Capítulo 14

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  Encontramos o Sr. Thomas em sua residência, junto aos seus dois irmãos e o pai. Fomos inicialmente tão bem recebidos que fiquei menos tensa com a situação. Assim que pus os olhos em Sr. Thomas, ele sorriu, e eu sorri de volta.

— Sr. Thomas...

— Srta. Wrigert. É um prazer vê-la novamente.

Os irmãos e o pai nos são apresentados e sentamos para o chá da tarde. Assuntos aleatórios entre os homens, ficando eu de fora. Mas aproveitei para apreciar este homem que se adentrou em meu coração sem nenhum pudor. Ele me encarou algumas vezes, com seus olhos gentis e cativantes.

— Srta. Beline, gostaria de andar um pouco e conhecer a propriedade? Lembro-me de ter lhe prometido que o faria. — Ele disse, mas eu não me recordei dessa promessa. Concluí que ele tenha usado como desculpa para me tirar dali.

— Adoraria, Sr. Thomas.

Ele me oferece o braço e eu seguro. Não consegui esconder a alegria de tê-lo só para mim, mesmo que fosse durar tão pouco tempo. Até o dia anterior, eu pensava que nunca mais o veria.

— Como a senhorita tem andando?

— Bem, eu acho. Muitas coisas acontecendo, e, ao mesmo tempo, tão quieto.

— Compreendo.

— Pensei que o senhor já pudesse ter partido.

— Então a senhorita recebeu minha carta.

— Sim, eu a recebi.

— Já deve ter sabido por seu irmão que minha partiu recentemente.

Sim, eu soube. Sinto muito, Sr. Thomas. Meus sinceros pêsames.

— Fico grato. — Ele força um sorriso para me deixar menos desconfortável. — Ela partiu em paz, mas é difícil aceitar algo assim, não é?

— Certamente. Sei muito bem como o senhor se sente.

— E a que a trouxe a Londres?

— Bom, é... — Eu não sabia por onde começar, e se deveria de fato ser franca com ele. — Meu irmão e eu queríamos nos certificar de algo. É algo particular... Eu não saberia por onde começar.

— Tem relação com os seus pretendentes? Desconfio que já tenha escolhido alguém.

— Na verdade, escolhi sim. Porém, eu não sei se é recíproco.

— Isso está ficando interessante. Estamos trocando confidências novamente?

— Sempre acabamos assim.

— Por falar em confidências, a data do meu retorno ao posto está marcada. Partirei em três dias. Se não fosse a morte de minha amada mãe, eu já deveria estar lá.

— Então voltará mesmo para o mar? Quando planeja retornar de lá?

— É complicado. Meu pai e eu estamos em atrito constante desde que voltei. Pensei que meu retorno fosse acalmar seu temperamento, mas ele continua me acusando e me culpando por quase tudo. Meus irmãos conseguem lidar melhor com ele, e acredito que nunca conseguirei desenvolver tal habilidade. Meu pai tem um temperamento difícil, eu diria.

— Nota-se que o senhor é parecido com ele, mas consegue ser maleável e justo.

Já me disseram a mesma coisa. Na verdade, era o que minha mãe sempre dizia.

— Prova de que estou certa.

— E então, o que a trouxe, srta. Beline?

Abaixei a cabeça, fazendo uma pausa. Eu precisava decidir se finamente confessava meus sentimentos, sabendo que ele partiria para longe, com mais chances maiores de ser rejeitada. Meu coração batia tão forte que pensei que desmaiaria se me acalmasse. Respirei fundo e me convenci de que se eu não fizesse o que o meu coração queria, me arrependeria para sempre.

— Vim confessar meus sentimentos ao senhor.

Ele cessa os passos, surpreso com o que ouviu. O seu silêncio me atormentava e me deixava mais nervosa do que eu já estivera.

— Diga algo... mesmo que seja para me rejeitar.

— Eu... não sei o que dizer.

— Deixe para lá. Esqueça e finja que eu não disse nada.

— Como posso fingir, esquecer? Desde que, meus olhos pousaram na senhorita pela primeira vez, tenho me sentido diferente. Embora eu me encontrava no infortúnio de ter o coração partido e ainda descrente do amor, a senhorita mudou meu mundo de um jeito que nunca aconteceu antes. O que quero dizer, é que também tenho sentimentos pela senhorita...

— Eu queria lhe ter confessado antes, Sr. Thomas, mas tive receios...

— Minha doce Beline, o que faremos? Partirei em tão pouco tempo e não posso mudar isso. Também não quero deixá-la para trás. Meus desejos se encontram com os seus, e tudo o que posso querer, é cortejá-la e merecê-la.

— Não quero que vá, agora que toda a minha agonia acabou. Sr. Thomas, eu quero prometer que o esperarei, se também me prometer que quer me encontrar quando voltar. Não importa quanto tempo se passe, eu prometo que continuarei a esperá-lo.

— Não posso fazer isso. É injusto com a senhorita, e não tenho uma boa experiência com isso. Não posso fazê-la me esperar, doce Beline.

— Não há lugar para outro em meu coração, Sr. Thomas.

— Certamente também não há para outra dama no meu, senhorita.

Nossas mãos se grudam e nos olhamos nos olhos e compartilhamos a felicidade de um amor correspondido.

— Eu a amo. Eu a amo intensamente, senhorita. — Diz. — Eu a amo desde o primeiro momento que a vi.

— Sr. Thomas... Não parece que ao nosso redor tudo pára?

Ele sorri.

Caminhamos lado a lado de volta para os outros, sem conseguirmos disfarçar nossos sorrisos. Suponho que todos perceberam que algo aconteceu entre nós. Louis e Olívia nos encaravam, com olhares acusatórios.

— Vejo que vocês são próximos. — Comentou o Sr. Lancaster. Um pouco surpreso, eu diria.

— Estive com a srta. Wrigert em muitas ocasiões, meu pai.

— Vocês conversaram? — Louis interferiu.

Sr. Thomas e eu nos olhamos.

— Sim, meu irmão. Conversamos um pouco.

— Sr. Wrigert, podemos ter uma palavra em particular? — Disse Sr. Thomas para Louis, que me encarava sem parar.

— Sim.

Os dois se afastaram em uma conversa particular, enquanto o Sr. Lancaster me analisava por cada movimento que eu dava, e a cada olhar que lançava para Sr. Thomas. 

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