008-Quem se ajoelhou pra mim foi você

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ANY

O filho da mãe é bom. Montou um look até que não tão ruim, quer dizer, para um iniciante até que não está tão mal. Óbvio que eu sou melhor nisso, mas vou relevar considerando o momento.

Ele escolheu um vestido vermelho, em um tom bem escuro, de gola alta e mangas compridas — Parece que alguém é ciumento, não é mesmo? Nem um decotezinho?

Não que eu esteja falando que eu sou dele ou algo do tipo.

Ele optou por um salto preto que, coincidentemente, é da coleção da minha mãe. Mas não ficou tudo ruim e, por isso, e SOMENTE por isso, eu aceitei usá-lo. De acessório ele separou alguns brincos que eu gostei, então coloquei, e acrescentei mais jóias, como colares, anéis e uma pulseira. Sinceramente? Eu tô uma gata e, pelo visto, não sou só eu que acho isso.

Quando eu e Noah entramos na sala de jantar, sinto o olhar de todos e acho que, pela primeira vez em anos, minha mãe sorriu pra mim, me olhou por mais de 1 segundo e, provavelmente, deve ter pensado o quanto eu fiquei bonita usando o salto que ela me deu.

— Uau! Vocês estão lindos... — Savannah, irmã mais velha de Noah, comenta quebrando o silêncio.

— Sabemos. — Doce até com a irmã. Óbvio que é verdade, mas acho que ele poderia ter agradecido, assim eu não precisaria ter feito isso:

— Obrigada, seu irmão tem um ótimo gosto. — Que eles entendam como quiserem. Sorrio sem mostrar os dentes e vou para meu lugar, à frente de Noah, claro.

— Bom, os chefs ainda estão terminando de preparar o prato principal. Que tal alguns aperitivos enquanto conversamos? — Minha mãe oferece. Fingida, ela quer mesmo é arrumar uma desculpa para o Noah me pedir em namoro.

Ninguém sabia por onde começar uma conversa já que não nos falamos muito. Nossas famílias não são tão próximas porque nos odiamos. O que? Não vou mentir. Mas, o pai de Noah já aparentava estar um pouco nervoso, então a Sra. Molina quebrou o silêncio constrangedor. E bota constrangedor nisso.

— Sabina, soube que se mudou do bairro, como está no seu novo apartamento? Savannah está procurando um lugar para morar, quem sabe vocês não se tornam vizinhas.

— Ah, sim. É bem legal, tem menos pessoas famosas lá então eu sou um pouco popular, mas nada de mais. Os ricos meio que não ligam muito pra quem eu sou, aí é bem tranquilo. — Minha irmã diz meio desconfortável, porém tentando esconder isso.

Ninguém fala nada por alguns segundos, mas então, consigo perceber uma cotovelada que Noah leva de seu pai e começo a suspeitar de que eles tinham algo ensaiado.

— É, parecia ser bem tranquilo mesmo.

Ele fala como se estivesse escapado — Bom, pelo menos ele sabe atuar — e atrai alguns olhares confusos, principalmente de Savannah e Alex, que não faziam a mínima ideia do que estava rolando por trás daquele jantar.

— O que você foi fazer na casa da minha irmã? Ela tem namorado, você sabe, né? — Alex, como um cavalo, responde Noah. Ai ai, adolescentes.

Sim, eu completei a maioridade ano passado, e daí?

— Ha, ha — Sabina ri MUITO falsamente, ainda bem que ela não quer ser atriz ou algo do tipo. — Ele sabe, ele não foi lá pra isso, seu bobo. — Ela dá um tapinha em meu irmão, que pareceu ser bem forte, já que o mesmo passou a mão no local logo em seguida de um “Aí”.

Mas ele não foi o único a levar um tapa, minha mãe me fez o favor de me dar um também como um sinal para que eu falasse algo.

— Bom, acho que eles iriam descobrir de um jeito ou de outro…só não pensei que seria tão cedo. — Alex e Savannah aparentam estar mais confusos ainda. Até que Noah começa a falar:

—Beleza, acho que todos merecem saber. Bom, esse jantar foi marcado, de última hora inclusive, para esclarecer…algumas coisas. Any e eu concordamos que teríamos que fazer isso antes que algum de vocês pensem algo sobre nós que é mentira — Ele levanta de sua cadeira, consequentemente a arrastando levemente para trás, porém fica no mesmo lugar — Hoje, fomos vítimas das famosas Fake News, todos aqui estamos acostumados com isso, mas imagino que não dá para acreditar que isso é mentira se não souberem a verdade.

Urrea olha pra mim pedindo para que eu também ajudasse em sua fala.

— Pois é. Não sabemos como descobriram isso, porque, bom, nem vocês sabem direito, então…enfim — Sou eu quem levanto dessa vez. — Alex, Noah não estava na casa da Sabina pra ficar com ela, ele estava lá pra me ver. Tentamos manter isso em segredo porque estávamos com medo de vocês não gostarem da ideia de nós dois juntos, nossas famílias nunca foram próximas, então achamos que não aprovariam a ideia. Mas, sim, nós gostamos um do outro.

Acho que eu vou vomitar. Nunca na minha vida achei que falaria isso.

— Por isso, eu pedi para que tivéssemos esse jantar. Sra. Cortez, Sr. Ramos…estou aqui, esta noite, para pedir vossa permissão para namorar a Any. — finjo surpresa — Queremos saber se temos o apoio de vocês.

Noah já estava em pé, ao meu lado, sorrindo para os meus pais. Eu estou bem nervosa na verdade, então só deixei transparecer isso. Odeio ter que mentir para os outros desse jeito, ainda mais por esse motivo. Plano idiota.

— Oh, meus Amores, é claro que apoiamos o relacionamento de vocês, estamos orgulhosos inclusive, Any não poderia ter arrumado alguém melhor. Né, Amor? — Mamãe dá uma cotovelada em meu pai.

— É. Parabéns por vocês dois, estamos realmente muito felizes de ver que vocês estão crescendo. — Meu pai presta mais atenção na comida do que na gente, mas tudo bem, nada que eu não esteja acostumada.

— Bom, eu não queria ter que fazer isso agora, por isso vim totalmente despreparado, na verdade, gostaria de fazer isso até de uma forma mais legal e vou, a qualquer momento, mas… — Ele pega um anel de lula que estava em uma das bandejas dos aperitivos. Ele não vai fazer isso, vai? — Any Gabrielly Cortez Ramos, aceita namorar comigo?

Noah fica de joelhos e segura o aperitivo como se fosse um anel, enquanto todos olham para mim, esperando a resposta.

— Claro que sim! Seria uma honra.

Meu falso namorado se levanta novamente, coloca o anel de aperitivo em meu dedo – qual eu comi na mesma hora, não queria meus dedos engordurados, e o filho da mãe sabia que isso ia me deixar com raiva e, ao mesmo tempo, parecer um gesto fofo – e pulei nele como em um abraço.

Para dar mais emoção, eu acho, ele me gira — Ou nos gira, sei lá — enquanto todos da mesa batem palmas. Ele me coloca no chão de volta, ficando de costas para os outros da mesa e sussurra:

— Essa é a hora que você me beija e declara seu amor por mim? Sei que não aguenta meu charme, Gatinha.

— Continue sonhando, Urrea. E só pra lembrar, quem se ajoelhou pra mim há…não muito tempo atrás, foi você — Sussurro de volta, revidando a provocação.

— Ah, olha só, a comida chegou — disse voltando ao seu lugar antes que alguém sentisse falta de um beijo naquele momento.
Eu me sento antes dos garçons entregarem a comida e minha mãe, com um belo e falso sorriso no rosto, diz:

— Parabéns, filha. — E eu sei muito bem o porquê e posso garantir que não foi pelo namoro.

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Perdão pelo atraso pessoas, mas aqui está.

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Beijinhosss 💋

-May 💌

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