Além do Físico

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Autora Point Of View

Um temporal estava se formando naquela noite, Bárbara sentia o vento gelado bater contra seu rosto e um misto de tristeza invadir seu interior, se sentia perdida naquela rua escura, apenas com seus sentimentos.- Vó o que eu faço? — Questionou olhando para o céu.

Minutos e minutos se passavam e já estava no centro da cidade, as luzes nos postem iluminavam a rua, pessoas saiam dos lugares e carros passavam o tempo inteiro. Onde foi todos os sentimentos que disse sentir por Vitória? E por que todos os sentimentos por Roberta voltaram?

Pegou seu celular e ligou para Eloisa que atendeu imediatamente, explicou a situação e onde estava e em questão de minutos ela já estava na sua frente, á olhando com um olhar indecifrável, parecia tão perdida quanto Bárbara.

— Você sabe o que tem que fazer.

— Eu-eu não sei Eloisa. — Respondeu já com a voz embargada.

— Não Bárbara, você sabe. Eu sei que sabe, só está com medo.

— Mas...

— Agora você vai me ouvir. Bárbara, você não pode ficar nesse vai e vem, você precisa agir como uma adulta. Se você gosta dela, por que continuar procurando ela em Vitória? Quando a pessoa sabe, ela sabe. Qualquer um consegue notar as trocas de olhares entre vocês duas, mesmo que vocês tentem não cruzar o olhar, vocês duas sabem que essa conexão é além do físico, vem da alma.

Eloisa se aproximou e tentou limpar as lágrimas que caiam no rosto da amiga. — Bárbara, você gosta da Vitória, eu convivi com vocês por todos esses anos e sei que você se entregou de corpo e alma pra ela, sei que você beija porque gosta dela, sente prazer, mas também sei que com Roberta, você beijou ela por causa de quem ela é, a diferença não se encontra no prazer, a diferença se encontra na dor que você sente quando não está beijando ela.

— O amor dói. — Respondi.

— O amor nem sempre é bonito amiga. Às vezes você passa o tempo inteiro desejando que esse sentimento mude, que vá embora. E aí, antes que você perceba, você já voltou para a estaca zero e perdeu o seu coração em algum sorriso ou troca de olhar que ela te deu.

— Bárbara — Diz Eloisa baixinho, a voz determinada, como se precisasse que ela a levasse a sério. Bárbara sempre a leva a sério. — Você acha que tem que ficar com Vitória porque ela te ama, mas amiga se você não confrontar esse sentimento, nunca vai seguir em frente. Vai ficar revivendo esse sentimento todo santo dia, até o dia em que morrer, a não ser que vá para aquela casa e fale toda a verdade. Talvez, assim, consiga perceber que não é nada de errado em você, também, ser feliz.

Bárbara inclina-se para frente e passa ás mãos no rosto, em seguida apoia os cotovelos nos joelhos e olha para frente. Fica observando as lágrimas caírem dos seus olhos e atingir o chão debaixo do seus pés.

— E o que vai acontecer se eu continuar nesse relacionamento — Sussura.

— Nesse caso, acho que nada vai mudar. Vai continuar nesse relacionamento, como se não merecesse uma vida por medo de arruinar a vida dela. Vai continuar evitando tudo o que faz você se sentir de novo. — Ela inclina-se para a frente e abaixa o tom de voz. — Sei que a ideia de confrontar ela a deixa apavorada. Mas, ás vezes, não é algo que fazemos por nós mesmos. É algo que fazemos pelas pessoas que amamos mais do que a nós mesmos.

Bárbara Sottile Point Of View

Quanto mais próxima eu ficava da porta, mais nervosa eu me sentia. Será que Vitória estava me esperando? Será que já estava dormindo? Abri a porta e tudo estava escuro, me aproximei e liguei o interruptor, caminhei até a sala e vi uma garrafa de vinho sobre a mesa e mais ao lado estava Vitória dormindo. Me aproximei e a chamei.