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Já tinham se passado duas semanas, amanhã iríamos falar com o papai finalmente.

Agora eu estou com Billy em uma festa na casa de um dos amigos dele.
Nessas duas semanas as coisas ficaram melhores, os amigos dele finalmente me aceitaram, eu conheci os pais de Billy, e Jason não tinha me dirigido nem um olhar.

Eu me sentia confiante novamente e isso era uma sensação incrível.

Mas pra quebrar esse ciclo Eric tinha se afastado, ele nunca se deu bem com os populares, e sim foi por falta de tentativas.

Ele era extrovertido e uma pessoa incrível, mas ele se recusava a tentar qualquer tipo se amizade com pessoas populares.

E como agora eu passava grande parte do meu tempo com Billy ele não tinha falado muito comigo.

Era tarde e já estávamos a umas 3h na festa, eu tinha acordado cedo já que minha mãe estava ansiosa e basicamente não deixou ninguém dormir.

Então aqui estava eu sentada em um sofá quase apagando de exaustão.

Billy que pareceu perceber meu cansaço disse pra irmos pra casa, eu claro não queria estragar a festa dele, ele esperou duas semanas por isso um momento de curtição liberada com os amigos, e eu não ia ser a pessoa a estragar isso.

Depois de conversarmos pedi um uber e fui pra casa, cheguei e já estavam todos dormindo, troquei de roupa, tirei a maquiagem e apaguei.

Acordei no outro dia revigorada e ansiosa, teríamos aula hoje mas eu iria me atrasar um pouco, era o horário disponível que meu pai tinha e não iríamos perder por nada.

Estávamos na sala esperando a ligação mas já faziam 10min desde do horário marcado, 20min e nada.

Senti meu cell vibrar e vi uma mensagem de um dos jogadores de futebol, tínhamos feito amizade mais rapidamente.

"Aí, sinto muito por te desapontar mas você merecia ver isso"

Uma foto.

Uma foto de Billy e Angela se beijando, não tinha como eu ter ficado mais desapontada.

Qual é, ele me chama pra esse acordo estúpido, e me deixa com a fama de corna.

Isso não era justo.

Mas talvez eu não estivesse tão brava por isso e sim pelo atraso, meu pai ainda não tinha ligado e já estávamos preocupadas.

Mamãe decidiu ligar para Paul, um, dois, três toques depois ele atendeu.

Eu pude ouvir claramente mamãe conversando com Paul.

-"Paul? O que aconteceu, era pra Joseph ter ligado a meia hora atrás, eu preciso de alguma coisa Paul"- ela falava aflita.

Mas eu acho que nunca vi sua expressão mudar de tal forma.

Eu não sabia as palavras ditas por Paul no telefone, mas se eu tivesse que descrever seria "seu marido foi bombardeado e explodido em mil pedacinhos, sinto muito descobrimos a somente algumas horas quando os carros chegaram com os feridos".

Ela soltou o cell e se ajoelho no chão chorando, Susie e eu não precisamos ouvir ela dizer pra saber o que era.

Susie se desesperou, e eu? Bom eu não sabia ao certo, cada acontecimento, cada notícia, cada minuto daquele dia contribuíram pra que eu me levantasse, pegasse as chaves do carro, e isso em direção a escola.

Eu não estava com raiva de Billy, na verdade acho que eu não poderia o culpar por ter uma recaída com sua ex namorada de 1ano e 1mes de namoro.

Eu estava com raiva de Jason por me obrigar a aceitar a merda do acordo, com raiva de Angela por continuar conseguindo tudo sem o menor esforço, com raiva do meu pai por ir pra porra da guerra.

Quando cheguei até o estacionamento da escola deixei o carro de qualquer jeito pegando um taco que tinha no carro e indo em direção ao de Jason e Angela que era um só.

Acho que nunca bati tanto em algo como bati naquele carro, depois de o destruir me escorei nele e chorei.

Mas como o alarme tinha soado e o barulho de batidas foram ouvidos eu não pude passar despercebida, rapidamente as pessoas começaram a sair pra ver o que estava acontecendo.

Eu estava mais calma agora só encostada vendo as pessoas chegarem assustadas, os vidros estavam completamente quebrados, e a lataria amassada.

Jason passou pela multidão e viu seu carro em ruínas e eu encostada nele, e eu sei o que passou pela sua cabeça naquele momento, eu via nos seus olhos.

Ele queria me matar, ele verdadeiramente o faria se tivesse chance.

Angela chegou logo depois dando um gritinho nada bonito.

-Que merda você fez garota?- ela berrou comigo, e eu só continuei olhando pra ela.

Eu estava esperando uma única pessoa chegar.

E ele chegou segundos depois na meio da multidão.

-Lauren, que merda é essa?- ele perguntou calmo chegando perto de mim.

-Voce beijou a Angela, a única coisa que poderia piorar as coisas pra mim seria sair como corna, e você fez isso- falei baixo e calmo.

-Então destruiu o carro deles por ciúmes?- perguntou aumentando um pouco mais o tom.

-Não, fiz isso por tudo que eles me fizeram passar, fiz isso por quase ter sido estuprada pelo Jason e por ele não conseguir o que queria ter fotos minhas espalhadas pela escola, fiz isso pela Angela ter colaborado por pura inveja, fiz isso porque meu pai foi um idiota que prometeu voltar e agora está morto- falei voltando a chorar.

Eu não reparei o quanto as palavras atingiram Billy, mas atingiram, ele não sabia se me consolava por saber que meu pai estava morto ou se se virava pra tirar satisfações pela nova informação sobre o estupro.

Acho que ele tomou a decisão rápido.

-Você tentou estuprar ela?- perguntou ele bravo pra Jason.

-Essa vadia é uma mentirosa, estávamos em uma noite tão boa pêssego, você estragou tudo e ainda sai contando mentiras?- falou pra mim.

Billy então percebeu que era verdade, e ele percebeu que o que ele ao menos sonhou que tivesse acontecido naquele ano não era a ponta do iceberg.

E então num momento eu vi Billy em pé a frente de Jason, e no outro um Jason caindo pelo soco que tinha levado.

Billy pegou meu braço e me puxou em direção ao seu carro, entramos e ele deu partida.

Ele parou a um km da escola e encostou a cabeça no volante por alguns segundos.

-Seu pai...- ele não conseguiu terminar.

-Explodido ou algo do tipo, uma mina explodiu aonde eles estavam, meu pai não era um dos feridos- felei olhando pra frente.

-Sinto muito- falou calmo.

-Não sinta, não foi sua culpa- falei e o olhei.

Ele me encarava com o rosto leve e calmo.

-Sua mãe? Como ela está?- perguntou baixo.

-Não sei dizer ao certo, sai de lá antes que pudesse ver qualquer outra reação- falei.

-Bom então vamos voltar, você vai pegar seu carro, e nós dois vamos até sua casa, vamos cozinhar alguma coisa e sentar na mesa, não importa se é pra comer ou chorar- falou voltando pra escola.

E por mais que eu quisesse socar a cara dele por me "trair" eu não podia desejar mais ninguém ali comigo do que ele.

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