17.Como isso pode ser uma benção?

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P.o.v Bianca di Angelo

Havíamos chegado às cercanias de uma pequena estação de esqui aninhada nas montanhas. A placa dizia BEM-VINDOS A CLOUDCROFT, NOVO MÉXICO. O ar era frio e rarefeito. Nos telhados das cabanas, a neve se acumulava, e montes de neve suja se erguiam em ambos os lados das ruas. Pinheiros altos avultavam-se acima do vale, lançando sombras cor de piche, embora a manhã fosse de sol.

Durante o caminho eu, Zoë e Thalia seguimos na frente e Percy e Grover um pouco atrás de nós. Pensei em contar meu sonho a Zoë, mas acabei desistindo, até porque ela parecia ocupada demais discutindo com Thalia.

Eu estava congelando no momento em que chegamos à Main Street, que ficava a cerca de meia hora da linha férrea. Faltavam quatro dias para o solstício de inverno, precisávamos salvar Ártemis a tempo de ela participar do conselho de deuses, a menos que quiséssemos ajudar o ex-psicopata-maníaco-senhor-do-universo a destruir o Olimpo e junto dele a sociedade ocidental

Paramos no meio da cidade. Dava praticamente para ver tudo dali: uma escola, algumas lojas e cafés para turistas, alguns chalés de esqui e um armazém.

–Ótimo -disse Thalia, olhando à volta.- Nada de rodoviária. Nada de táxi. Nada de aluguel de automóveis. Nenhuma saída.

–Tem um café! - exclamou Grover.

–Sim - disse Zoë. -Café é bom.

–E pãezinhos - completou Grover, sonhador. - E papel encerado.

Thalia suspirou.

–O.k. Que tal vocês dois irem comprar comida para nós? Percy, Bianca e eu vamos dar uma olhada no armazém. Talvez possam nos dar informações. Combinamos de nos encontrar na frente do armazém em quinze minutos.

Eu não discuti, mas troquei um olhar de desconforto com Zoë.Dentro do armazém, descobrimos algumas coisas importantes sobre Cloudcroft: não havia neve suficiente para esquiar, o armazém vendia ratos de borracha por um dólar cada um, e não havia maneira fácil de entrar ou sair da cidade a menos que se tivesse um carro.

–Vocês podem mandar vir um táxi de Alamogordo, que fica na base das montanhas - disse o balconista, descrente.- No entanto, o carro levaria pelo menos uma hora para chegar aqui, e isso iria custar várias centenas de dólares.

Percy pareceu se compadecer com o balconista, pois comprou um dos ratinhos de borracha. Então saímos e ficamos parados na varanda de entrada.

–Maravilhoso -resmungou Thalia. -Vou andar pela rua e ver se alguém nas outras lojas tem alguma sugestão.

–Mas o balconista disse...- Percy tentou dizer.

–Eu sei - Ela o interrompeu . - Mas vou verificar, de qualquer forma.

Nos a deixamos ir (não queria que a garota nos eletrocutasse). Eu e Percy ficamos juntos, ambos constrangidos. Bem... eu acho que nunca realmente fiquei sozinha com um garoto com exceção de Nico. Quando era mais nova já tinha ouvido que deveria apenas ficar sozinha com alguém do sexo oposto se ele fosse meu marido, e agora que entrei para a caçada de Ártemis isso significaria nunca. E eu também não me sentia exatamente confortável com a presença de Percy.

Esperei que garoto desse o primeiro passo e começasse a falar, mas isso não aconteceu.

–Belo rato- falei por fim.

Ele pousou o brinquedo no parapeito da varanda.

–Então... como está sendo ser uma Caçadora até agora? -Ele perguntou. Engoli em seco e comprimi os lábios.

Di Angelo | A maldição de AtlasOnde histórias criam vida. Descubra agora