O jardim secreto

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DOIS ANOS DE IDADE:

Passos eram ouvidos correndo desajeitadamente pelos corredores forrados de carpete da mansão.

Um elfo doméstico corria logo atrás, tentando alcançar a criança e temendo que o senhor não lhe maltratasse. Suas pequenas mãozinhas finas e deformadas se contorciam e já se imaginava tendo que queimá-las na brasa por ter perdido o filho de seu senhor, mais uma vez, em menos de uma hora.

- HADES GRINDELWALD PEVERELL! - Uma voz estrondosa foi ouvida pelos quatro cantos do lugar, assustado a criança que estava correndo alegremente atrás de uma borboleta azul. Assustando o elfo doméstico que travou no lugar com uma expressão de horror no rosto contorcido.

Hades, antes Harry, se encolheu diante do tom de seu pai e seus olhos se encheram de lágrimas, que não se sustentaram mais sobre os olhos e caíram grossas e quentes sobre sua bochecha vermelha e gordinha.

Grindelwald suspirou, indo de encontro a criança e o pegou no colo, levantando seu rosto molhado com o dedo, o fazendo olhar em seus olhos.

- Filho meu não corre. Filho meu não ri abertamente. Filho meu não chora. Engula o choro. - Sua voz estava suave, porém fria. Não querendo assustar mais a criança.

Hades balançou a cabeça concordando e escondeu o rosto nas duas mãos enquanto tentava engolir o soluço que tentava sair teimosamente.

- Não ouvi. - Falou mais duro, enquanto o levava para a biblioteca da ala leste.

- Si papa. - Sua voz estava anasalada pelo choro, mas ainda assim o pai acenou com a cabeça em aprovação.

Quando chegaram a imensidão que era o mar de livros do ambiente, os olhos da criança brilharam diante de todas aquelas coisas que ainda não lhe foram apresentadas.

O homem o colocou sentado em uma poltrona em frente a uma mesa de madeira, e saiu em busca de um livro que tinha em mente.

Quando voltou, apoiou o livro em cima da mesa e abriu na primeira página do livro todos os tipos de magia para iniciantes.
Puxou uma cadeira que estava em seu lado e se sentou junto dele, que lhe olhava curioso sob os longos cílios molhados.

- Já está na hora de você saber sobre o mundo que um dia iremos governar, senhorzinho do inferno. - Hades sorriu com o apelido, mostrando alguns pequenos dentes de leite, mas logo tampou a boca e tentou imitar a falta de expressão de seu pai, temendo ser corrigido de novo.

- Si papa.

- Hoje iniciaremos suas aulas, já passou da hora de você crescer. Lembre-se Hades, eu sou seu pai mas não sou misericordioso. Não me tire do sério, estou depositando minha esperança em você. Não me decepcione. - Falou aquilo tudo enquanto olhava friamente para a criança encolhida em seu lado, com o coração acelerado, e os nós dos dedos brancos de tanto apertar a barra da camisa.

Hades queria chorar, queria apenas deitar em sua cama e abraçar seu bichinho de pelúcia em forma de cachorro que ganhou de um "amigo" - seguidor - de seu pai. Queria apertar o Boris e sentir o pelo artificial de sua barriga. Mas não podia.

"Nunca sentir, nunca sorrir, nunca amar"

Repetia como um mantra o que seu pai lhe ordenou, enquanto olhava as palavras difíceis do livro grosso em sua frente.

*


TRÊS ANOS DE IDADE:

A criança de cabelos negros antes naturalmente desarrumado - agora totalmente penteados e controlados para trás por meio de feitiços e poções - estava em pé com os ombros curvados enquanto observava uma borboleta azul passar voando pela janela de vidro da biblioteca que dava para o jardim.

Grindelwald e o Herdeiro do Caos Onde histórias criam vida. Descubra agora