036-Tenho uma proposta

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Aperto a campainha da gigante porta de madeira e espero alguns segundos do lado de fora.

— Oi, Any — A loira diz com a porta meio fechada — Fico feliz em vê-la, mas acho que não chegou em boa hora.

Sofy sorri em falso e ouvimos barulhos vindo de dentro da sala. Alguma coisa estava errada e os gritos, cada vez mais altos, indicavam isso.

— Pois saiba que você nunca foi digna do meu respeito! Eu quem cuido dos meus irmãos enquanto você é uma desnaturada e viaja pelo mundo inteiro — Uma voz que reconheço bem ecoa pela mansão, fazendo com que eu, mesmo estando do lado de fora, ouça.

— Olha como fala comigo! Não tem direito de dirigir a palavra à mim, você é um desgosto e sabia que não faltava muito para isso acontecer.

Não é muito comum Sina brigar com sua mãe, até porque ela também nunca está em casa. Mas minha melhor amiga é a pessoa mais disciplinada que eu já vi, nunca faria nada de errado, então a briga está me assustando um pouco.

— Eu deveria ter feito isso antes — Ela aparece na porta, quase empurrando a mais nova ao sair — Volto para pegar minhas coisas mais tarde.

Célia chama Sofya para entrar, na verdade, a obriga já que só de olhar em seus olhos deu pra ver que ela não queria o fazer. As duas irmãs ficaram se encarando por um tempo o que fez com que Sina não percebesse minha presença.

Quando olhou para trás, pude ver seu rosto todo vermelho e os olhos inchados por causa do choro.

— O que porra você 'tá fazendo aqui? — Com raiva, ela vem para mais perto — Você só se provou mais ser uma filha da puta, nunca mais olha na minha cara.

Ela esbarra em mim propositalmente ao passar mas para na calçada, olhando de um lado para o outro.

— Do que está falando? Não ouviu nada do que eu te falei ontem? — Digo me aproximando.

— Acho que você não se ouviu, Any. Não perceber que eu gosto de você é uma coisa, mas falar isso pra minha mãe e confirmar pra ela que eu sou lésbica... Você passou de todos os limites.

Sua voz em uma mistura de raiva e tristeza partiam meu coração, foi o mesmo tom que usou ontem comigo e achei que não o ouviria nunca mais.

— Deina, eu não fiz isso...

— Claro que não! — A loira deu uma risada anasalada — Você nunca faz nada, é sempre a bebida que faz.

Sina se sentou na grama do jardim de sua casa, abraçando os joelhos e deitando sua cabeça neles.

— Não, eu juro que não fui eu — a acompanhei sentando ao seu lado — Nem falei com a sua mãe ontem, Sina.

— Então quem foi? — Seus olhos avermelhados encararam os meus.

— Pode ter sido a Heyoon.

Sim, achei bem estranho essa aproximação repentina das duas e, se ela não confia em mim, não confio nela.

— Não, não foi ela... — A loira balançou a cabeça em negação — Do que isso importa agora? Eu não tenho mais nada, sem casa, sem dinheiro e sem uma mãe, ótimo.

Deina caí para trás, deitando na grama recém cortada.

— Pode explicar o que está acontecendo para o seu pai — Seguro em sua mão.

— Ele vai me odiar pra sempre também — Ela fecha os olhos com força e coloca o braço em cima deles logo depois —Que droga!

— Mas você não tem dinheiro guardado?

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