Capítulo Oito: Um Teste de Fé

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Capítulo Oito: Um Teste de Fé

A caverna era iluminada por duas fogueiras crepitantes. A luz deles cintilou sobre as paredes pintadas com fuligem e cinzas. Harry segurou a mão de Draco com força, mesmo quando suas palmas começaram a suar. Eles enfrentaram uma cadeira vazia feita de pedra branca. A fumaça subiu por baixo dele, enrolando-se ao redor do assento gigantesco, depois desaparecendo na escuridão acima.

"Onde ela está?" Draco deu um passo à frente. Harry se conteve.

"Bem aqui." A voz veio de trás deles. Ambos giraram, Harry perdendo a mão de Draco. Pythia estava com os braços cruzados sobre o peito e um pequeno sorriso nos lábios.

"Onde está a porta?" Harry franziu a testa.

Ela olhou por cima do ombro e deu de ombros. "Vem e vão como bem entender."

"Então, estamos presos aqui?"

"Isso depende da sua visão das coisas." Seus olhos brilhavam à luz das fogueiras.

"Encontrei meu caminho", disse Harry, dando um passo à frente.

"Então você fez."

"Eu tive um sonho."

"O primeiro de muitos."

"Eu não gostei."

"Você não vai gostar da maioria deles, eu temo."

Harry engoliu em seco e empurrou para frente. "Existe alguma maneira de eu mudar o futuro?"

A expressão de Pythia ficou suave. "Venham por aqui, meninos," ela se virou e foi até uma das grandes fogueiras crepitantes.

"Mas..." Draco segurou o braço de Harry. "Como chegamos em casa?"

"Você vai aprender com o tempo." Pythia respondeu por cima do ombro.

"Você quer dizer que estamos presos aqui?" A indignação na voz da loira a fez sorrir.

"Não, criança. O tempo não se move aqui, como no mundo em que você vive."

"Então, estamos aqui até você dizer que podemos sair?"

Pythia sorriu e afundou em uma cadeira acolchoada perto da lareira. "Claro que não. Isso não é maneira de aprender."

"Então o que?"

Ela levantou um pote da lareira usando um par de pinças compridas. O chá estava perfumado quando ela o serviu em três xícaras de madeira. "Você vai ficar até aprender a lição que eu coloquei diante de você cada vez que você vier me visitar."

"E se nunca aprendermos?"

Seus olhos refletiam a luz do fogo. "Ah, você vai."

Draco engoliu e fechou a boca.

****

Em uma estrada, em uma ilha há muito famosa por seus acontecimentos esotéricos, um corpo estava se recompondo.

Os pedaços estilhaçados do automóvel espalharam-se pela estrada. O cheiro de gasolina e óleo queimando pairava no ar. O amanhecer estava chegando, iluminando a borda leste do horizonte com um azul que poderia enganar os olhos para pensar que era preto.

Um antebraço conectado com o cotovelo. A articulação se forçou a voltar ao lugar. Os longos tendões mortos, coriáceos por séculos de desuso, se juntaram novamente. Sangue do homem morto no banco da frente do emaranhado de metal e plástico embebido na pele seca. As veias ficaram vermelhas de sangue pela primeira vez em séculos.

Lutando para ficar de pé, o padre piscou a umidade em seus olhos. O conhecimento do sangue formigava em seu cérebro. O mundo se remodelou por pedaços e pedaços. A estrada em que ele estava não era um Caminho, mas um atalho para uma pequena cidade de pouco mais de cem pessoas. Havia crianças lá, sim. Famílias, pais, tias e tios. Abundância para um sacrifício que agradasse ao seu Senhor, por menor que fosse.

Para Trilhar um Caminho Estreito - Continuação de FaithOnde histórias criam vida. Descubra agora