Prólogo

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Nós nascemos morrendo, desde o início à mercê da morte. Contra nossa própria vontade, adotamos manias passadas por gerações; opiniões construídas artificialmente e concordamos arduamente com cada palavra expelida pela boca suja daqueles que a cospem.

"Cala-te, criança estúpida! Não sabe sobre o que fala.... Arg! Abra sua boca novamente e farei questão de quebrar seus dentes".

Tente mudar o mundo, futuro. Falhe e morra.

Entre o amor e a educação, O ódio habita; esticando seus braços de tormenta, abraçando-nos com força amargurada e prendendo-nos no loop eterno de dor.

A maldição aplicada em nossa alma ressoa e reside em nossas mentes, degradando o solo que um dia fora verde.

Os dias nascem e morrem, tornando impossível o levantar de sua cabeça, o limpar de suas lágrimas e o infernal preparo para a luta interminável com aquilo que nos assusta. Entretanto, cabe a nós não cedermos. Devemos permanecer na guerra diária com o passado inóspito e "não nosso" para que um dia possamos caminhar em paz no futuro.

Chute a barriga daquele que lhe impede e beije o rosto de quem teme.

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Nunca gostei de pensar em frases como:

"A vida é como uma brisa em uma tarde ensolarada, gostosa, mas é passageira"

"Aprecie o tempo que lhe resta aqui"

"Ame quem lhe odeia e abrace quem te ama"

São tão clichês quanto as pessoas que as dizem! Porém, foi exatamente isso que pensei parar iniciar o quê contando a você; mostrar um pedaço de minha memória... Hipócrita, né? Mas não estou lhe escrevendo, minha amiga, como um juiz impiedoso, fincando lanças naqueles que merecem pagar por seus erros... Não, venho para demonstrar um pouco do amor que senti em meio ao caos; o amor que me ensinara.

A ideia de que nada é fixo, eterno, me conforta e assusta; me supõe a nostalgia de algo que não vivi, e que possivelmente nunca viverei, mas sinto como se essa experiência estivesse sendo doada a mim... Talvez sendo doada por um ser que se esconde atrás das cortinas.

Me imagino pensando sobre esse assunto interminável, prostrando-me sobre o fato de que existiram tantas mentes brilhantes que morreram e morrem por não estarem na época certa; por não refletirem com exatidão a mentira que lhe contaram; a qual ainda se prolifera.

"Por muito, sofri e chorei, urrando pelos seus braços. Agarro a memória e o formato do seu corpo, beijo-o e limpo-o com a imensidão de meu carinho. Por favor volte"

A lama que um dia trouxera, ficou onde deixara; onde pisotearas com todo o ardor de teu ser. Abandonada, deixei-a.

{●}

Minha cidade modesta e meu coração ambicioso, não tínhamos compatibilidade e com medo a abandonei contra minha própria vontade; contra meu desejo de continuar crescendo no solo em que nasci.

Infelizmente fui covarde; fugi de meus medos e ansiedades, corri de meu futuro e agarrei a mão do meu coração. Despachei-me a um lugar longe e seguro, onde a luz não alcança e o calor humano não queima.

— Com saudades, Gab.

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Por onde você anda - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora