O orvalho do amanhecer cobria com pequenas gotículas o lado de fora da estufa de vidro, fazendo a paisagem ficar um pouco desfocada.
Daquela exata localização que se encontrava, dava para ver exatamente o nascer e o pôr do sol.
E agora ele estava surgindo no céu escuro, iluminando e aquecendo a superfície onde encostava.
Olhando para o lado contrário, ainda dava para ver algumas estrelas no céu escuro, sumindo na claridade e dando espaço apenas para a estrela maior brilhar.
Hades poderia usar magia para limpar o vidro e olhar nitidamente para aquele show que o universo estava o presenteando, mas nesse momento, o sentido literal que ele estava vivendo era o mesmo que sentia no figurado, em seu interior.
Enxergando o mundo por dentro de uma caixa de vidro embaçada, sem poder tocar, sentir, respirar.
Ultimamente ele vinha se sentindo sufocado na própria pele, era muitos sentimentos e emoções que ele nunca teve. As vezes pode ser demais.
Por isso desde que o jardim o foi presenteado, ele quase não sai daqui, principalmente a noite quando o brilho da lua e das estrelas dava um toque especial as pétalas delicadas de suas flores preferidas.
Era melhor prestar atenção em sua reação física a caixa de vidro do que se aprofundar na sua mental.
Ele gostava dessa, o cheiro das flores, de terra molhada, o canto dos pássaros vindo do lado de fora, a luz natural.
Ele sabia o que estava fazendo, ignorando todos as suas emoções em prol de viver o presente fora de sua mente. Mas era inevitável.
O lema que sempre cantava quando era criança era algo que não sairia fácil de si.
“ Encobrir, não sentir...”
*
Sirius estava parado no arco que ligava o jardim a clareira, onde Hades se encontrava.
A visão que estava tendo, ao mesmo tempo que aquecia seu coração, lhe estilhaçava com mil balas de revólver.
O seu garotinho estava sentado no balanço, se movendo leve e lentamente enquanto tinha um sorriso mínimo, vendo o sol nascer.
Se fosse qualquer outra pessoa, não haveria nada de errado no quadro. Mas seu afilhado não era qualquer pessoa.
Saber que ele constantemente preferia ficar sozinho, em seu próprio mundo... Que só se permitia dar pequenos sorrisos quando não tinha ninguém por perto.
E os toques físicos... Ah, aquilo era algo que quebrava tanto Sirius, porque ele amava isso, era sua forma de demonstrar amor.
E ver seu afilhado estremecer toda vez que ele chegava perto, fazia os pedaços partidos de seu coração virarem farelo.
Suspirou fundo, jogando esses pensamentos turbulosos para o fundo de sua mente e dando um passo para mais perto.
- Muito bonito, não é? – perguntou, se sentando no outro acento e dando impulso com os pés para se balançar.
- É mais que bonito. É grandioso, fantástico, deslumbrante e divino. Quase não se há palavras no vocabulário para descrever essa visão. – Falou Hades, sem tirar os olhos do brilho alaranjado que o sol emitia agora.
- Uau, alguém está apaixonado em. – Brincou o bruxo. – Quem é esse tal de sol aí? Vai ter que pedir permissão pra mim primeiro.
Hades deu um riso anasalado, enquanto balançava a cabeça pelas brincadeiras de Sirius.
- É sério, Sirius. Vai me dizer que com essas palavras você descreveria qualquer outra coisa nesse mundo?
O sorriso de Sirius foi se desfazendo, enquanto seus olhos perdiam o brilho. Olhou para a paisagem que realmente era de tirar o fôlego, com todas aquelas florestas e montanhas banhadas pelo brilho dourado do sol, fazendo ser sua própria pintura pessoal.
Mas aquilo não era a coisa que já conheceu, que todos aqueles adjetivos descreviam.
Ou a pessoa.
Involuntariamente sua mão direita foi para o pingente de lobo em seu pulso, enquanto ele se perdiam em memórias.
Hades viu aquilo, e se perguntou qual história seria essa envolvendo esse adereço, e porquê seu padrinho sempre ficava triste quando associava qualquer coisa a ele.
- Eu estou realmente curioso sobre essa sua resposta sem palavras, mas não vou te forçar a falar sobre isso. Apenas quando se sentir a vontade. – Hades comentou, levantando a mão e alisando o topo da cabeça do outro homem.
Sirius olhou para ele com um sorriso triste.
- Quando for o momento certo eu te conto. – Então ajeitou a sua postura caída, piscando os olhos para afastar a umidade. – Enfim, vim aqui te procurar pra falar sobre assuntos mais sérios. — Respirou fundo antes de contínua. – Seu aniversário está chegando e consequentemente o 01 de setembro, quando começam as aulas. Você está no último ano agora, certo?
- Sim. Em que você está pensando? – Perguntou curioso, enquanto olhava atentamente para ele.
- Que tal Hogwarts? Eu sei que você já estava acostumado com sua antiga escola, mas acho que você gostaria de poder recomeçar de novo, escrever sua história com suas próprias mãos. – Pela sua voz dava para ver que ele estava um pouco inseguro quanto a resposta, e quando olhou cautelosamente para o afilhado notou um sorriso mínimo e suave em seus lábios, com um brilho nos olhos.
- Eu gosto disso. – Algo quente e borbulhante estava em seu estômago agora, fazendo seu sangue correr mais rápido sobre suas veias. Esperança? Ansiedade?
Isso era realmente difícil para ele.
Mas uma coisa era certa, ele estava realmente animado para começar o último ano letivo em hogwarts.
***Notas:
Este é bem pequeno, mas vou tentar não demorar muito pra voltar.
VOTEM :)
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Grindelwald e o Herdeiro do Caos
Fiksi Penggemar(EM ANDAMENTO) Depois de se livrar do atual lorde das trevas e sequestrar Harry Potter, Grindelwald o cria para ele pensar que é seu pai, entretanto, a única coisa que ele quer do agora pequeno Hades, é que ele seja um soldado perfeito, frio e insen...