais velha” — Maju fez uma pausa. — Se bem que no caso dele seria irmão e não irmã — Ela riu da própria piada.

— No caso dele, não seria irmão e sim namo…

— Tchau, Tini! — Maju não deixou a irmã terminar de falar e foi para a sala de aula.

Tini ia atrás da irmã, mas ouviu o sinal tocando e deu meia volta, indo para sua sala. Era uma terça-feira, então a aula seria de biologia. A aula ocorreu normalmente, mas ela percebeu que a professora tinha alguma coisa para contar a eles. E Tini estava certa. Quando faltavam uns cinco minutos para a aula terminar, a professora pediu a atenção de todos e começou a falar:

3. DESTINOS ENTRELAÇADOS: Martina & IsabelaOnde histórias criam vida. Descubra agora