Capítulo 28

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São seus rins.

Essa frase esteve na minha mente nos últimos dois dias. Foi o primeiro diagnóstico do médico assim que Shawn voltou de uma série de exames.

Ao que parece, as dores excessivas, a indisposição, tudo era um sintoma de que algo estava piorando.

— O médico desconfiou de que algo estava errado há algumas semanas. — Shawn disse, o polegar acariciando as costas da minha mão. — Mas ainda precisava fazer alguns exames.

— Bom, infelizmente a situação é crítica, Shawn, colocamos você na lista de espera, mas não temos previsão de quanto temp pode durar até que você consiga um doador. Até lá, vai ter que fazer hemodiálise e ficar algum tempo em observação no hospital.

Shawn assentiu, encarando a janela do quarto.

O médico passou mais algumas recomendações. Todos nós ouvimos atentamente, como se fosse mudar a situação em que nos encontrávamos.

Quando o doutor saiu, um silêncio se formou no local. Seus pais tentaram manter algum assunto, mas era claro a indisposição de Shawn.

Ambos saíram para comer algo e eu fiquei ali, as mãos segurando as suas, tentando parecer mais forte do que realmente era.

— Vai dar tudo certo. — sussurrei, acariciando seu cabelo.

Shawn abriu um sorriso pequeno, beijando minha mão que segurava a sua, mas sua expressão deixava claro que ele não acreditava naquilo.

— Você não quer descansar um pouco? — perguntou.

Balancei a cabeça.

— Não vou sair daqui.

— Não precisa sair. Você está acordada há muito tempo, Camila, pelo menos durma algumas horas.

Suspirei.

— Tudo bem.

Caminhei até a poltrona reclinável, inclinando-a para trás, descansando a cabeça no encosto.

O sono me tomou quase no mesmo instante.

Quando acordei, era de noite e eu estava sozinha.

— Shawn? — Chamei, ficando de pé.

— Banheiro. — Sua voz abafada respondeu. Fui naquela direção, encontrando-o lavando as mãos. — Alguns segundos antes e você teria visto meu pau.

— Já vi mais do que o necessário. — Caminhei junto dele até a cama.

Queria ajudar, mas sabia que Shawn queria fazê-lo sozinho, ainsa que fosse uma ajuda simples, como fazê-lo chegar na cama.

Novamente, sentei ao seu lado, segurando sua mão com firmeza.

Não conseguia soltá-la.

Uns segundos de silêncio se perduraram e foi ele quem o quebrou, mas preferia que não tivesse feito.

— Me promete uma coisa? — disse.

— Claro. Qualquer coisa.

Shawn encarou a parede branca na sua frente.

— Se eu... Se eu morrer, vá na casa da minha mãe...

— O quê? — sussurrei — Do que você está falando?

— Por favor. — Pediu, me vendo balançar a cabeça. — Tem uma caixa no meu antigo quarto, é pra voc...

— Para com isso. — Interrompi mais uma vez. — Nunca, nunca mais, diga isso de novo.

PlatonicOnde histórias criam vida. Descubra agora