SNOBBY

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Exercícios logo pela manhã não são exatamente o meu forte, mas passei tantos dias distraídos com as coisas da base que não me atentei a isso tanto quanto deveria. Exercícios não são uma obrigação, mas para nós que trabalhamos mais do lado da ação é meio que uma. Mesmo que eu passe mais tempo na minha sala do que de fato treinando e de certa forma até prefira dessa forma, não tem como evitar os exercícios por tanto tempo.

Deixo o peso ao lado do banco que estou sentado e me levanto, ansiando por um banho para me livrar de todo o suor. Pego um casaco que usei mais cedo, no começo do treino porque estava frio e me direciono a saída da sala. Nenhuma das salas de treinamento está ocupada, mas não é nenhuma surpresa, até porque ainda é muito cedo e é domingo, poucas pessoas gastam seu dia livre para treinar.

Saio do corredor das salas e espero até que a parede volte a se unir, camuflando a entrada. O corredor está vazio e silencioso, assim como metade da base deve estar, exceto pelo térreo onde os vigilantes ainda podem estar. Eu deveria subir para saber sobre a noite e possíveis acontecimentos, mas não estou com a mínima disposição para iniciar uma conversa assim tão cedo. Subo até o segundo andar e caminho até o corredor dos dormitórios masculinos, assim que entro no meu quarto me direciono até o banheiro. Dessa vez tomo um banho rápido, quero resolver algumas coisas na base ante de amanhã, já que planejo passar o dia fora.

Saio do quarto após colocar o traje e já posso ouvir os burburinhos da manhã pelos corredores. Cumprimento algumas pessoas que passam por mim durante o caminho enquanto vou até o refeitório. O refeitório não está cheio, algumas mesas ainda estão vagas, o que me dá a oportunidade de conseguir um bom lugar para tomar café. Preencho uma bandeja com várias coisas que Cleo preparou essa manhã, que apenas vê-las já faz com que meu estômago ronque.

Me sento em uma mesa um pouco afastada e vazia, mas não fica assim por tanto tempo já que Phil se senta a minha frente com sua bandeja bem montada. Ele sempre usa a desculpa de ser um treinador para as suas refeições super preenchidas.

– E aí, cara? – ele pergunta assim que se acomoda na mesa. – O que temos para hoje? Vamos invadir o território inimigo ou algo assim?

– Eu não sei você, mas eu tenho muita papelada pra rever e coisas para acertar. Hoje infelizmente não terei tempo para uma invasão ao território inimigo, mas podemos marcar daqui uns dias. – brinco bebericando o suco em meu copo. – Quais são seus planos?

– Pra falar a verdade, hoje, depois de muito tempo, não tenho nada...interessante para fazer, vamos se dizer assim. – Phil parte um pedaço de bolo e o come com prazer, soltando um gemido de satisfação. Solto uma risada após isso. – Cara, esse bolo tá divino.

– A Cleo sabe o que faz. – digo e mordo um pedaço do bolo logo em seguida, confirmando que Phil está certo sobre sua opinião ao bolo.

Meus olhos vagam pelo refeitório que agora está mais cheio e pararam em uma mesa não muito longe da minha, onde Jessy, Avril e Peter estão sentados e conversando alegremente durante o café. Peter está ao lado de Avril e ele conta alguma coisa animadamente para elas enquanto suas pequenas pernas balançam em baixo da mesa. As mulheres riem baixo do que ele conta e não preciso me questionar o que ele contou porque com certeza vale a pena.

Peter tem um certo dom de contar pequenas coisas e transformá-las em algo extraordinário. Tive a prova disso ontem quando estávamos na floresta e ele me contou sobre como ralou o joelho enquanto aprendia a andar de bicicleta. Foi algo muito simples, mas parecia algo muito especial pela forma que ele contava.

Eu nunca aprendi a andar de bicicleta. Ninguém me ensinou. Ao invés disso aprendi a atirar, porque meu pai sentia que me seria mais útil saber usar uma arma do que saber o que fazer sobre um pedaço de ferro com duas rodas e um guidon. Hoje não tenho tanta certeza disso.

Amor entre golpes - DuskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora