Capítulo 23

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Não sei o que dizer.
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A entrada da faculdade estava mais cheia que o habitual. Talvez o fato de eu ter chegado mais cedo seja a razão. Vir de carro tinha suas vantagens.

Na verdade, só tinha vantagens.

— O que você vai fazer depois daqui? — Shawn perguntou, as duas mãos apoiadas no volante, mesmo que o carro ainda estivesse desligado.

— Pra casa, eu acho. E você? — Deitei a cabeça no encosto, os olhos presos nele.

Shawn me olhou, em silêncio, por alguns instantes.

— Acho que vou ficar um pouco na sala de música. Quero tocar piano.

— Você não ia comprar um?

— Ia, mas com a mudança, tive que adiar. — respondeu — De qualquer forma, posso usar o da faculdade e o teclado, mesmo que não seja a mesma coisa.

Assenti.

— Quer ir lá em casa depois? — Sugeri.

Shawn também deitou a cabeça, os olhos presos nos meus.

— Não sei... O que eu ganho com isso? — Brincou, arrancando um sorriso dos meus lábios, que logo foi retribuído. 

Senti sua mão tocar a minha e os dedos subirem pelo meu braço.

— Minha companhia não é presente suficiente? — retruquei, arrepiando quando seus dedos chegaram em meu pescoço.

— Depende. — falou, traçando a linha do meu maxilar. — Você vai estar nua?

Mordi a ponta do seu polegar.

— Vai ter que ir pra descobrir.

Shawn abriu outro sorriso, mordendo os lábios e se inclinando em minha direção. Beijou-me, os lábios se movendo contra os meus de uma forma que fazia cada pelo do meu corpo eriçar. Suspirei, segurando sua nuca, indo em sua direção, quase ficando por cima dele. 

Se animando com a minha euforia, Shawn me puxou, fazendo-me cair de bunda em seu colo. Rimos, tentando nos beijar no processo, o que causou mais risadas. Me sustentando pelas costas, ele se curvou, devorando minha boca com vontade, subindo a mão pelas minhas pernas. Apoiei os pés no banco onde há pouco tempo eu estava sentada, relaxando completamente em seus braços. 

Interrompemos o beijo, buscando ar, mas ainda tínhamos as testas encostadas uma na outra.

— Não posso me atrasar. — sussurrei.

— Nem eu. — concordou, endireitando o corpo. Fiz o mesmo, ainda ficando sentada em seu colo.

— Você vai pra minha casa?  — Apoiei as mãos na gola da camisa. Shawn assentiu, se esticando para pegar nossas bolsas.

Descemos juntos do carro, caminhando para a entrada da faculdade. Parecia extremamente normal, como todos os dias, exceto que, pra mim, tudo aparentava ter ganhado um brilho a mais. 

Senti a mão de Shawn tocar meus ombros, descendo pelas costas e parando na cintura e, apesar da sua postura relaxada, senti sua tensão quando avistamos nossos amigos. Shawn parou, parecendo travado no lugar.

PlatonicOnde histórias criam vida. Descubra agora