Capítulo 9

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Uma semana depois da minha visita, Louis finalmente se casou com Olívia e os dois moraram conosco. Meu pai faleceu dois dias depois do casamento, deixando a nossa família totalmente devastada. Minha mãe se trancou no quarto, ficando presa em seu próprio luto, enquanto Louis, Leo e George lidavam à maneira deles com a partida do nosso pai.

Meus tios compareceram ao velório, quase que comemorando, e eles mal sabiam que Louis tinha total autoridade sobre os bens da família. Eles se hospedaram por dois dias em nossa casa e foi angustiante tê-los por perto. Fizeram questão de avaliar com os próprios olhos tudo o que meu pai construiu ao longo dos anos. Ao partirem, prometeram retornar em breve, e torcíamos para que eles não voltassem. Nada havia mudado, eles continuavam sendo os mesmos.

Com Olívia morando conosco, eu passava as tardes bordando ao lado dela, ou saíamos para dar uma volta na cidade ou no jardim central. Charlotte às vezes aparecia, e notei que ela andara enciumada da minha cunhada. Muitas vezes, testava minha paciência.

Thomas não compareceu ao casamento de Louis. Por outro lado, Benjamin se fez presente, quase que o tempo todo. Cada cortejo seu, era um tormento no meu coração que pulsava por outro homem. Thomas. Sempre ele.

Desde a morte do meu pai, eu não consegui ajudar minha mãe a recolher os objetos dele. A última vez em que estive com ele, ouvi apenas seus apelos para me casar e ser feliz, escolhendo um bom homem. Confessei-lhe os meus sentimentos por Thomas, e não teve tempo de dar sua permissão caso houvesse qualquer possibilidade de me casar com ele. Eu queria ter recebido a graça da benção de meu pai para me casar com o homem que me tirava o fôlego e fazia minha alma arder. Com tudo, encontrei uma carta que ele escrevera enquanto estive em Coleshill persuadindo Louis e Olívia para se casarem. A carta estava junto às outras em uma pequena caixa particular, que somente ele tinha acesso.

"Minha querida e abençoada filha.

Que essa carta a encontre com o coração sereno e em paz. Provavelmente eu já parti e minha ausência esteja doendo em sua alma, mas saiba que cumpri a minha jornada e fui feliz.

Tudo o que eu desejo agora, é que seu futuro seja brilhante e cheio de amor. Que encontre um homem que mereça o seu coração e seu respeito. É tudo o que um pai pode desejar à sua filha. Se você for feliz, estará fazendo a alma deste pai que tanto lhe ama a ter paz e tranquilidade. E me perdoe por não estar por perto. Perdoe-me, minha menina.

Cuide de sua mãe, dos seus irmãos. Cuidem um dos outros, isso é o mais importante, e é o que fortalecerá a família, dia pós dia.

Deixo aqui, todo o meu amor que será eterno por você e seus irmãos. Sempre a amarei, minha menina! Que a felicidade sempre esteja em seu caminho.

Do seu pai, com todo o amor do mundo.

Edmund Wrigert".

Lágrimas escorreram em minha face, sem eu perceber. Ler suas últimas palavras endereçadas a mim era mais que emocionante, e a saudade só aumentava.

Meus irmãos também receberam uma carta dele, assim como minha mãe, que chorou copiosamente, lendo e relendo dezenas de vezes. Segundo ela, foi o melhor testamento que meu pai deixou para nós.

Chegada a primavera, Beaconsfield toda sai de casa para receber estação contemplando o desabrochar das flores multicoloridas no jardim central. Charlotte, Olívia, minha mãe e eu, andávamos pela pequena trilha quando encontramos o Sr. Thomas Lancaster andando com a cabeça baixa. Meu coração deu um salto tão grande que tive receei que os outros tivessem percebido.

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