DEPOIS DO FIM

Capítulo 33

Desespero. Rejeição. Decepção.

Era aquilo que eu sentia. Eu podia lidar com muitas coisas, mas um PA mentiroso, falso, que engana, manipula, não. Burra! Como eu fui burra. Ele disse que me amava e me deixou na cama dele pra ir ficar com ela. Babaca! Atravesso a pista de dança correndo sem falar com ninguém, e saio daquele lugar. Dou sinal pra um táxi e entro no primeiro que para. Eu precisava espairecer todas aquelas informações.

Xxx: Deseja ir pra onde? – O taxista perguntou.

Jade: Pra qualquer lugar, só me tira daqui. – Eu não sabia pra onde ir, nem o que faria, só queria ficar sozinha e assimilar o que estava acontecendo. Eu não quero chorar, eu não devo chorar, porra, eu já estou chorando. Meu Deus Jade Picon , onde foi que você se meteu. Fecho meus olhos com tanta força que eles chegam a doer. Nunca esperava esse tipo de comportamento do PA, e o pior é que eu não consigo sentir ódio porque eu amo esse idiota, e ele disse que amava, isso não sai da minha cabeça. Ele não precisava me iludir, a gente poderia ter continuado como amigos, e ninguém sairia machucado. Respiro fundo tentando me acalmar.

Xxx: Você está bem? Estamos dando voltas no quarteirão a um tempo. A corrida vai ficar cara. – A voz do taxista me tira dos meus pensamentos.

Jade: Me leva de volta pra onde me pegou. – Respondi e o vi dando a volta. Limpei o meu rosto com a mão e tentei acertar minha maquiagem o máximo possível. Eu havia chorado bastante, meus olhos estavam inchados e meu nariz estava vermelho mas eu ainda continuava linda.O PA havia me machucado demais só que aquilo não acabaria comigo. Em minha filosofia de vida, na maioria das vezes eu deixava as coisas passarem. Quanto mais valor você da, mais aquilo te atinge, mas dessa vez eu faria diferente. Era a minha vez de dar o troco.

Xxx: Chegamos. – Paguei o taxista e desci na porta da festa. Peguei meu celular e vi que tinham diversas chamadas perdidas e mensagens da Nina, do Léo e do PA. Diferente da minha chegada, entrei pela porta principal mesmo. Posei para o máximo de fotos que consegui e preferi ignorar os fãs que gritavam por mim, não estava no clima de atendê-los e não queria destratar ninguém. Pedi passagem para o segurança e entrei direto no camarote. Me escorei no bar que tinha nele e pedi uma tequila.

 L7 já cantava e PA, DG, Scooby e a tropa já dançavam animados no palco. Em frente deles na primeira fileira, Thays rebolava desengonçada e viu que eu havia voltado, porque começou a alisar a barriga e cochichou no ouvido da namorada do Matheus. Leo não estava a vista e Nina tinha sumido, provavelmente estava beijando alguém. Enquanto o segundo shot de tequila descia queimando minha garganta, eu só imaginava o que PA sentiria quando soubesse que seria pai novamente. No chá de bebê do seu irmão, ele ficou tão eufórico, que surtaria de felicidade quando descobrisse que teria outro filho. 

Que merda, não quero ele feliz, quero ele triste, devastado, como eu estou me sentindo. Fiquei olhando para o palco até que o olhar dele se encontrou com o meu. Ele cantava Perdição e apontou pra mim. Não consegui segurar e uma lágrima saiu dos meus olhos.

" Temos todas as opções pra viver dias melhores, cê sabe que me tem na mão pena que tu não se envolve, ela roubou meu coração, olha que nem tinha revólver, agora eu tô na solidão, faz favor devolve"

Ironicamente, era assim que eu me sentia. Na solidão, e sem coração, ele tinha roubado tudo. Tomo mais uma dose e pego minhas coisas pra ir até ele, eu precisava ouvi-lo, ele tinha que ter uma explicação, ninguém mente tão bem assim. Ao me mover rápido dou uma cambaleada ao ponto de quase cair e sinto uma mão me segurar.

Xxx: Calma Jadinha. – Eu não respondo nada e olho pro palco vendo a Thays cochichar algo no ouvido do PA. Sem pensar, dou um selinho no Gabriel, que entendeu aquilo como um sinal para continuar. Eu não fecho meus olhos, apenas aceito seus lábios nos meus. Não mexo minha boca, fico estática apenas sentindo o que ele fazia comigo. Os flashs começaram a brilhar e o show no palco já não era tão interessante; as pessoas ao nosso redor pararam o que faziam e começaram a filmar, fotografar e ouvi uma voz dizendo "o PA parou de cantar". Sem dizer nada, me soltei daquele corpo e sai rapidamente para os fundos da festa. Solto o ar que estava prendendo nesse tempo todo e tento me acalmar, pego meu celular e ligo pra Nina, que não demora pra atender.

Jade: Nina, pelo amor de Deus, me tira daqui. – O barulho estava demais e ela não conseguia me ouvir direito porque só gritava "alô". Desliguei o telefone e fui para a saída, quando ouvi a voz dele me chamar.