001-Namoro falso

376 24 30
                                    

ANY

"Any Gabrielly Cortez Ramos" ouço alguém gritando do outro lado da porta. Minha cabeça dói. É, com certeza minha cabeça está doendo. Eu odeio ressaca! Se bem que nem faz tanto tempo assim que eu cheguei, eu acho.

"Any Gabrielly Cortez Ramos, abre essa porta, AGORA!" essa voz de novo? Espera, é minha mãe? MINHA MÃE?

— Eu tô fudida! — Levanto da cama em um pulo e vou cuidadosamente até a porta, abrindo só uma pequena parte dela e colocando apenas minha cabeça para fora — Mãe, que surpresa, o que está fazendo aqui tão cedo? Ainda são — Olho de relance para o relógio que tinha no corredor para me certificar das horas, fazendo uma pausa em minha fala — oito da manhã.

Faço a cara mais inocente e de sono possível.
— Não se faça, e muito menos, me faça de sonsa, Gabrielly — Gabrielly? Ferrou. Se antes eu tinha alguma dúvida de que eu estava ferrada, ela sumiu. — Quero você na sala em quinze minutos. Tente parecer um pouco decente, pelo menos.

— Ao menos posso saber o porquê?

— Quinze minutos, Gabrielly. — Ela apenas sai do quarto sem dizer mais nenhuma palavra, me deixando parada por, pelo menos, um minuto em frente a porta pensando nas possibilidades do que me espera lá embaixo.

Ela não pode ter descoberto, certo? Você já foi várias vezes em festas assim e nunca ninguém te reconheceu. —  O bom de ir em festas desse tipo é que todos estão bêbados e drogados demais para te reconhecer, lá eu não sou Any Gabrielly Cortez Ramos, sou apenas mais uma pessoa bêbada e curtindo até às cinco da manhã, como todas as outras daquele lugar.

Vou tentar descartar totalmente essa possibilidade e me arrumar pra ficar “um pouco mais decente”. Não pode ter sido justo na primeira, e única, vez que você usou drogas. NÃO PODE.

A primeira coisa que faço é pegar um dos remédios para melhorar a enxaqueca em minha gaveta, torcendo para que faça efeito até que eu esteja lá embaixo, seja lá qual for o motivo.

Já estou totalmente consciente, os efeitos das drogas e bebidas passaram, mas a dor de cabeça está me matando.

Depois de engolir um dos vários comprimidos que tenho com a ajuda de um gole vodka — que tinha deixado em um copo na mesa de cabeceira no dia anterior — vou ao banheiro para lavar meu rosto, já que me forcei a tomar uma ducha gelada no momento em que cheguei e não acho necessário fazer isto novamente.

Não sei porquê, mas acho que vou ser grata a esse pingo de senso que eu tive pelo resto da minha vida.

Escovo meus dentes e uso o máximo de enxaguante bucal que consigo — Coloco uma bala de morango também, para sair o gosto ou cheiro de qualquer coisa que estivera em minha boca. — e vou direto ao meu closet achar uma roupa que não seja a primeira que encontrei pela frente às 6 horas da manhã sob efeito de drogas.
Sim, eu estou falando da roupa na qual estou usando agora.

Optei por um cropped vermelho escrito “Miss Dior”, uma calça preta e um cinto e nos pés coloquei apenas uma das minhas milhares de pantufas vermelhas, para combinar com a blusa. 

Que foi? Eu ainda estou na minha casa.
Não coloquei muitos acessórios, apenas deixei o colar de serpente que eu coloquei para a festa de ontem e, como alisei meu cabelo e o enrolei com a chapinha, fazendo-o ficar apenas ondulado e com pouco volume, coloquei uma presilha de cobra para combinar.

No rosto só passei um corretivo e um gloss, não queria parecer acabada e com olheiras por ter dormido menos de duas horas esta noite. Depois disso, desci as escadas até o primeiro andar onde encontrei minha mãe parada me esperando.

Fake Dating-NoanyOnde histórias criam vida. Descubra agora