PRÓLOGO

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Eu sei que você está aqui provavelmente procurando pela história perfeita onde as coisas acabam bem. Onde o final é feliz e toda aquela baboseira que a maioria dos livros clichês costumam ter, mas eu preciso avisá-lo e já pedir desculpas por o decepcionar, mas nessa história a coisa mais improvável de acontecer é um final feliz.

Tá se perguntando como eu posso dizer isso com tanta convicção, não é? Bom, eu acho que você deveria saber a resposta já que está literalmente lendo meus pensamentos, mas tudo bem, não me importo em te contar porquê digo isso com tanta certeza.

Nesse exato momento eu estou cruzando caminho pelo enorme quintal da casa dos meus pais. Uma casa localizada dentro de uma das mais densas e grandes floresta de Schwalbach. Apesar de ser uma casa no meio da floresta, não é um chalé ou uma simples cabana, é uma casa mesmo. Uma grande casa por sinal. E é aqui que as coisas começam a correr na direção contrária do final feliz.

O carro dos meus pais está na direção do portão, o que já é motivo o suficiente para achar que algo não está devidamente certo levando em consideração que eles nunca saem de casa. O carro deveria estar na garagem. Apesar de estranhar esse fato, não penso que isso possa ser um péssimo sinal, pelo menos tento me convencer de que não.

Me aproximo da entrada e cruzo a pequena varanda, chegando a porta e deixo algumas batidas sobre a madeira, esperando ansiosamente por alguma resposta mas tudo o que ouço é um silêncio agonizante. Não espero mais que alguém venha me receber, então giro a maçaneta e empurro levemente a porta. Enfio a cabeça pela pequena brecha da porta e olho ao redor da sala, me surpreendendo com o que vejo. Adentro a casa e a cena me faz franzir o cenho em pura confusão. Os móveis estão cobertos por lençóis brancos e grandes. A decoração da casa agora está completamente empacotada em caixas com letras na frente, indicando objetos delicados.

– Mãe? – pergunto alto o suficiente para que me ouçam de onde estiverem. – Pai?

Retiro meu casaco e o coloco sobre uma das caixas juntamente a minha bolsa. Caminho entre as caixas, me perguntando o porquê de tudo estar empacotado. Me perguntando porquê meus pais aparentemente vão se mudar da casa na qual sempre moraram. Na qual se casaram. Na qual cresci e vivi a minha infância e adolescência inteira. Por que estão deixando um pedaço da história deles justo agora quando as coisas parecem estar se acertando?

– Avril, querida! – ouço a voz da minha mãe e me viro, a vendo descer as escadas com mais uma caixa nos braços. O que me faz pensar que estão esvaziando o andar de cima. – Como é bom vê-la, filha.

– Oi, mãe. – me aproximo e pego a caixa dela. Recebo um singelo sorriso e um beijo de agradecimento na bochecha. – O que é tudo isso? Por que tantas caixas? Por que os móveis estão cobertos?

Ouço passos pesados na escada e nem preciso me virar para saber que se trata do meu pai. Minha mãe não se dá ao trabalho de responder a minha pergunta agora que meu pai pode fazer isso, então aguardo sua explicação enquanto deixo a caixa ao lado das outras.

– Avril, achei que você não voltaria hoje. – meu pai diz. Ele vai até a cozinha e volta após alguns segundos.

– É, eu não estava planejando voltar agora mas consegui fazer tudo e voltar mais cedo. - respondo me virando para meu pai, que joga mais coisas dentro de uma caixa. – Eu gostaria de entender o que está acontecendo. Eu saio a trabalho por alguns dias e quando volto meus pais estão de mudança?

– Bom, nós precisamos sair daqui o mais rápido possível. – meu pai diz enquanto anda pela sala de um lado para o outro carregando coisas. – Bem depressa.

Amor entre golpes - DuskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora