Capítulo 29

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Não me xinguem suas desgraçadas, o livro precisa do clímax.
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— Eu odeio o pós operatório. — Shawn resmungou, fazendo uma careta para se ajustar na cama do hospital.

— Você já vai receber alta amanhã. — falei, achando engraçado como ele parecia ranzinza.

— Isso significa que ainsa tem esta noite.

— Isso significa que deu tudo certo. — Enlacei nossas mãos. — Como você se sente?

Me encarou, os olhos ficando mais suaves.

— Melhor. Muito melhor, apesar dos pontos estarem doendo.

— Ainda não acredito que tivemos tanta sorte. — Murmurei.

— Acredite em mim, eu muito menos. — Riu, fraco, olhando para o lençol branco. — Sempre achei que quando tivesse algum problema nos rins, iria morrer.

Engoli em seco, o baque das suas palavras me atingindo com força.

— Shawn... — Sussurrei — Essa situação mostra a você que não dá pra saber o que pode acontecer. Quem imaginaria que conseguiríamos um doador em tão pouco tempo? Não dá pra supor o futuro.

Ele assentiu.

— Eu sei. — Beijou meus dedos. — Eu tive medo, Camila, muito medo. — Sussurrou.

Piscando para conter as lágrimas, me aproximei, abraçando-o, sentindo ele me apertar o máximo que dava para fazer sem se machucar.

— Está tudo bem. — Murmurei. — Deu tudo certo. Afastei-me, sabendo que não deveria ficar praticamente em cima dele. — Chega de pensar nisso.

Shawn concordou com a cabeça.

— Vamos pra casa amanhã, voltar as nossas vidas.

— Exatamente. — Fiquei de pé. — Vou assinar meu nome como acompanhante, volto em alguns instantes.

Passei pela cama, tendo um pulo de susto quando senti o impacto da mão dele na minha bunda.

Olhei para trás no exato momento em que Shawn recostava o corpo nos travesseiros.

— Não resisti. — Deu de ombros.

— Você é um caso perdido. — falei, saindo pela porta, ouvindo sua risada.

Caminhei até a recepção, cumprimentando a moça atrás do balcão, pegando a prancheta.

Não demorou muito e, quando dei por mim, já estava voltando para o quarto.

É curioso como, em tão pouco tempo, algo grande pode acontecer.

Notei que alto tinha mudado no momento em que adentrei o quarto.

Shawn encarava o lençol, em silêncio, sem dirigir o olhar em minha direção.

— Aconteceu alguma coisa? — Questionei, preocupada.

— O médico veio aqui. — respondeu.

— Tem algo errado? — Me aproximei, começando a ficar nervosa.

Ele ficou alguns segundos em silêncio, o que só ajudou a piorar meu estado de nervosismo.

— Veio entregar seus exames de compatibilidade. — Estendeu os papéis na minha direção, o corpo tenso, o maxilar apertado.

Meus olhos se arregalaram de leve, minha boca se entreabriu, surpresa demais para falar alguma coisa durante alguns segundos.

— Eu... Eu... — Gaguejei.

PlatonicOnde histórias criam vida. Descubra agora