Ohana POV.
Corri atrás dela por todo o caminho até o hotel, quando passei pela recepção a vi pegar o elevador. Não tinha tempo para esperar, por isso peguei as escadas. Sim, eu subi treze andares de escada enquanto colocava meu coração para fora de tanto chorar. Subi tão rápido que cheguei na porta do nosso quarto em poucos minutos. Girei a maçaneta e abri a porta, encontrando Larissa parada de frente para a parede de vidro no final do quarto, suas mãos fechadas em punhos ao lado de seu corpo. Passei a mão por debaixo dos olhos e fechei a porta com um pouco de força, queria que ela notasse que eu estava ali. Em vão, ela não se virou, não se mexeu, parecia nem respirar.
Eu estava trêmula de um jeito que nunca fiquei antes, minha cabeça doendo por conta do choro, minhas pernas latejando por causa da longa subida e minhas mãos suando. Na minha boca o gosto amargo da raiva me fazendo salivar, minha vontade era de arrastar Larissa até aquele restaurante para que ela pudesse ouvir da boca daquela garota que eu fui beijada a força, que não correspondi em nenhum momento.
Passei a mão pelo cabelo nervosamente antes de dar alguns passos em sua direção. Eu conseguia escutar seu choro bem baixinho, podia ver o reflexo fraco de seu corpo pelo vidro. Meu coração estava em pedaços, estava doendo de uma maneira inconsolável vê-la chorar por uma mentira.
: - Larissa?
Chamei quando parei em suas costas, o cheiro de seus cabelos invadindo as minhas narinas fazendo com que eu fechasse meus olhos. Ela ficou em silêncio por um tempo, eu iria abrir a boca para chama-la de novo quando ouvi sua voz.
: - Você me quebrou, Ohana.
As lágrimas começaram a rolar com mais força por meus olhos ao ouvi-la, sua voz era um poço fundo e frio. Era como se o "nós" nunca tivesse existido, como se eu nunca tivesse dito que a amava, como se eu fosse uma qualquer.
: - Por favor, me deixa falar, amor...
: - NÃO. - Ela gritou virando-se bruscamente, seus olhos rodeados por uma vermelhidão assustadora. Seu rosto molhado por lágrimas que eu desejei secar. Ela me encarava com horror, sua expressão de tristeza fez minhas pernas fraquejarem. - Não me chame de amor. - Engoliu a saliva fechando os olhos rapidamente, respirando fundo antes de tornar a me encarar. - Você não tem esse direito.
: - Larissa, eu não quis. Eu não tive culpa, ela simplesmente me agarrou com tanta força que eu não consegui me soltar, eu...
Comecei a dizer tudo rápido para que ela não me interrompesse, me aproximei e tentei tocar seu rosto com as mãos, mas ela agarrou meus punhos com força demasiada. O aperto estava doendo, mas a dor não podia ser comparada com aquela que eu estava sentindo por conta da frieza que ela estava me tratando. Nada podia ser comparado.
: - Eu vi, Ohana. Então, por favor, não tente mentir pra mim e muito menos me tocar.
Seus dentes estavam travados, seus dedos torcidos contra a minha pele. Eu nunca a vi daquela forma, o que eu enxergava em seus olhos era tão doloroso que me dava medo.
: - Eu vi com esses olhos que você dizia tanto que amava, Ohana. - Largou meus punhos com raiva e se afastou de mim, andando até o meio do quarto ao levar as mãos até a nuca. - Eu vi.
Eu não conseguia parar de chorar e sabia muito bem o que ela estava sentindo, mesmo que o que ela viu tenha sido uma mentira, eu sabia exatamente como era sentir aquilo. Eu passei quase anos vendo ela beijar outras pessoas, vendo de abraços com outras pessoas, vendo me maltratar pouco a pouco. Eu convivi com aquilo sem poder reclamar, sem poder gritar e dizer que eu não suportava mais. Eu chorei durante noites que pareciam não acabar mais. Chorei escondida muitas vezes por banheiros, no colo da Let, por nojo e ciúmes, por paixão e tristeza, por loucura, por amor. Eu sabia em todos os mínimos detalhe o que ela estava sentindo e era exatamente por isso que eu sentia meu corpo morrer um pouco mais a cada segundo que se passava. Eu não queria que ela sofresse o que eu sofri.
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Falling in love for the last time - Versão Ohanitta
Hayran KurguAdaptação da obra da escritora @gisscabeyo.