Dezesseis

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Seus olhos cinzas percorriam a estação, olhando tediosamente para todas as pessoas sem graça que já conhecia.

Saber o nome e status dos outros alunos foi algo que seu pai há muito fez ele saber.

Este, que estava ao seu lado, também refletia suas ações, porém seu semblante era esnobe e mesquinho. Como se estivesse acima de tudo e todos ali naquele lugar.

- Este é seu último ano, Draco. Vou lhe lembrar uma última vez: não me decepcione.

Porém, seu filho já havia perdido a atenção nele antes mesmo de começar a falar, pois algo muito mais impressionante havia acontecido.

Um aluno novo.

E não era apenas isso.

O menino tinha um elfo doméstico em sua companhia, e ainda fez a proeza de realizar magia no meio de todos.

O fato do rapaz ter o elfo não era tão marcante, até por que ele também tinha. Mas se abaixar de igual para igual para lhe responder, isso sim foi chocante.

E só piorava com o fato dos dois desaparecerem num piscar de olhos, fazendo Draco pensar que teriam aparatado dali.

Mas sabia que isso era impossível, ninguém poderia fazer isso.

Então se tocou, vendo o lugar que eles estavam tremeluzir, que o que ele fez foi lançar um feitiço de privacidade. Conhecido por ele pelas incontáveis vezes que seu pai usou para lhe privar de muitas informações.

Um toque em seu ombro direito fez ele focar sua atenção em sua família, que estava lhe olhando em dúvida.

- Draco, querido, algo aconteceu? – Foi sua mãe quem perguntou dessa vez.

Quem mais seria que o chamaria de  querido em público?

Ele olhou para o lugar que antes prenderá lhe sua atenção, e viu o menino e o elfo aparecem de novo, porém já embarcando no trem.

- Estou sim mamãe. Só pensativo sobre esse último ano, não se preocupe. E pai, - arrastou seu olhar para o homem de longos cabelos brancos – não irei lhe decepcionar.

Enquanto se despedia deles, dando um beijo na bochecha de sua mãe, e um aceno com a cabeça para seu pai, seguiu para dentro do trem com a cabeça a mil, e mesmo humanamente impossível, um pouco mais pálido.

*

Olhava pela janela, vendo que seus pais já haviam sumido, notando com uma leve inveja – que ele nunca iria admitir – os outros adultos lançarem olhares de saudade para seus filhos.

Suspirou.

- Dray, você está tão distraído hoje. É sobre a missão? – Pansy perguntou, sentada em seu lado da cabine.

Ele então virou rapidamente sua cabeça para ela e lhe lançou seu olhar gélido que ninguém – ninguém – conseguia sustentar, e viu ela desmanchar o sorriso torto em seu rosto e se encolher.

Antes de conseguir pronunciar algo, Blaise revirou os olhos e levantou os braços sobre a cabeça, em uma posição confortável no banco.

- Você não deveria contar pra ela, já que sabe que ela nunca consegue manter essa boca fechada.

- Ei! Você como meu noivo deveria me defender, não me ofender. Idiota.

Draco relaxou um pouco a postura, também revirando os olhos.

- Calem a boca. – Mas não se arrependia de compartilhar aquele segredo com os dois melhores amigos.

O fardo era grande demais para ele aguentar sozinho.

Grindelwald e o Herdeiro do Caos Onde histórias criam vida. Descubra agora