Capítulo 34

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— Você está bem?

Ergui meu rosto assim que Leo se aproximou.

— Hm?

Ele se sentou na mesa do refeitório da faculdade.

— Você está aérea o dia inteiro.

Balancei a cabeça, como se fosse me fazer despertar.

— Só estou com muita coisa na cabeça.

Leo inclinou o rosto levemente.

— Shawn? — Ergui as sobrancelhas. — Que foi? Todo mundo sabe que vocês só pensam nisso.

Tentei ignorar o plural na sua frase mas, de qualquer forma, concordei com a cabeça.

— O que foi agora?

Mordi o lábio, encarando minhas mãos.

— Preciso falar com ele. — falei — Karen me deu algo que ele fazia para mim e eu preciso falar com ele. Preciso falar o que sinto.

A confusão era clara no rosto do meu amigo.

— Eu acho que você já deixou bem claro o que sentia, Camila, desde quando, na escola, pintou corações com caneta permanente no uniforme de basquete dele.

Revirei os olhos, mas quis sorrir com a lembrança. Shawn havia falado disso nas cartas. Disse que guardou a camisa e que surpresa foi quando, no fundo da caixa, a encontrei.

Tinha cada momento escrito naqueles papéis, cada pensamento, cada lembrança.

— Na verdade, Leo, acho que o tempo todo as pessoas falaram como eu me sentia ou deveria sentir. — Admiti. — Que eu era estúpida demais por ainda gostar dele, ou ele acha que o que eu sinto é algo prejudicial para mim mesma. Nunca sou eu que estou falando por mim mesma, como realmente as coisas são para mim e estou cansada disso.

Leo assentiu.

— Entendo. Então acho que você deveria saber que ele já votou para o apartamento dele.

— Deu tudo certo na recuperação?

— Ele está perfeitamente bem fisicamente.

Fisicamente.

Leo pigarreou, mudando de assunto:

— E a confeitaria?

— Faltam uma semana para a inauguração. — Abri um sorriso. — Nem consigo acreditar que realmente está acontecendo.

— Sabia que você ia conseguir, Camila. —Apertou minha mão. — Tenho aula agora, espero que... Tudo dê certo com Shawn. Vocês dois... Não é justo essa situação.

Abri um sorriso triste.

— Bom, não depende de mim.

*

O ar parecia fazer uma pressão constante nos meus pulmões enquanto eu encarava a madeira avermelhada da porta do apartamento já conhecido.

Nunca estive tão nervosa quanto agora.

Apertei o botão da campainha, apertando a alça da bolsa entre os dedos, esperando. Ouvi os passos se aproximarem, a porta ser destrancada e, por fim, aberta.

Shawn pareceu chocado ao me ver. Arregalou os olhos, entreabriu os lábios e piscou várias vezes, como se estivesse querendo ter certeza de que não era uma miragem.

Ele parecia muito bem e isso fez um suspiro de alívio sair de mim.

— Camila. — disse meu nome, mais por impulso, do que realmente para me cumprimentar.

PlatonicOnde histórias criam vida. Descubra agora