PROTECTION

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Subo as escadas para o terceiro andar e viro o corredor em direção à minha sala. Tenho tanta coisa pra resolver que precisei pular o horário do café da manhã para ganhar algum tempo. Um dia não será o necessário para fazer tudo o que preciso, mas vai dar pra adiantar o que eu estive adiando nos últimos dias. Antes que eu conseguisse abrir a porta alguém o faz por mim e eu me deparo com Jenny. Ela sorri e me empurra para o lado o suficiente para conseguir fechar a porta atrás dela, me deixando confuso e preocupado.

– Estava precisando de algo, Jenny? – minha voz saí firme e séria, demonstrando o meu descontentamento ao vê-la sair da minha sala sem que eu estivesse presente.

– Relaxa, eu não estava bisbilhotando ou qualquer coisa assim. – Jenny respondeu levemente irritada com o meu tom. – Seu pai está aí e me pediu para contar a ele como andam as atividades dos vigias com a segurança da base.

– Nathan está aqui? Tão cedo? – naquele momento eu me arrependi de não ter comido nada, certamente precisarei do estômago forrado para encará-lo a essa hora.

– E o seu pai tem hora pra enfernizar a vida de alguém? – Jenny pode não ter passado tanto tempo ao lado do meu pai, mas seu desgosto pelo homem é como se ela fosse filha dele. – Boa sorte.

Ela me deu as costas dispensando qualquer resposta que eu fosse lhe dar, sequer olhou para trás enquanto sumia pelo corredor. As coisas estavam estranhas entre nós desde o dia que defendi Avril diante das acusações de Jenny e eu poderia ter me esforçado para me reconciliar com ela, mas não estive com tempo o suficiente para lidar com as questões confusas que ela tem com a espadachim, agora muito menos.

Puxo uma boa quantidade de ar fechando os olhos com força excessiva, reunindo autocontrole e coragem para entrar naquela sala. Abro a porta e o vejo parado do lado esquerdo da sala, observando um dos quadros que me fez pendurar a alguns anos atrás. Ele realmente aprecia aquelas obras, mas eu detesto e não desperdiçaria uma oportunidade que seja de me livrar delas. Já ficou claro que eu e Nathan não temos nada em comum além de um sobrenome, nem mesmo gosto por artes.

– Eu não estava esperando que fosse vir hoje. – tento esconder o quanto sua presença me incomoda, mas até mesmo um desconhecido reconheceria o desgosto em minha voz.

– Esperaria se tivesse atendido as minhas ligações ou respondidos as minhas mensagens. – ele respondeu sem tirar os olhos do quadro e ao contrário de mim, não fez questão alguma de esconder o desgosto que está sentindo.

Ah, as mensagens e ligações que inegavelmente ignorei. Ele realmente esperava que eu estivesse com cabeça para aguentar suas críticas após os últimos acontecimentos?

– Foram dias difíceis. – não espero que ele saiba que realmente foram difíceis, é o esperado vindo de uma pessoa que nunca se importou. – Estive ocupado e não vi suas mensagens e ligações.

– Não minta para o seu pai, Jacob. – Nathan se virou descontraído.

– Então não me chame assim. – peço de uma forma nada educada ou pacífica. O meu nome saindo de sua boca é como um soco, me dá ânsia de vômito.

Ele suspirou irritado como se eu fosse o errado ao pedir que não me chamasse pelo nome verdadeiro. Me mantenho em silêncio e parado o vendo ir até a minha mesa, dar um último gole na bebida dentro do copo e deixar o mesmo sobre a mesa em um baque, o som ecoou pela sala. Meu pai andou até a porta, bateu no meu peito algumas vezes e abriu a porta.

– Me leve até as salas de treinamento, preciso ver a nossa nova atração. – escutei seus passos para fora da sala logo em seguida.

Amor entre golpes - DuskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora