Fim de Festa Nem Sempre é o Fim

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Saio do lugar, deixando Alice ainda lá dentro. Caminho pelo corredor sem reparar muito no que tinha pela frente. Só consigo pensar que minha boca não dizia totalmente o que se passava em meu corpo.

Eu tive vontade de beijá-la. Muita vontade. Mas sabia que era melhor assim. Continuo caminhando, passando por Débora que está parada perto da porta principal e me olhou. Vejo seu rosto ficar mais sério quando vê meu olhar. - Está tudo bem? - Ela me perguntou de longe e eu apenas acenei que sim e continuei o caminho até a mesa. "Vou embora. Acabou o clima dessa festa".
Assim que cheguei percebi o olhar de Lu para mim.

- Você também precisou salvar a Alice?  Tadinha! - Lu não tinha entendido o que estava acontecendo. Ainda bem!

- Não. É...ela já está vindo - Peguei meu copo e tentei tirar minha cabeça daquela sala onde estava e voltar meus pensamentos para a realidade, queria tentar me distrair dessa situação.

Avistei Alice chegando à mesa e não tive mais vontade de ficar ali. Me senti irritada. "Eu não quero passar por isso. Não quero situações complicadas, não quero sentimentos envolvidos". Pensei novamente tudo isso enquanto pegava minha bolsa e me despedia de Lu apenas:

- Estou indo, Lu. Se divirta por mim!

- Mas você já vai? Ainda não são nem duas horas. Aconteceu alguma coisa?

- Não, não - Sorri para ela - Só estou cansada mesmo - A abracei - Até segunda e vê se se cuida.

- Se cuida você e, não esquece o que eu lhe disse, menina, nada de problemas.

Pisquei para Lu. Eu sei que muitas vezes esses "problemas" são inevitáveis. Me encaminhei para o portão da casa do Rodrigo. "Depois eu mando mensagem avisando que já fui". Não quis saber se Alice me viu saindo ou não, eu só queria ir embora e voltar para a simplicidade de ser só.

Cheguei ao portão e tirei o celular do bolso para chamar um Uber - "Espero que não cancele. É sempre assim a essa hora.".

- Você já vai? - Ouvi a voz de Alice atrás de mim e me virei para ela incrédula por ela ter ido falar comigo. Seu olhar era sério e meio reticente, como se estivesse com medo de estar ali.

- Vou. Quero descansar - Respondi olhando para o celular.

Alice colocou sua mão sobre meu celular e me fez olhar para ela - Isabella, eu não consigo acreditar que você seja essa pessoa que me falou. Eu entendo sua postura quanto a traição e respeito, não vamos fazer nada. Está tudo bem. Mas quanto a todo o resto...você merece ter sentimentos bons em sua vida. Eu vejo em seus olhos e nas suas atitudes com os outros que você é uma pessoa linda.

- Alice, você não me conhece. - Tentei ser grossa - Desculpa. Quis dizer que eu já fui essa pessoa boa para alguém. Hoje eu só quero ficar sozinha.

- Não acredito que você queira ficar sozinha. - Alice não parava de me olhar nos olhos e falava como se me conhecesse há muito tempo. Completou seu raciocínio - Você só não teve ainda alguém que te fizesse bem.

Somos interrompidas por Pedro que chega por trás de Alice e a abraça, a virando para ele e dando beijos em seu rosto e por último beijando seus lábios que estavam tão paralisados quanto ela - Vou pegar o carro, amor. Já volto.

- É. Parece que você não tem esse problema - Respondi com um sorriso seco em meu rosto. Notei que ela não sabia o que falar e segurei em sua mão, tentando acalma-la, por mais que eu quisesse já estar longe dali - Está tudo bem, Alice. - Senti novamente seu cheiro bem próximo e me afastei. "Eu sou mesmo uma confusão de sentimentos e atitudes. Nem eu consigo entender. Quero me afastar e ao mesmo tempo quero ouvir".

Improvável - Isabella e Alice (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora