003-Contrato

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NOAH

Sinceramente? Não acredito que meus pais fizeram isso comigo. Só queria que eles me aceitassem do jeito que sou e vissem que não tem nada de errado em gostar de outras pessoas que não sejam as padrões meninas cis hétero.

Descobri que gostava de meninos aos 13 anos - eu acho - quando vi um modelo na capa da revista de que todos os meus amigos da época estavam falando e, por algum motivo, ele me atraia mais do que a menina ao lado dele na mesma foto. Depois disso, comecei a reparar mais em meninos, era bem mais legal, eu podia fazer amizade com eles, vê-los jogar bola, eles iam na minha casa e eu na deles sem o menor problema... Até que fiquei apaixonado por um.

Bailey.

Não era uma coisa tão normal na época, obviamente não tinha um preconceito tão grande quanto antigamente, mas mesmo assim, chorei por uma semana inteira achando que era uma aberração.

Pois é, olha o que a sociedade faz com as pessoas, depois ainda dizem que as pessoas escolhem ser lgbt. Sério? Tem alguém que realmente quer e gosta de sofrer preconceito e ameaças?

Fiquei em negação por meses achando que era gay e, ao mesmo tempo, sofrendo por um menino que sequer deveria saber o que eram sentimentos. Tanto é, que um ano depois ele quebrou meu coração. - Sigam a intuição e não o coração, crianças.

Bailey foi se aproximando aos poucos, e ficamos melhores amigos, sempre contávamos tudo um para o outro, por isso, rapidamente nossa amizade se fortaleceu. Pensando atualmente, até acho que ele sabia da minha atração por meninos, mas isso não importava, já que no dia em que eu ia contar pra ele dos meu sentimentos  – Em sua festa de 14 anos –, ele beijou minha irmã, bem na minha frente.

Naquele momento, jurei para mim mesmo que odiaria Bailey May para o resto da vida, odiaria seus filhos, os filhos de seus filhos, odiaria todos de sua família.

Aquela foi a primeira vez que quebraram meu coração, mas o que eu não sabia, é que seria, também, o dia em que eu conheceria a pessoa que ainda pisa nele e, mesmo assim, não consigo odiá-la. — Mas, que diferença isso faz agora com esse contrato ridículo, não é mesmo?

Naquela noite, conheci sua prima, que tinha minha idade também, diferente dele que era um ano mais velho. Nunca a tinha visto pessoalmente, mesmo nossos pais já terem trabalhado muito juntos e até serem amigos.

Ficamos próximos muito rápido, tínhamos várias coisas em comum, ela também era uma integrante da nova "comunidade" — Ou grupo, sei lá como chamam isso —criada pelos fãs: TFC. The Famous Children, literalmente filho dos famosos, meio que só somos - éramos - famosos por sermos filhos, não sei explicar muito bem, mas é mais ou menos isso.

Enfim, voltando a realidade presente, depois de ler o contrato inteiro — e de muitas brigas também — eu e Any, sem termos muita escolha, saímos da biblioteca para procurar nossos pais.

Não falei nada do pouco que ouvi no andar de cima, deixando a parte nossos conflitos. Assim como eu, acho que todos temos problemas que guardamos para nós mesmos, e se ela não quer falar dele, não sou eu quem vou.

Não lembro de todos os detalhes do contrato, mas resumidamente: temos que fazer o que eles pedirem, atos +18 não podem e nem vão ser solicitados e o contrato tem duração de 1 ano, mas eles podem parar ou estenderem a data quando quiserem. Acho que, por cima, é isso aí.
Após descermos, o que pareceria ser, 40 andares de escadas, chegamos na sala de jantar, onde estavam todos presentes.

Sério, achei que nunca iríamos parar de descer as escadas. Pensando agora, fomos meio burros, eles tem um fucking ELEVADOR nessa casa. Na verdade, acho que Any queria prolongar nosso tempo longe de nossos pais.

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