— Você está bem?Ergui meu rosto assim que Leo se aproximou.
— Hm?
Ele se sentou na mesa do refeitório da faculdade.
— Você está aérea o dia inteiro.
Balancei a cabeça, como se fosse me fazer despertar.
— Só estou com muita coisa na cabeça.
Leo inclinou o rosto levemente.
— Shawn? — Ergui as sobrancelhas. — Que foi? Todo mundo sabe que vocês só pensam nisso.
Tentei ignorar o plural na sua frase mas, de qualquer forma, concordei com a cabeça.
— O que foi agora?
Mordi o lábio, encarando minhas mãos.
— Preciso falar com ele. — falei — Karen me deu algo que ele fazia para mim e eu preciso falar com ele. Preciso falar o que sinto.
A confusão era clara no rosto do meu amigo.
— Eu acho que você já deixou bem claro o que sentia, Camila, desde quando, na escola, pintou corações com caneta permanente no uniforme de basquete dele.
Revirei os olhos, mas quis sorrir com a lembrança. Shawn havia falado disso nas cartas. Disse que guardou a camisa e que surpresa foi quando, no fundo da caixa, a encontrei.
Tinha cada momento escrito naqueles papéis, cada pensamento, cada lembrança.
— Na verdade, Leo, acho que o tempo todo as pessoas falaram como eu me sentia ou deveria sentir. — Admiti. — Que eu era estúpida demais por ainda gostar dele, ou ele acha que o que eu sinto é algo prejudicial para mim mesma. Nunca sou eu que estou falando por mim mesma, como realmente as coisas são para mim e estou cansada disso.
Leo assentiu.
— Entendo. Então acho que você deveria saber que ele já votou para o apartamento dele.
— Deu tudo certo na recuperação?
— Ele está perfeitamente bem fisicamente.
Fisicamente.
Leo pigarreou, mudando de assunto:
— E a confeitaria?
— Faltam uma semana para a inauguração. — Abri um sorriso. — Nem consigo acreditar que realmente está acontecendo.
— Sabia que você ia conseguir, Camila. —Apertou minha mão. — Tenho aula agora, espero que... Tudo dê certo com Shawn. Vocês dois... Não é justo essa situação.
Abri um sorriso triste.
— Bom, não depende de mim.
*
O ar parecia fazer uma pressão constante nos meus pulmões enquanto eu encarava a madeira avermelhada da porta do apartamento já conhecido.
Nunca estive tão nervosa quanto agora.
Apertei o botão da campainha, apertando a alça da bolsa entre os dedos, esperando. Ouvi os passos se aproximarem, a porta ser destrancada e, por fim, aberta.
Shawn pareceu chocado ao me ver. Arregalou os olhos, entreabriu os lábios e piscou várias vezes, como se estivesse querendo ter certeza de que não era uma miragem.
Ele parecia muito bem e isso fez um suspiro de alívio sair de mim.
— Camila. — disse meu nome, mais por impulso, do que realmente para me cumprimentar.
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Platonic
RomanceSempre me disseram que um amor de infância é inesquecível, mas jamais esperei amar a mesma pessoa pela maior parte da minha vida. O que eu poderia fazer? Shawn Mendes era lindo, tinha senso de humor, cheirava bem e... me detestava. Ainda assim, o q...