39
A noite chegou a base e todas as pessoas descansavam em seus respectivos quartos, exceto por Avril que virou de um lado para o outro em sua cama, sem qualquer sinal de sono. Não conseguia dormir porque sentia que nem tudo estava resolvido, deveria tentar descansar antes de tomar qualquer decisão, mas sequer conseguia ficar parada por muito tempo sem se sentir presa e agoniada, precisava fazer algo, encerrar aquela confusão.
Saiu do quarto se deparando com o corredor vazio, escuro e silencioso dos dormitórios femininos. Andou em passos cautelosos sobre o piso liso, como se alguém pudesse ouví-la através das paredes do quarto, as quais havia descoberto que eram finas e ao mesmo tempo torcia para que não fossem. Desceu as escadas quando chegou ao topo e virou o corredor do primeiro andar, indo em direção aos fundos. Ao chegar na cela percebeu que não havia nenhum vigia cubrindo o turno, sentiu um arrepio na espinha só de pensar em Corbin sem vigilância.
Deu uma olhada em volta no corredor se certificando de não estar sendo vista por ninguém, enfiou a mão no bolso da calça e puxou uma das chaves reservas da cela que conseguiu pegar com o último vigia que estava cobrindo a área. Enfiou a chave na fechadura e girou, escutando o som da fechadura se abrindo. Seu pulmão se encheu de ar quando ela empurrou as barras e deu um passo para dentro da cela, fechando a porta atrás de si com cuidado.
Conseguiu ver Corbin de costas para ela perto da mesa, ele se virou assim que notou a presença dela. Avril ignorou a sensação de nojo e náusea que lhe preencheu no momento em que Corbin abriu um sorriso largo e malicioso, a olhando de cima para baixo enquanto a mesma se aproximava dele.
– Por alguma razão eu sabia que você viria. – ele disse. – Sabe que eu estou gostando dessa nova Avril. Muito mais interessante.
Corbin não teve tempo de reagir quando Avril lhe socou no nariz e agarrou a parte de trás de sua cabeça, o empurrando contra a mesa, pressionando a lateral do rosto do mesmo na superfície lisa com força.
– Aquela foi a última vez que você tocou em mim, Corbin. – ela rangeu os dentes diante do rosto dele. – E se falar de mim daquela forma de novo eu mesma mato você. Vou cortar a sua língua com uma das minhas facas e te fazer comer, seu nojento!
Avril o segurou por mais alguns segundos antes de se afastar violentamente, deixando o homem se levantar ainda atordoado com o ato repentino e agressivo partido dela. Corbin se endireitou com a mão no maxilar ainda dolorido e olhou para Avril, os olhos levemente arregalados, os lábios tensos e as sobrancelhas unidas no centro do cenho. Avril arfou diante do olhar gélido tão familiar, aquele mesmo olhar que havia passado anos com uma parte de si desejando rever e a outra agradecendo por ele ter simplesmente sumido. Seus punhos estão tão cerrados que conseguia sentir as unhas machucando a palma de suas mãos, mas aquilo não doía mais do que todo aquela angustia em seu peito.
– Posso ver que levou os treinos com o seu pai a sério. – Corbin se apoiou na mesa enquanto massageava o maxilar.
– É, antes de você entregar a nossa localização de mão beijada eu, felizmente, tive tempo de me aperfeiçoar na luta. – Avril respondeu e recebeu um olhar frio do homem. – Sabe, eu nunca te disse mas eles te detestavam! Nossa, e como detestavam, Corbin. Agora me pergunto se eles já imaginavam que você era tão baixo e eu nunca me importei em saber.
– Talvez devesse, Avril. – ele respondeu secamente, se sentando na ponta da mesa, relaxado. – Quanta coisa poderia ter sido evitada, não é mesmo?
– Você tem alguma noção do que tirou de mim?! Por um cargo?! – as palavras pularam brutalmente de sua boca. – Foi muito mais do que a minha fantasia do primeiro amor perfeito, Corbin. Muito mais do que os primeiros momentos mais importantes da vida de uma adolescente, porque você sempre conseguia estragar tudo! Você tirou as duas pessoas mais importantes da minha vida, as únicas que realmente ficaram ao meu lado, os que realmente se importavam. Os meus pais! Meus melhores amigos. Tudo porque você é um egoísta de merda!
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Amor entre golpes - Duskwood
FanfictionEles quebram suas regras um pelo outro. Avril foi criada por pais fugitivos do governo. Criada pelo seu pai para ser a melhor na luta e com objetos que possuem lâmina. Avril tem instinto de sobrevivência e após ter seus pais brutalmente assassinado...