- Droga, já estou quase atrasada - percebi ao olhar para o relógio do celular que já marca seis e meia da manhã.
É sexta-feira e eu ainda tenho um longo dia de trabalho pela frente. Me formei em direito há apenas 1 ano e há seis meses trabalho como advogada no setor jurídico de uma multinacional na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Tendo conseguido estudar, me formar e trabalhar sempre com muita luta por ser de família humilde, hoje me encontro vivendo minha melhor fase, não fosse toda essa minha dificuldade com relacionamentos.
- Bom dia, Lú. Sabe se a doutora Clarisse já chegou? - perguntei para Luciana, secretária do setor.
- Bom dia, Doutora. Ainda não. Sexta-feira, sabe como é. Ela só vai chegar lá para as dez horas, isso se vier.
- Lú, para com isso de me chamar de Doutora, hein! - brinquei.
Luciana se tornou a minha melhor amiga na empresa. Desde o primeiro dia, essa mulher de quarenta e sete anos tem sido uma irmã mais velha para essa jovem advogada aqui, de apenas trinta anos. Luciana explicou cada detalhe do serviço e sabe da vida de cada pessoa da empresa como ninguém. Seria a melhor advogada do local se quisesse cursar direito, mas prefere ser a melhor secretária. Não se vê fazendo outra coisa. Gosta de trabalhar, cuidar dos dois filhos e, claro, ajudar a todos, principalmente a mim que pareço, segunda ela, ter muitos amigos, mas pouco talento com as emoções.
Por volta das dezessete horas Lu entrou em minha sala - Você vai ao bar, não vai? O pessoal está te chamando.
- Não tem como. Preciso muito acabar de fazer esse contrato e... - Fui interrompida por Lú.
- Você vai. Essa semana foi uma loucura e você precisa se distrair. É só um barzinho, nada demais! Já estou avisando a eles que você vai.
Sorri e meus olhos se fecharam. Isso sempre acontece quando eu sorrio. Dizem que tenho o sorriso largo e que meus olhos ficam cerrados quando sorrio verdadeiramente. Meus lábios são carnudos, olhos castanhos que quase sempre estão bem pequenos, principalmente quando estou concentrada ou quando bebo, claro. Meu cabelo é loiro e comprido. Não tão liso, tem algumas ondulações e quando o jogo de lado acho até que fico um pouquinho sexy. (Não, ela não tem noção do quanto é sexy). Do alto de meu um metro e setenta, muitas vezes me sinto insegura e sem graça.
- Rodrigo, para onde vamos? A Lú está me obrigando e tenho medo dela - disse ao telefone.
- Vamos a um barzinho novo perto da praia. Hoje tem chope em dobro então se prepara.
- Eu estou de carro e não estou querendo morrer hoje não, bonitão. - Respondi a Rodrigo, outro advogado recém contratado de nossa equipe. Um rapaz moreno, atlético, lindo e super simpático com todos.
Todos se encontram no estacionamento por volta de dezoito horas. Rodrigo e eu, do jurídico. Fabio, Amanda e Laís do setor administrativo. Carla do RH e a solar Alice. Sobre Alice, eu não sabia muito. Só sabia o que a Lú já havia me contado - Lú que furou a ida ao barzinho pois, como ela mesmo disse, tinha mais o que fazer.
Alice, com seus trinta anos - e carinha de 24 - era analista da área administrativa. Uma executiva brilhante e peça chave na empresa. Costumo vê-la pelos corredores entre uma reunião e outra, em negociações intermináveis ao telefone, mas sempre sorridente e solicita com todos.
- Oi, oi. - Disse a todos e fui respondida prontamente.
- Oi, Isabella. Não sabia que você também iria hoje a esse "grande" evento criado pelo senhor Rodrigo. - Respondeu Alice.
Me senti surpresa ao saber que Alice sabe meu nome. Nós duas quase nunca nos esbarramos.
- Pois é. Ao que parece é sexta e sou obrigada a me divertir - Sorri.
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Improvável - Isabella e Alice (Romance Lésbico)
RomanceQuando uma jovem advogada que vive para o trabalho e não acredita mais em relacionamentos se vê totalmente envolvida e encantada por sua colega de trabalho, uma jovem executiva que acredita em pessoa certa e no amor, grandes sentimentos podem surgir...